O Brasil permanece um dos piores países do mundo em matéria de desigualdade de rendimento, com mais de 16 milhões de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza.
Os dados da organização Oxfam surpreendem. Segundo o relatório “A Distância que nos Une”, divulgado hoje, as seis pessoas mais ricas do Brasil possuem uma riqueza equivalente ao valor do património de 100 milhões de brasileiros com menos recursos. O que significa que seis pessoas têm a mesma quantidade de património que metade da população do país com menos recursos.
“O Brasil permanece como um dos piores países do mundo em matéria de desigualdade de rendimento e tem mais de 16 milhões de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza”, indicou o estudo. A organização revela preocupações com esta tendência de crescimento da desigualdade, depois do Banco Mundial do Brasil ter referido que o Brasil poderá ter mais 3,6 milhões de pobres até ao final do ano.
“É importante que a sociedade brasileira tenha em conta que estamos a construir um futuro com dois níveis: os cidadãos de primeira e os de segunda categoria. Aqueles que têm e aqueles que não têm”, disse a diretora-executica da Oxfam Brasil, Kátia Maia, à agência de notícias EFE.
Kátia Maia admite que se progrediu em matéria social nas últimas décadas, ainda assim, recorda e reforça o perigo que se vive atualmente, com a crise económica e as reformas de corte liberal levadas a cabo pela administração do presidente Michel Temer.
No Brasil “uma pessoa que recebe um salário mínimo mensal (cerca de 250 euros) precisaria de trabalhar quatro anos para ganhar o mesmo que 1% da população mais rica ganha em média num mês”, alerta a Oxfam.
“Existe uma evidente e acelerada redução do papel do Estado na redistribuição dos recursos na nossa sociedade, o que aponta para um novo ciclo de aumento das desigualdades”, adiantam as conclusões do estudo.
A desigualdade vivida no Brasil é “extrema” e, a tendência dos últimos anos mantém-se. Segundo o estudo, as mulheres só ganharão um rendimento equiparado ao dos homens em 2047 e a população negra só em 2089 terá rendimentos iguais aos da população branca. “O sistema tributário regressivo que pesa fortemente sobre a classe média e mais pobre”, a “discriminação” por raça e género e a “falta de espírito democrático do sistema político, que concentra o poder e é altamente propenso à corrupção” são os fatores das desigualdades indicados pela organização.
Para atingir o nível de desigualdade vivido atualmente no Reino Unido, o Brasil precisa de 75 anos.
Fonte: Jornal Económico
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