terça-feira, 13 de março de 2018

Más notícias nos comboios, na saúde e na justiça. Salve-se a televisão.

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Enquanto Dormia
 
Diogo Queiroz de Andrade, Director adjunto
 
 
Olá bom dia.
Afinal, a ponte de Lisboa estava longe de ser a única a sofrer com problemas de manutenção. A nossa manchete de hoje aponta para uma realidade que o país desconhecia: perto de 60% das vias férreas portuguesas tem índice de desempenho medíocre ou mau. A informação vem da Infra-estruturas de Portugal, num relatório entregue ao governo há praticamente um ano, e a investigação das nossas páginas foi feita pelo Carlos Cipriano. A greve de ontem levou à supressão de mais de mil comboios, o que ironicamente talvez tenha ajudado à manutenção das vias. Continuamos também a acompanhar o caso da Ponte 25 de Abril e aqui conferimos os detalhes das portarias que detalham as reparações. E o David pega no problema para ir mais longe, explicando que já chega de confiar na sorte.
Nas notícias matinais, vale a pena destacar já à cabeça mais duas. A primeira vem da área económica, com a revelação pelo Pedro Ferreira Esteves de que o governo conseguiu finalmente resolver o problema dobo Montepio – através de um “bónus fiscal” de 808 milhões que muda completamente as contas da dona do banco. A segunda vem da área da saúde e tem a ver com a recuperação da dependência do álcool: o medicamento que aumenta em 30% a possibilidade de tratamento do alcoolismo está esgotado desde novembro, embora se continue a vender sem problema em Espanha e esteja a causar sérios problemas a centenas de doentes. Também é importante referir que, no Diário de Notícias de hoje, vêm as contas ao aumento da criminalidade nas escolas – que em Lisboa subiu 10%, apesar de ter descido no resto do país.
Em questões de justiça, vale a pena estar atento à mudança de liderança na associação de juízes, em que o tema mais discutido tem sido o pacto da Justiça – com críticas pelo meio. Outro trabalho da Ana Henriques refere um termo que entrou definitivamente no léxico nacional, a “toupeira”, desta vez no caso dos vistos gold que envolve a Everjets. E a história da inexistente presença académica em Berkeley do vice-presidente do PSD, Feliciano Barreiras Duarte, também pode chegar à justiça – em mais um sinal de quão fascinados somos pelos nossos títulos académicos. E é também disto, e da relação dos políticos com a verdade, que fala João Miguel Tavares na sua coluna de hoje.  
A rápida volta ao mundo começa mesmo já aqui ao lado, em Itália, a que o Jorge Almeida Fernandes se dedica para explicar o fracasso do Partido Democrático e a Sofia Lorena aproveita para fazer um ponto de situação confuso e caótico do governoque pode sair da eleições do passado domingo. Ainda no continente europeu, é de destacar a acusação de Theresa May, que apontou o dedo a Vladimir Putin para o acusar da morte do ex-espião russo em Salisbury. E daqui para os Estados Unidos, onde Donald Trump insiste na sua ideia de armar os professores – servindo duplamente o lobby das armas e o negócio da morte que domina a sociedade norte-americana.
Procuremos outras leituras. A Joana Amaral Cardoso leva-nos a uma viagem a 1986, antecipando a estreia hoje na RTP da série de Nuno Markl que leva o nome do ano em que Freitas do Amaral e Mário Soares se enfrentaram na segunda volta das presidenciais – a acção decorre nessa relíquia do comércio local que se chamava videoclube, um conceito que terá de ser explicado bem devagarinho a qualquer membro da tribo sub-25. E a Aline Flor fala de outra estreia, desta vez nas livrarias portuguesas, do brilhante As Cientistas, um livro muito bem ilustrado com perfis de mulheres que mudaram a ciência e que inclui na edição portuguesa a “nossa” Elvira Fortunato. Voltando à ficção, mas ficando na ciência, destaque também para o trabalho de Jorge Mourinha sobre o filme Aniquilação, uma obra que migrou directamente para o Netflix porque seria demasiado inteligente para o grande público cinematográfico norte-americano. Depois da morte de Hubert de Givenchy ontem, deixo-lhe também o excelente perfil do criador feito a quatro mãos pela nossa equipa da Culto, Bárbara Wong e Catarina Moura. Para fecho, deixo o Bartoon de hoje – em que o Luís Afonso é ainda mais magistral do que é habitual. 
Hoje as notícias vão continuar a cair em catadupa, nós estaremos no sítio de semprepara distinguir o trigo do joio e noticiar o que vale a pena. Amanhã chegamos às bancas pela fresca e eu estarei outra vez aqui para lhe dar conta do que se passa. Até!

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