São já mais de mil as pessoas que subscrevem a petição dirigida ao Ministro da Cultura, a propósito das recentes declarações da Directora Regional da Cultura do Centro, lançada na passada quarta-feira. Profissionais das artes de todo o país, entre os quais responsáveis por dezenas de instituições culturais, e centenas de outros cidadãos repudiam a ideia de que o financiamento público da criação artística seja um “incómodo” para a Administração Central, conforme declarou Celeste Amaro há cerca de uma semana.
O documento tornado público na passada quarta-feira, intitulado “A propósito das declarações da Directora Regional da Cultura do Centro: apelo ao Ministro da Cultura” foi já subscrito por mais de um milhar de pessoas e continua a recolher assinaturas na plataforma online em que foi divulgado
Entre os signatários estão dramaturgos, encenadores, actores, produtores, cenógrafos, técnicos de palco, gestores de equipamentos culturais, artistas plásticos, estudantes e professores do ensino artístico e muitos outros cidadãos sem ligação directa à criação artística. Em uníssono, repudiam as declarações feitas pela actual Directora Regional da Cultura do Centro, que, no dia 2 de Março, em Leiria, considerou que as entidades que solicitam financiamento público são um incómodo para o Estado: “Vim cá a Leiria porque, por incrível que pareça, não me pediram dinheiro. Como é possível? Ainda por cima na área do teatro! Foi algo que me tocou bastante. É uma lição de como um grupo de teatro profissional, com três atores, que se dedica de corpo e alma ao seu trabalho, vive sem pedir dinheiro, não incomoda a administração central”.
No texto que dirigem ao responsável pela pasta da Cultura, os signatários consideram estas declarações “inusitadas”, contraditórias “com o espírito e a letra da Constituição e do programa do actual Governo” e “insultuosas” para “os cidadãos, que são os principais beneficiários das políticas públicas de cultura no nosso país”. Em consequência, afirmam que “a Dra. Celeste Amaro não tem condições para continuar no cargo” e apelam ao Ministro da Cultura “para que aja, em conformidade e com urgência”.
O "Manifesto em Defesa da Cultura", que em conjunto com mais 100 subscritores iniciais tomou a iniciativa de redigir e divulgar este texto, regista a disponibilidade entretanto manifestada publicamente pelo Ministro da Cultura para responder “com a maior atenção” às questões levantadas por esta petição. Mas declara a sua preocupação pelo facto de o mesmo responsável ter afirmado, numa primeira reacção, que as declarações em causa não lhe parecem “ter a gravidade que lhes estão a atribuir”.
O Manifesto em Defesa da Cultura reitera o conteúdo da petição e solicita ao Ministro da Cultura que atente na representatividade – regional e nacional – da lista de subscritores daquele documento.
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