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Direção-Geral da Saúde analisou as 26 mortes maternas ocorridas em 2017 e 2018 e divulgou agora os resultados.
Doenças graves em mulheres jovens e gravidezes depois dos 35 anos foram os dois padrões fundamentais encontrados numa análise da Direção-Geral da Saúde (DGS) às 26 mortes maternas ocorridas em 2017 e 2018, revelada esta quinta-feira.
A DGS registou 15 mortes em 2018, 11 em 2017, com a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, a referir que "existe uma certa estabilidade" nos números que "são pequenos".
Para fazer a análise das causas das 26 mortes, uma equipa de médicos deslocou-se em junho e julho aos hospitais para, "com todo o sigilo e respeito por estas mortes", analisar os processos clínicos, disse Graça Freitas, que apresentou as conclusões da análise aos óbitos maternos ocorridos em 2017 e 2018.
"Feita toda a análise estatística encontraram-se dois padrões muito importantes: Mulheres que engravidam depois de 35 anos e mulheres relativamente jovens ou mesmo jovens, mas portadoras de doenças graves", salientou.
De acordo com a diretora-geral da Saúde, o padrão das mulheres mais velhas já era conhecido. "Estas mulheres têm uma característica interessante em relação às outras. Habitualmente levam a gravidez até ao termo e bastantes destes óbitos ocorrem depois do puerpério", que é contabilizado até 42 dias após o parto.
O outro padrão, que constitui uma "novidade epidemiológica", tem a ver com mulheres relativamente jovens ou mesmo jovens, mas portadoras de doenças graves e que, entretanto, engravidaram e morreram durante a gravidez, adiantou Graça Freitas.
"Algumas destas pessoas nem sabiam que estavam grávidas"
De acordo com a diretora-geral da Saúde "algumas destas pessoas nem sabiam que estavam grávidas e tudo ocorreu quando deram entrada no hospital com uma complicação de uma doença de base que já tinham", como cancro, hipertensão, doenças hemorrágicas, doenças tromboembólicas ou doença pulmonar obstrutiva crónica.
Cerca de 40% dos óbitos foram de mulheres mais velhas e a grande maioria dos casos ocorreu em hospitais públicos.
"Sendo a maior parte das mulheres seguidas no público e sendo para onde o INEM habitualmente as conduz, a grande maioria destes partos ocorreu no Serviço Nacional de Saúde, sendo que cinco destas mulheres tiveram morte no domicílio", revelou.
Graça Freitas referiu que os 26 casos são muito dispersos pelo país, dois ocorreram na Madeira em 2018.
Questionada sobre se uma eventual degradação dos cuidados de saúde poderia ter alguma influência nestas mortes, afirmou que "tudo indica que [as mulheres] foram bem seguidas e acompanhadas".
Relativamente aos óbitos ocorridos em 2019, Graça Freitas disse que há uma contabilização provisória que precisa de ser validada, mas que "serão da mesma ordem dos anos anteriores".
É preciso "adaptar os cuidados e melhorá-los"
A diretora-geral da Saúde defendeu ainda que, "a partir deste conhecimento aprofundado, que ultrapassa a vigilância epidemiológica", é preciso "adaptar os cuidados e melhorá-los sempre em função desta realidade".
Além da literacia, com a realização de campanhas para que estas mulheres estejam alerta para o seu estado, o "grande apelo" das autoridades de saúde é dirigido aos médicos assistentes destas mulheres, aos cardiologistas, aos internistas, aos médicos de família, aos enfermeiros.
Estas mulheres têm de ser informadas do risco que correm se engravidarem, incluindo de mortalidade" e "têm de ser encaminhadas para consultas pré-concepcionais, incluindo as de planeamento familiar", sustentou.
No caso de engravidarem, devem ser referenciadas de imediato para consultas de alto risco em meio hospitalar e serem seguidas por equipas multidisciplinares.
"O parto terá de ocorrer de acordo com o seu nível de gravidade e têm de ser acompanhadas depois do parto porque algumas delas morreram no puerpério", advertiu.
Segundo Graça Freitas, "são fenómenos que estão para durar" e são comuns a todos os países desenvolvidos.
No futuro, anunciou, vai ser criada uma comissão de acompanhamento, bem como sistemas de alerta para quando ocorre uma morte materna e os médicos vão voltar a ser incentivados para preencher um inquérito epidemiológico quando ocorre um caso.
"Temos de perceber se a comunicação entre os prestadores de cuidados e estas mulheres está a fluir", rematou.
Lusa
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