Perante as garantias de transparência que existem em todo o processo eleitoral em Moçambique, desde partidarização de todos órgãos eleitorais do topo à base até observação eleitoral, que este ano foi realizada por 42.919 observadores nacionais e estrangeiros, o Conselho Constitucional (CC) não entende porque é que “há ainda quem afirme que os nossos processos eleitorais enfermam de problemas” e questionou “onde residem os problemas dos nossos processos eleitorais”.
O presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Abdul Carimo Sau, deixou o julgamento sobre a “liberdade, da justeza e da transparência” das Eleições Gerais e Provinciais do passado dia 15 de Outubro para o Conselho Constitucional.
Lúcia Ribeiro, e os restantes seis juízes do CC, não responderam ao repto contudo fizeram questão de recordar, na passada segunda-feira (23), as garantias de “transparência e segurança” que as reformas realizadas à legislação eleitoral, desde a de 1999, tem conferido às Eleições em Moçambique.
No Acórdão de Validação e Proclamação de mais uma vitória do partido Frelimo e da reeleição de Filipe Nyusi o CC lembrou que a transparência inicia com a partidarização da CNE e do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral do topo à base, para o pleito deste ano os partidos políticos com assento parlamentar “indicaram todos os membros a que têm direito nos órgãos eleitorais, sendo 2.077 (dois mil setenta e sete) da Frelimo, 1.392 (mil trezentos e noventa e dois), da Renamo e 692 (seiscentos noventa e dois) do MDM”.
Além disso todos os concorrentes às eleições podem indicar delegados de candidatura para funcionarem junto das mesas das assembleias de voto, mandatários de candidatura para os níveis de apuramento distrital e provincial e mandatário nacional para o apuramento central.
Para as 6ª Eleições Gerais e 3ª Provinciais o partido Frelimo indicou 39.892 delegados, o partido Renamo 31.260, o MDM 22.256, o partido AMUSI 7.103, o PODEMOS 977, a Nova Democracia 900 e o PJDM 259 levando o CC a constatar “que, dos 27 (vinte e sete) partidos políticos e coligações de partidos políticos concorrentes às eleições presidenciais, legislativas e das assembleias provinciais de 15 de Outubro, somente a Frelimo, a Renamo e o MDM indicaram delegados de candidatura em todas as províncias. A Província de Nampula constitui uma excepção à regra, visto que os partidos Frelimo, Renamo, MDM e AMUSI indicaram todos igual número de delegados de candidatura 7.043 (sete mil quarenta e três)”.
Gerais de 2019 tiveram 42.919 observadores nacionais e estrangeiros e 3.263 jornalistas
Destes factos, o Conselho Constitucional forma a convicção de que, sendo livre a indicação dos delegados de candidatura pelos concorrentes e partidos políticos, cada partido optou por designar delegados para os locais ou círculos eleitorais que considerou preponderantes. A falta de indicação dos delegados de candidatura pelos partidos políticos, apesar de ser livre, pode comprometer qualquer possibilidade de apresentação de recursos eleitorais assentes em provas concretas sobre o processo de apuramento dos resultados, pois se o partido não designou delegados às mesas de votação não terá elementos necessários e decisivos para sustentar qualquer tipo de recurso jurisdicional, quer ao nível dos distritos, quer ao nível do Conselho Constitucional”, asseverou a juíza Lúcia Ribeira durante a proclamação dos vencedores das eleições de 15 de Outubro.
O CC recordou também que a transparência foi garantida através da observação eleitoral que este ano registou o recorde de 42.919 observadores nacionais e estrangeiros, comparativamente aos 3.637 de 2014. “Dos 3.530 (três mil e quinhentos e trinta) observadores nacionais nas eleições presidenciais, legislativas e das assembleias províncias de 2014 evoluiu-se para 42.382 (quarenta dois mil e trezentos oitenta e dois) observadores nacionais e dos 107 (cento e sete) observadores internacionais em 2014, o crescendo em 2019, é de 537 (quinhentos e trinta e sete)”.
O Constitucional salientou ainda a transparência eleitoral garantida através da comunicação social que registou “em todo o território nacional 3.263 jornalistas, sendo 3.160 nacionais e 103 estrangeiros. Comparativamente, nas eleições gerais de 2014 participaram apenas 575 jornalistas nacionais e 31 estrangeiros”.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
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