segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

“Queremos difundir a fé católica, falar a verdade, seguir Jesus”

É importante uma luta de viseira erguida e em campo aberto, em defesa dos Mandamentos Divinos e da Santa Igreja; sair às ruas para testemunhar a fé, proclamar as ideias e posições autenticamente católicas.
Um dos fatos mais relevantes de 2019 foi o Sínodo Pan-Amazônico, que entre seus muitos desatinos praticou rituais idolátricos à pachamama em algumas igrejas romanas, inclusive nos jardins do Vaticano. No contexto daquela assembleia de bispos, inesquecível foi o corajoso gesto de um católico austríaco de 26 anos, sobre o qual a mídia mundial se viu obrigada a voltar seus holofotes. A notoriedade do jovem católico Alexander Tschugguel [foto] provém sobretudo de ter ele retirado os ídolos pachamama da igreja Santa Maria em Traspontina, jogando-os em seguida no rio Tibre (vide nossas edições de dezembro/2019 e janeiro/2020). Através desse destemido ato de amor de Deus, ele fez em nome de todos os católicos uma reparação a Nosso Senhor Jesus Cristo e à Sua Mãe Santíssima, ultrajados pelos sacrílegos cultos à “deusa” pagã em lugares sagrados, que haviam sido conspurcados e profanados.
 O colaborador de Catolicismo nos Estados Unidos, James Bascom (diretor adjunto do escritório da TFP em Washington), obteve para nossa revista esta entrevista exclusiva. Entre os diversos comentários interessantes de Tschugguel, figura o relato de sua conversão do luteranismo para o Catolicismo aos 15 anos. Nesta entrevista ele relata também alguns detalhes dos fatos que o levaram a praticar em Roma aquele ato digno de ser imitado.
Originário do Tirol do Sul, a família de Alexander Tschugguel vive em Viena desde o início do século XX. Recentemente fundou na capital austríaca o Instituto São Bonifácio, uma organização que luta pela cultura católica. É conhecido também por participar da organização da Marcha pela Família na Alemanha, e da Marcha pela Vida na Áustria.
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Catolicismo — O senhor é convertido à fé católica. Poderia nos dizer o que o levou à conversão?
Alexander Tschugguel — Minha conversão ocorreu em 2009, quando tinha 15 para 16 anos. Pensei muito sobre o Cristianismo, e pude perceber que a igreja protestante não respondia às minhas perguntas. Certa vez, o professor de religião protestante nos mostrou um pedaço de papel impresso por uma igreja católica local, no qual se explicava a possibilidade de receber indulgências no Dia de Finados. E depois nos disse: “Vejam! A Igreja Católica está vendendo indulgências como nos tempos de Martinho Lutero!”.
Eu não gostava desse professor, por ele ser esquerdista, e comecei a estudar mais sobre a religião católica. Nessa ocasião eu já estava interessado em conhecer a Igreja. Depois de conversar com uma colega de classe que é católica, e com outros amigos, todos me disseram que, se eu quisesse aprofundar-me sobre a Fé Católica, precisaria conhecer um sacerdote.
Liguei então para a igreja católica local e me encontrei com o padre. Eu tinha muitas perguntas sobre o papado e os diferentes aspectos da religião católica. Ele respondeu muito bem a todas as minhas perguntas. Eu não conhecia isso na igreja protestante, e fiquei realmente feliz, pois na Igreja Católica podemos encontrar respostas para nossas dúvidas e perguntas. Este foi o primeiro passo.
O sacerdote me deu um livro sobre a fé católica, bastante bom, escrito por um austríaco. Li o livro, tudo pareceu muito lógico, e então decidi me converter. Ao falar com os meus pais, de início eles ficaram um tanto aborrecidos, mas acabaram por me dizer que, se de fato era o que eu desejava, eles me apoiariam. Realmente me apoiaram, o que me deixou muito feliz. Minha conversão se deu no dia 15 de junho de 2009, uma semana antes do meu décimo sexto aniversário.
Catolicismo — E sua família, terminou também por se converter?
Alexander Tschugguel — Sim. Meus irmãos e meus pais são agora católicos, pois todos se converteram nos últimos 10 anos.
Catolicismo — Consta-nos que o livro “Revolução e Contra-Revolução”, do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, teve papel importante em sua vida.
Alexander Tschugguel — Ele desempenhou um papel mais tarde. Eu me converti em uma paróquia onde a Missa era celebrada de modo tradicional, mas no rito novo, posterior ao Concílio Vaticano II. Com a minha conversão, finalmente entendi que isso não bastava; pois a visão católica do mundo é tão integral e fantástica, que comecei a entender muitas outras coisas acontecendo no mundo.
Fui a uma maravilhosa conferência organizada por um amigo meu, e nessa conferência aprendi muitas coisas sobre a teoria católica do Estado, Filosofia, História, e assim por diante, e fiquei realmente impressionado. A essa altura, conheci alguém que agora é um dos meus amigos mais próximos. Ele conhecia a TFP e os livros do Prof. Plinio, e me disse que eu deveria lê-los. Comecei a estudá-los quando ainda tinha 16 anos. Isso mudou completamente toda a minha visão de mundo, deu uma estrutura à minha visão. Fiquei muito feliz com o livro Revolução e Contra-Revolução. Eu o li uma vez em alemão e outra em inglês. A edição alemã é boa, a inglesa é maravilhosa, realmente fantástica. Fiquei muito feliz ao ler as palavras do Prof. Plinio. A partir de então, tive contato próximo com a TFP em Viena, e li outros livros do Prof. Plinio, que me transmitiram sempre muito boa compreensão das coisas.
Catolicismo — Seu catolicismo sempre foi de caráter militante e tradicional?
Alexander Tschugguel aplaudido pelo público presente no escritório da TFP em Washington
Alexander Tschugguel — No começo não foi assim. Fiz o melhor que pude para estudar e aprender sobre a Fé. Acabei por descobrir o latim e todos os ensinamentos tradicionais da Igreja. No primeiro aniversário de minha conversão, meu pároco celebrou uma missa tradicional para mim. De início eu não entendia do que se tratava. Demorei algum tempo para isso, porque tive que entender Nossa Senhora, a estrutura e a hierarquia da Igreja, a tradição católica, e fui até coroinha na Missa do rito novo. Mas depois de alguns anos, principalmente com a ajuda desse amigo e também da TFP, entendi e decidi começar a frequentar a Missa tradicional; e depois de algumas vezes, gostei muito.
Vi que a fé católica sempre pede ação, porque Cristo pede ação. Ele diz que se alguém quiser segui-Lo, negue-se a si mesmo, pegue sua cruz e siga-O. Negar-se a si mesmo é um ato muito difícil, na verdade, especialmente se a gente está no mundo moderno, onde muitas pessoas se negam a si mesmas da maneira oposta, negam a sua própria existência biológica. Não se trata de negar a si mesmo como um modernista, significa ver que a gente tem uma natureza decaída; e que, portanto, devemos realmente viver de acordo com as palavras de Deus e com o plano de Deus. Entendi igualmente que para o católico só existe um caminho, um modo de seguir a Cristo; e seguir a Cristo significa lutar, seguir a Cristo significa sacrificar-se. Para isso precisamos de todas as virtudes. Essa é a razão pela qual a Igreja Católica sempre ensinou a necessidade de sermos virtuosos, termos coragem, sabedoria, e assim por diante. Penso que não há como ser católico sem ser ativo na luta por Deus e pelos Mandamentos divinos.
Catolicismo — Qual o papel da nobreza e da aristocracia na luta?
Alexander Tschugguel — Na Áustria temos livros magníficos sobre os santos e heróis austríacos, como o Príncipe Eugênio de Sabóia e Andreas Hofer; e nossos santos padroeiros, como São Leopoldo e São Luís IX. Eles me inspiraram muito. Devo dizer que toda biografia de um santo, especialmente dos tempos antigos, me entusiasma muito, pois se pode ver que eles estavam sempre prontos para sacrificar tudo. Atualmente comecei a participar e organizar palestras sobre esses temas candentes de discussão. Cruzadas, queima de bruxas, todos os “clichês” que normalmente ocorrem hoje numa discussão. Temos muitos bons historiadores na Áustria, e pudemos organizar grandes eventos. Com esses temas o resultado foi surpreendente.
Entendi que, se olharmos atentamente para a História — não para aquilo que se quer ver, mas para o que realmente aconteceu —, se tentarmos ler a História assim, entenderemos essa universalidade da Igreja Católica [católico significa universal]. A universalidade do Catolicismo realmente se tornou clara para mim.
Então podemos entender o que é aristocracia, o que é o sacerdócio, o que é a maternidade, o que é a paternidade, o que é o sacrifício, pois tudo faz parte da mesma ordem. Nosso objetivo não é fazer uma carreira no sentido moderno, mas seguir o plano que Deus tem para nossa vida, e sempre podemos confiar que Deus tem o plano perfeito para nossa vida. Não é nossa missão permanecer no mesmo lugar. Nossa obrigação é ficar onde Deus quer que estejamos. É isso que faz a mente aristocrática, e significa que nos tornemos capazes de cumprir o papel que Deus nos deu, seguindo seus Mandamentos, sacrificando tudo e nos colocando por último. Daí advêm todas as outras coisas, passando para os filhos na família, e a responsabilidade de ajudar os que estão abaixo de nós.
As pessoas que têm uma alta missão precisam, em decorrência da natureza humana decaída, de privilégios para poderem cumprir bem o seu dever. Por exemplo, imagine o Santo Padre lavando diariamente a louça que usa. Seria errado, pois o dever dele é realizar um trabalho tão importante, que devemos aliviá-lo de incumbências ao alcance de qualquer outro. É o mesmo com a aristocracia, mas também com o pai e a mãe, com as autoridades constituídas. Coisas como a luta de classes não existem aí. Todo mundo tem um dever, todo dever tem seu lugar, sua importância. O talento que Deus nos der para o cumprimento desse dever será o talento adequado. Isso é uma coisa que não existe na maneira socialista de pensar, na sociedade sem classes.
Catolicismo — O senhor participou em Roma, antes do Sínodo Pan-Amazônico, do evento organizado pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira. O que o levou a participar?
O entrevistado com alunos da Academia da TFP norteamericana
Alexander Tschugguel — O evento do Instituto estava no meu calendário havia meses, pois eu queria ir a Roma no início do Sínodo a fim de ver o que realmente estava acontecendo. Recebi dois convites, um do Instituto e outro de Voice of the Family. A VOTF fez uma espécie de “mesa redonda”, na qual muitos jornalistas e outros que conhecemos do mundo católico falaram sobre o Sínodo. A conferência do Instituto foi maravilhosa, porque todos os aspectos do Sínodo foram tratados por especialistas. Por exemplo, houve um indígena brasileiro que, como indígena, falou contra o Sínodo e a favor do desenvolvimento; e também contra manter os índios em uma espécie de “zoológico humano”. Ouvi igualmente o discurso de um jovem que explicou como um grupo de estudantes viajou pela região amazônica, obtendo muitas assinaturas para uma petição contra o Sínodo. Se receberam muitas assinaturas, é porque muitas pessoas estavam do lado deles.
Para mim, esse evento foi uma prova de que foram divulgados sobre o Sínodo conceitos distantes da realidade; e também o que os participantes dele diziam sobre a região amazônica não corresponde à realidade. Às vezes se referiam a fatos errados (diríamos normalmente que se tratava de mentiras), mas não quero acusá-los de mentir, pois não sei de onde eles tiraram aqueles fatos. Isso foi muito importante, pois me deu 100% de clareza quanto ao que devo pensar sobre esse Sínodo, e me levou à conclusão de que o mesmo tinha um projeto político, um projeto não católico.
Com efeito, o Sínodo teve principalmente fins políticos. Os problemas religiosos [sobre o celibato sacerdotal etc.] já foram respondidos pela Igreja há vários séculos. Até João Paulo II abordou essas questões sobre a família, o sacerdócio, e assim por diante. Eles tentam colocar isso de novo agora, procurando nos dizer: “Sim, deve permanecer o mesmo, mas a região amazônica é tão especial, que nela existem outras regras”.
Sabemos perfeitamente que, se houver outras regras lá, haverá também para o resto do mundo, pelo fato de existir apenas uma Igreja universal, e esta pode ter apenas uma Lei universal. E se essa Lei for mudada num lugar, será mudada também em âmbito universal. Todo mundo sabe disso.
Catolicismo — O ídolo de “pachamama” venerado com laivos de adoração no Vaticano e levado depois para a igreja de Santa Maria em Traspontina, chocou todo o mundo católico. O que o senhor pensou quando soube disso, e como tomou a deliberação de lançar aquelas estátuas no rio Tibre?
“Entrei na igreja Santa Maria em Traspontina, peguei as estátuas [da “pachamama”], levei-as ao rio Tibre e ali as jogamos, como se pode ver no vídeo filmado pelo meu amigo”
Alexander Tschugguel — Soube dessas estátuas quando ouvi falar sobre o ritual no jardim do Vaticano. Assisti ao vídeo e vi como eles se curvaram diante delas, plantaram uma árvore e cantaram canções estranhas, enquanto a xamã, com um chocalho, dizia palavras estranhas. Eu me encontrava em Roma naquela ocasião. Fiquei com tanta raiva, que queria ir lá apenas para cortar a árvore, mas isso não seria fácil. Tentei aprofundar-me mais no conhecimento dessas estátuas, pesquisei, conversei com muitas outras pessoas, e descobrimos que elas representam uma “deusa” indígena chamada “pachamama”, que significa “mãe terra”. Portanto, era algo definidamente pagão. Como sabemos, Deus é Todo-Poderoso, Criador da Terra, mas a Criação não se confunde com o Criador. Este é um erro pagão muito antigo. Os romanos, por exemplo, tinham uma deusa para cada porta e cada quarto. Agora é a mesma coisa, eles apenas dizem: Essa é uma deusa da terra, e sempre que fazemos algo contra a terra, pedimos a ela que perdoe a nossa culpa.
Pensei logo em tirar aquelas estátuas da igreja. Visitei a igreja duas vezes — uma com a minha esposa e outra com um amigo. Nessa igreja, vi as estátuas com os voluntários em torno dela, e perguntamos o que elas significavam. Conversaram conosco sobre temas políticos, explicaram também que não era possível batizar pessoas ali, e assim por diante. Fiquei realmente chocado. Eles me disseram ainda que as estátuas representam a “ecologia integral”, muito em voga atualmente, e que todas as árvores têm valores iguais aos dos seres humanos. É difícil de explicar ou de entender, mas eles querem tratar a Terra como um ser humano.
Conversei com eles duas vezes, uma em inglês e outra em português, tendo como intérprete meu amigo, que fala português. No final, ambos chegamos à conclusão de que aquelas estátuas constituem uma ofensa a Deus. Por quê? Porque os católicos estão se curvando diante delas, e isso é contra o Primeiro Mandamento: “Não se curvem a nenhuma imagem esculpida”. Mas elas estavam sendo permitidas, e lá estavam no altar lateral da igreja.
Quando regressei a Viena, conversei com amigos, rezei e rezei. Meu amigo queria me ajudar, ligou e me perguntou: “Você ainda quer fazer isso?”. Respondi: “Sim, na verdade eu quero fazer isso”. E ele concordou: “Então vamos lá”. Perguntei à minha esposa, e ela disse: “Sim, concordo, mas você precisa perguntar a um sacerdote”. Perguntei a um padre de posição tradicional muito boa, e ele me incentivou: “Sim, você deve fazer isso, é bom”. Perguntei ao meu amigo se ele estava disposto a ir e filmar, e ele imediatamente concordou. Fomos então para o aeroporto, compramos as passagens e voamos para Roma. Lá chegando, dormimos durante algumas horas. E no início da manhã, quando as portas da igreja deveriam se abrir (o que só aconteceu mais tarde, às seis e meia), já estávamos lá na frente. As portas da igreja ainda estavam fechadas, e decidimos rezar o Terço caminhando nas adjacências. Quando a última Ave-Maria foi rezada, as portas da igreja se abriram, e dentro dela havia apenas quatro pessoas: três preparando a Missa, e uma rezando o Terço. Entrei, peguei as estátuas, levei-as ao rio Tibre e ali as jogamos, como se pode ver no vídeo filmado pelo meu amigo.
Catolicismo — O senhor permaneceu anônimo por alguns dias, e só depois divulgou sua identidade ao mundo. Por que agiu assim?
Alexander Tschugguel — De início eu queria permanecer anônimo, pois desejava que as pessoas falassem sobre o fato, e não sobre quem o realizou. Queríamos apenas acompanhar, para saber se as pessoas o entendiam na perspectiva correta ou não. Vimos que começaram a circular rumores e suposições errôneas sobre os nossos motivos e objetivos, por isso decidimos sair a público e explicar por que o fizemos, para dar um rumo certo à discussão.
 Não sou bom para manter as coisas em segredo, e algumas pessoas ao meu redor já sabiam quem tinham sido os autores. Cheguei também à conclusão de que, como católicos, temos que lutar de viseira erguida, em campo aberto, como dizemos em alemão: mit offenem Visier. As pessoas devem e nós, como católicos, devemos estar prontos para sair às ruas e nos tornarmos conhecidos por nossas posições. É bom sair e bradar, porque o Santo Padre precisa ver que nós, como fiéis, não queremos que ele caminhe na direção errada. É ruim para ele, é ruim para a Igreja, e é ruim para os próprios Padres sinodais. Queremos difundir a fé católica, falar a verdade, seguir a Jesus.
Catolicismo — Suas ações deram voz a inúmeros católicos do mundo inteiro, que ficaram muito perturbados com a “pachamama”, o Sínodo sobre a Amazônia, a Teologia da Libertação etc. O senhor recebeu manifestações de apoio? E de hostilidade?
Alexander Tschugguel promoveu no dia 30 de novembro de 2019, diante da Catedral de Santo Estêvão, um Rosário em reparação por um show pró-LGBT que se desenrolava no interior dessa catedral.
Alexander Tschugguel — Na verdade, recebi principalmente incentivo, a maioria das pessoas entendeu por que eu fiz isso. Sentiram-se aliviadas e muito felizes com o acontecido. Portanto, foi muito importante gravarmos esses vídeos e explicar nossa ação, para que as pessoas não pensassem que agíamos contra o Papa ou contra a Igreja, pois isso eu não faria nunca. Pouquíssimos tiveram a lealdade de me escrever diretamente para me atacar. Nosso arcebispo e cardeal [Christoph Schönborn] disse que isso era ruim, que o Santo Padre pediu desculpas às pessoas ofendidas por minha ação. Tentei filtrar as críticas: É alguém que critica o que eu fiz ou é alguém que critica o fato de eu ser católico e tradicionalista? Houve pessoas que criticaram o ensino católico em geral, o fato de ser católico e de ir à Missa tradicional. Quanto a esses, não levei muito a sério. Sobre os fiéis católicos que pensaram ter sido má a minha ação, tentei localizá-las, procurando responder a todas as cartas que recebi.
Catolicismo — Depois de suas ações em Roma, o senhor fundou o Instituto São Bonifácio. Qual é o objetivo de sua organização?
Alexander Tschugguel — Instituto São Bonifácio foi fundado posteriormente. Logo que fizemos a divulgação dos nossos vídeos, vendo tantas pessoas procurarem contato conosco, dei-me conta de que precisávamos de uma plataforma para coletar os dados delas, manter contato e atraí-las para os empreendimentos. Mas concluí que não deveriam se dirigir a mim como pessoa, mas à fé católica e à tradição católica. Por isso fundamos o Instituto São Bonifácio. [É bom lembrar que São Bonifácio foi o apóstolo dos povos germânicos, tendo na sua história a derrubada de um carvalho dedicado ao deus Thor. Fato muito atual, aliás, nesta época de “ecologismo integral”].
No momento, estamos organizando uma grande conferência para maio de 2020 e outros eventos públicos. Gostaríamos de contatar todos esses católicos para que, antes de tudo, vejam que não estão sozinhos, mas com milhões de fiéis em todo o mundo. Há fé, há esperança. Imagino que muitas pessoas pensaram em sua própria fé e chegaram a um ponto de decisão. Isso é sempre bom, pois a melhor coisa que podemos fazer é seguir a Cristo. Estou contente com o que vem acontecendo no momento e espero que o trabalho do Instituto São Bonifácio continue e cresça. Temos tantas coisas para fazer agora, o meu dia inteiro está cheio de coisas para fazer, e isso é realmente bom.
Catolicismo — O senhor também está organizando comícios e protestos, utilizando-se da recitação do Rosário em público. No dia 30 de novembro o senhor promoveu um Rosário em frente à Catedral de Santo Estêvão, contra um show pró-LGBT. Pretende continuar com ações como essa?
Alexander Tschugguel — Sempre que houver necessidade de uma ação assim, pelo menos tentaremos organizar algo. Nem sempre será possível, mas nossa ideia é ser uma voz pública em defesa da fé católica, da moral católica. Não uma voz pública desrespeitosa. Pelo contrário, muito respeitosa, além de clara e fiel à fé. Pretendemos promover muitos Rosários, muitas manifestações. No entanto, nosso principal objetivo no momento é estruturar solidamente o Instituto São Bonifácio, para que no futuro possamos atuar regularmente e de maneira mais profissional. Isso requer muito trabalho, mas é o que estamos fazendo agora.
Como atualmente as pessoas estão perdendo a esperança em tudo na vida, se nós realmente procurarmos seguir a Cristo, dando o exemplo como católicos, por meio do nosso exemplo outras pessoas que não são católicas poderão ver o que lhes falta, e que existe uma alternativa para essa terrível vida modernista, a qual gira apenas em torno do dinheiro e do prazer que ela oferece. Podemos dar às pessoas uma boa alternativa, pois a realidade é o que pregamos. Podemos mostrar como as pessoas podem viver uma vida correta, e isso é algo que não lhes é dado fazer hoje em dia. Elas acham que tudo está inventado, não acreditam mais em nada. Toda vez que lhes dizemos “isso é um fato”, elas respondem: “Sim, sim, é nisso que você acredita”. As pessoas não entendem que existe uma realidade objetiva, uma verdade objetiva, regras objetivas e uma lei objetiva, que é a lei natural. Com o nosso exemplo, talvez elas possam entender novamente isso, ter esperança e ser fiéis. Poderia ser o começo da reconstrução da cultura católica europeia.
Para finalizar, gostaria de agradecer pelo trabalho que a TFP realiza. Como vocês sabem, ela é uma organização muito importante na minha vida, e tudo que o Prof. Plinio fez foi admirável. Eu já li os livros dele e recomendo a todos que os leiam.
ABIM

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