terça-feira, 3 de março de 2020

No próximo fim de semana, Ciclo de Teatro Amador com espetáculos em Vila Nova de Outil, Cantanhede, Tocha, Murtede, Sanguinheira e Franciscas



São três as estreias deste fim de semana no âmbito do Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede, neste caso com espetáculos nas localidades onde estão sedeados dos grupos cénicos, enquanto outros três cumprem a jornada de itinerância com atuações “fora de casa”.
No capítulo das estreias, no sábado, 7 de março, às 21h30, a Bombarda – Companhia de Teatro apresenta no Largo das Árvores, em Vila Nova de Outil, “Aventuras e Desventuras da 1.ª Volta ao Mundo”. Trata-se da encenação de Primer Viage Alrededor del Globo, texto original de Antonio Pigafetta que relata a odisseia de Fernão de Magalhães à frente da armada espanhola que há 500 anos realizou a circum-navegação à volta do mundo, parte dele ainda desconhecido naquela altura. A partir das palavras do cronista que acompanhou a viagem, recriam-se as personagens mais marcantes e reconstituem-se alguns dos momentos emblemáticos desse percurso controverso e difícil, perigoso e deslumbrante.

Também no sábado, às 21h30, “O Cénico dos “Esticadinhos”, de Cantanhede, sobe ao palco da sua sede para representar “Crime!... Disseram elas!...”, uma adaptação de Fernando Geria e Carla Negrão com referências da popular série televisiva. A ação tem como personagem central Duarte, um homem com vasta experiência na investigação que se instala na cidade de Cantanhede, onde rapidamente se torna num detetive privado reconhecido pela sociedade como importante figura na luta contra o crime. São vários episódios envoltos em mistério, em que Duarte tem sempre a seu lado o fiel parceiro Tó. “Uma hilariante comédia nonsense, onde qualquer coincidência com a semelhança é pura realidade!”
Igualmente no sábado, à mesma hora, o Grupo de Teatro da Tocha, da Associação Recreativa e Cultural 1.º de Maio, apresenta no salão da sua sede “A Mulher Sem Pecado”, um drama da autoria de Nelson Rodrigues, cuja teia se desenvolve em torno do excessivo e patológico ciúme que um homem sente pela segunda esposa. A sua paralisia inventada e a perseguição obsessiva são motivos para piorar a relação marital. E quando Olegário reconhece a total fidelidade da esposa, eis que a história tem um desfecho absolutamente inesperado!
Ainda no sábado, às 21h30, o grupo de teatro RTP Tinto (Resistência Teatro e Produções), de Cordinhã, atua no salão paroquial da Sanguinheira com a peça “O Tesouro do Conde”. Nesta comédia escrita por Manuel Tomé, a ação desenrola-se na época medieval, quando os mouros, que tinham acabado de invadir um Convento de Frades nos arredores de Montemor-o-Velho, procuravam um tesouro enviado pelo Rei destinado à repovoação das Terras do Conde. Aí, um frade perseguido pelos mouros acaba por se render e depois de pressionado, deixa cair o manuscrito onde consta a localização desse tesouro. Depois de várias peripécias, o documento apareceu numa gruta 900 anos depois, descoberto por dois amigos, o João Garrafão e o Zé Rolhas, que prosseguem esta verdadeira caça ao tesouro.
A jornada de sábado conclui-se com a atuação do Grupo de Teatro “As Fontes do Zambujal” no salão da Junta de Freguesia de Murtede, onde vai representar, também às 21h30, uma adaptação de “Filho Sozinho”, um drama de Francisco Ventura que propõe uma reflexão sobre as exigências da educação familiar. A personagem principal é José, que em criança só fazia asneiras, sempre com a complacência da mãe. Passada a adolescência, as asneiras passam a crimes, que persistem e vão desde o furto de um cântaro de azeite, ao roubo do dinheiro dos pais, até ao assassinato de um vizinho.
Finalmente no domingo, 8 de março, pelas 15h30, é na sede da Associação do Grupo Musical das Franciscas que Grupo de Teatro, Arte e Cultura da Associação Musical da Pocariça cumpre a sua ação de itinerância com a representação de “Frio que Faz na Cama”. Da autoria do dramaturgo António Manuel Rejez, a peça proporciona uma reflexão sobre as relações afetivas, num retrato atual e sem tabus da busca pela satisfação amorosa e sexual. As saídas possíveis quando a relação entre duas pessoas se torna monótona e a superação do desgaste parece uma impossibilidade é a questão subjacente a esta peça que aflora também o desencanto do amor por alguém que recusa ser amado.
A trama desenrola-se em torno dos problemas existentes no seio de dois casais, um que vive conjugalmente há vários anos e parece cansado da vida familiar rotineira, outro, mais jovem, que vive um relacionamento animado pelo sexo e pelo prazer imediato. Têm no entanto alguma coisa em comum: o “Frio que Faz na Cama”.

Bombarda – Companhia de Teatro
A Companhia de Teatro e Recriação Histórica Bombarda, constituída como associação sem fins lucrativos em 10 de maio de 2018, é um grupo de atores e artistas profissionais e amadores, na maioria descendente de Vila Nova de Outil, localidade desde há muito ligada ao teatro, onde a vontade de representar tantas vezes se confunde e se iguala à vontade de viver. Recriação histórica, teatro de palco, teatro de rua, animação circense, animação musical, entre outros espetáculos são certamente performances que, através da interação direta e indireta com o público, fazem com que cada momento artístico seja único e intenso, e que permite um despertar de sentimentos através da ação, em palco ou na rua, com uma grande componente lúdica. Repete pelo segundo ano consecutivo a sua participação no Ciclo de Teatro organizado pelo Município de Cantanhede.


Sobre o GTT - Grupo Amador de Teatro da Tocha
As origens do GTT – Grupo de Teatro da Tocha ninguém as sabe ao certo e também não existe nenhum documento escrito onde estejam registadas. São os elementos antigos com mais anos de casa que contam, entre as memórias que ainda surgem, os momentos mais marcantes de que há lembrança.
Os ensaios decorriam na antiga sede, localizada na Rua Dr. José Gomes da Cruz. A primeira peça foi levada à cena na década de 60, no antigo Grémio de Instrução e Recreio da Tocha, onde se realizavam os bailes (no atual café Esplanada), mas a continuidade perdeu-se.
É na década de 70, pelas mãos de Júlio Garcia Simão, encenador e antigo funcionário do Rovisco Pais, que o Grupo de Teatro ganha novo alento. Mais tarde é substituído por Américo Guímaro, que levou à cena a peça "A Forja", também encenada no Festival de Teatro de Montemor-o-Velho. É com ele que se estreia a peça "Frei Thomaz".
Segue-se novamente um período de interregno, onde apenas se fazem alguns "sketches", para em 1984 Júlio Campante, de Coimbra mas casado com a professora da escola primária da Tocha, dar uma nova dinâmica ao Grupo Amador de Teatro, que com ele começou a atuar em palcos um pouco por todo o país.
O bichinho do teatro ficou de vez, e já na sede da Associação Recreativa e Cultural 1.º de Maio da Tocha, "o salão encheu-se um punhado de vezes". A população aderia aos espetáculos e é com o Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede e a participação no certame que o grupo se revitaliza e se consolida, ficando apenas marcada por um interregno de um ano, em 2003, devido a um vazio de direção instalado, e em 2012, por doença do ator principal, Américo Romão.
O Grupo de Teatro Amador da Tocha já levou a palco diversas peças de diferentes estilos, tais como "A Casa dos Pais", "Entre Giestas", "A Mala de Bernardete", "Serão Homens Amanhã", "Há Horas Diabólicas", "As Duas Cartas", "Uma Sardinha para Três", "Terra Firme", "Frei Thomaz", levada a palco na década de 1970 e que em 2009 voltou a estar em cena, seguida de “Falar Verdade a Mentir”, “A Forja”, “O Doente Imaginário”, uma adaptação do original da autoria de Molière, “Verdades e mentiras da vida real”, um original da autoria de José Maria Giraldo, e Desejo Voraz, peça com que encerrou a 18.ª edição do Ciclo de Teatro Amador do Concelho de Cantanhede.

Sobre O Cénico dos “Esticadinhos” de Cantanhede
O Rancho Regional “Os Esticadinhos” de Cantanhede, fundado em 1935, conhecido e reconhecido pelos seus pares, mesmo além-fronteiras, de modo a construir mais uma fonte onde as suas gentes pudessem beber cultura, formou em 1985 o grupo de teatro “Os Esticadinhos”. Para a sua génese em muito contribuíram Carlos Garcia, que fazia parte da direção desta coletividade desde então, e António Francisco, conhecido por todos como “Chico Carteiro”, o qual durante anos coordenou as peças de teatro (“Culpa e perdão”; “Malditas letras”; “Deus, ciência e caridade”; “Marido da minha mulher”; “Código penal”; “como se vingam as mulheres”; “Erro judicial”; “Meu marido que Deus o haja”; “Justiça ou vingança”; “Criado distraído”; “A órfã”; “Que mulheres”; “Casa de Pais”; “Cavalheiro respeitável”; “Duas causas”; “Marido de duas mulheres”; “Filho pródigo”; “Tire daí a menina”; “Filho sozinho”; “Flor da Aldeia”; “Crime de uma mulher honesta”; “Namoro engraçado”; “Rainha Santa” e “Processo de Jesus”). A peça “Processo de Jesus” foi relevante, tendo alcançado um êxito a nível de teatro amador no concelho. Participaram quatro dezenas de personagens, elementos do grupo, bem como atores dos grupos de teatro das Franciscas, Murtede, Sanguinheira e Vila Nova de Outil. Esta peça foi a palco em todas as localidades referidas e várias vezes na cidade de Cantanhede, chegando a ser apresentada na cidade de Viseu no ano de 2000.
Em 2003 foi levada a palco a peça “Inês de Castro” encenada por Dulce Sancho.
Em 2004, passou a coordenar o grupo de teatro Carlos Pacheco, o qual encenou e levou a palco as peças “Terra Prometida”, “Está lá fora o Sr. Inspetor”, “Tá tudo Maluco”, “Hotel 69”, “Inês de Castro e Rainha Santa” e “A Sr.ª Presidenta”. Todas as peças referidas são originais escritas pelo próprio Carlos Pacheco e apresentadas no Ciclo de Teatro promovido pelo Município entre os anos de 2004 a 2011.
Por ser uma vontade da Direção do Rancho Regional “Os Esticadinhos” e umas valências de grande importância para dar de beber cultura e lazer, em 2016 foi ativado o grupo de teatro, do qual é responsável Fernando Geria, tendo reunido um grupo de voluntários maioritariamente “esticadinhos”, movidos pelo “bichinho do Teatro”.

Sobre RTP Tinto (Resistência Teatro e Produções)
A Associação Cultura e Recreativa de Cordinhã foi formalmente constituída a 18 de outubro de 2019, tendo por objeto estatutário a promoção e divulgação de atividades socioculturais, a formação artística de jovens e seniores, a produção de eventos e objetos artísticos, a produção e edição de trabalhos nas áreas do teatro e do cinema e a defesa do património cultural de Cordinhã. O Grupo faz a sua estreia no Ciclo de Teatro com a apresentação de um original de Manuel Tomé, diretor da coletividade.

Sobre o Grupo de Teatro As Fontes do Zambujal
O Grupo de Teatro “As Fontes do Zambujal” foi constituído em 1996. A sua designação é uma referência às quatro fontes de origem romana que existiram no Zambujal, designadamente Fonte de Rodelos, Fonte Má, Fonte Perto e Fonte Seca.
As raízes desta formação teatral podem ser encontradas em 1954, mais precisamente em 27 de maio, data em que foi fundado um agrupamento com o nome “Viva O. R. Zal” (Viva o Rancho do Zambujal). A iniciativa partiu de alguns indivíduos da comunidade que pretendiam desenvolver atividades de lazer para preencher os seus tempos livres, assim como manter vivas a tradição e a autenticidade dos trajes, danças e cantares do Zambujal.
Depois de uma interrupção de alguns anos, o Grupo retomou o seu funcionamento em 1992, sob a nova designação de Grupo Folclórico “Os Malmequeres do Zambujal”. Em julho de 1995, passou a integrar a Associação Juvenil do Zambujal e Fornos, mais precisamente a sua secção de folclore, e em 1996 filiou-se no INATEL.
É nessa mesma altura que surge o Grupo de Teatro “As Fontes do Zambujal” que inicia um trabalho de produção teatral regular apresentando uma a duas peças anualmente, por altura da quadra natalícia e participando no Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede, desde a sua primeira edição.
Em 1998, faz a sua primeira apresentação fora da terra, mais precisamente nas Franciscas, no âmbito do I Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede, com as peças “Falar Verdade a Mentir” e “O Senhor”. No ano seguinte faz um périplo por várias localidades do Concelho de Cantanhede com as produções “O Céu da Minha Rua” e “Terra Firme”.
A peça que ensaiou e apresentou de seguida, no Natal de 2000, a comédia em três atos “Dois Maridos em Apuros”, constituiu-se como um grande sucesso perante o público, sendo apresentada igualmente no Ciclo de Teatro de Cantanhede do ano seguinte. Em dezembro de 2001 esta formação teatral apresentou a comédia “O Padre Piedade”, que também apresentou no Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede, em 2002.
Desde o início da sua atividade que cabe a Dinis Fatia, atualmente Presidente da Assembleia-Geral e Coordenador do Grupo de Teatro, escolher as peças a serem apresentadas, bem como distribuir os diferentes papéis pelos atores, atendendo sempre às características e capacidades de cada um. É também o autor dos cenários, passando largas horas a pintar as imagens que servem de fundo à atuação dos atores.

Sobre o Grupo de Teatro, Arte e Cultura da Associação Musical da Pocariça
O teatro na Pocariça remonta ao ano de 1895, quando começaram a ser feitas várias representações por um grupo de amadores de Coimbra. Um dos elementos deixou o grupo e decidiu organizar uma sociedade dramática, apenas constituída por amadores da Pocariça, que foi designada de Recreio Artístico. Apesar da saída de alguns membros do Recreio Artístico pouco depois da sua fundação, o agrupamento ainda subiu ao palco em fevereiro de 1896.
Em 14 de julho desse mesmo ano nasceu outro grupo de teatro amador, que foi batizado de Sociedade Dramática Pocaricense e que teve a sua estreia com a peça “Os Milagres de Santo António”.
Um novo grupo dramático foi constituído em 1909 com o objetivo específico de angariar fundos para a construção de uma casa de teatro na Pocariça. Constituído exclusivamente por elementos da localidade, este grupo exibiu as primeiras peças em abril, como a opereta intitulada “Canto Celestial” e outras peças, entre as quais um original de José Gomes Lopes, intitulado “Milagres de Amor”, o mais recordado de todos. Com a receita destas peças e com o produto de uma subscrição pública foi possível instalar um palco, camarins, vários cenários pintados e ainda pano de boca de cena.
Em abril de 1914 foi representada a última récita, uma vez que, pouco tempo depois, o prédio teve novo dono e desapareceu assim o “passatempo” de representar peças teatrais.
O Grupo Cénico da Pocariça surge já na década de 1950, sob orientação de Mário Pereira da Silva. Aí se revelaram nova vaga de atores amadores de grande vocação artística.
Para manter viva esta tradição ligada ao teatro amador, foi criado em 2000 o Grupo de Teatro, Arte e Cultura, no seio de outra coletividade de referência, a Associação Musical da Pocariça. A inspiração para este grupo está ligada ao trabalho artístico da atriz de teatro musical que conquistou fama a nível internacional, Auzenda de Oliveira, nascida na Pocariça em 1888.
O Ciclo de Teatro Amador do Concelho de Cantanhede, organizado pelo Município, serviu também de pretexto para trazer de volta a atividade teatral e de lhe dar um caráter sistemático e regular.
“Saudades da minha Terra” foi o primeiro êxito desta formação mais reduzida, mas também a opereta “Entre Duas Avé Marias”, peça dos anos 1950, ajudou a cimentar a reputação deste coletivo.
O Grupo participa ininterruptamente no Ciclo de Teatro Amador do Concelho de Cantanhede desde a sua 4.ª edição em 2001-2002.



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