O sangue ainda não se fabrica artificialmente e a única forma de o conseguir é através da dádiva benévola, mas o estado de emergência imposto pelo novo coronavírus está a afastar dadores.
Nuno Caroça, da Associação de Dadores Benévolos de Sangue da Póvoa de Santa Iria, teme que essa situação possa causar danos colaterais.
Há doentes politraumatizados, acidentados, doentes com cancro e outros que precisam de receber transfusões de sangue, mesmo neste período conturbado provocado pelo novo coronavírus. O sangue não pode faltar nos hospitais. Quem o afirma, categórico, é o presidente da direcção da Associação de Dadores Benévolos de Sangue da Póvoa de Santa Iria. Nuno Caroça refere que na última acção, na sede da associação, que decorreu no domingo, 15 de Março, já se sentiu uma forte descida. Dos 70 a 80 dadores habituais compareceram apenas 45.
“Considerando este período de excepção que estamos a viver nem é um número mau”, salienta o dirigente acrescentando que é importante estancar esta quebra, “por muito que isso custe aos dadores”. Nuno Caroça diz compreender que a tendência geral da população dadora seja resguardar-se, contudo salienta que foi delineado um plano de contingência pelo Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) que assegura as condições de segurança para dadores e profissionais envolvidos na dádiva.
Uma das medidas tomadas foi a suspensão das recolhas de sangue em unidade móvel, em todo o país. Mantêm-se as dádivas nos postos avançados, isto é, em locais onde se asseguram as condições mínimas de segurança que passam, por exemplo, pela possibilidade de existência de uma sala de isolamento. Há agora também uma pré-triagem, um enfermeiro que recebe o dador e que lhe mede a febre, num acesso condicionado, com o distanciamento possível. Se o dador tiver uma temperatura superior a 37,5º não dará sangue.
Deslocação para dádiva de sangue é justificável
A 4 de Abril há nova recolha de sangue. Agendada inicialmente para o centro comercial Serra Nova irá agora ser transferida para a sede da associação na Avenida Antero de Quental, Póvoa de Santa Iria. É a primeira acção em pleno estado de emergência e a deslocação para uma dádiva de sangue é perfeitamente justificável.
Nuno Caroça confessa que será uma novidade para todos, mas se não se realizar será uma catástrofe. “Ao tentar prevenir um vírus põem-se em perigo outros doentes necessitados. Temos que estar todos preocupados com a Covid-19, mas sem perder o foco do essencial”, realça lembrando que tudo se agrava quando as reservas de sangue disponíveis dão para menos de dez dias.
É o que acontece com as reservas do tipo B-, disponíveis para quatro dias, do tipo O-, disponíveis para quatro a sete dias e para os tipos O+, A+ e A-, disponíveis para sete a dez dias. De acordo com informação disponibilizada pelo site dador.pt, apenas os tipos B+, AB+ e AB- têm actualmente reservas para mais de 10 dias.
Em 2019, a Associação de Dadores Benévolos de Sangue da Póvoa de Santa Iria, uma das que têm maior peso no seio do Centro Regional de Sangue de Lisboa, realizou 31 colheitas, com mais de 1.300 dadores inscritos (cerca de 10% dadores pela primeira vez) e 1.073 unidades de sangue recolhidas.
Já em 2020 a associação realizou 11 acções. Uma delas, adianta Nuno Caroça, foi feita em Fevereiro e não estava programada. Resultou da resposta a um pedido do IPST à última da hora, numa altura em que já começava a perspectivar-se o cenário de pandemia.
Fonte: omirante
As pessoas de Aveiro ou arredores podem dirigir-se ao Posto Fixo da ADASCA. Aconselhamos a aceder ao site pelo link
Cópia de declaração para efeitos de justificação para deslocação ao local da colheita de sangue no Posto Fixo da ADASCA, que pode ser pedido pelo e-mail: geral@adasca.pt
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