sábado, 27 de agosto de 2016

Cabo Verde. CESÁRIA ÉVORA, A DIVA

Se Cesária estivesse viva faria hoje, dia 27 de Agosto, 75 anos
Cesária Évora é, sem dúvida, a cantora cabo-verdiana de maior reconhecimento internacional de toda a história da música popular cabo-verdiana.

Por estar essencialmente relacionada com a morna, Cesária Évora foi denominada pelos seus fãs como a "rainha da morna”. Por outro lado, a sua forma de se apresentar nos palcos, sem sapatos, fê-la conhecida como a “diva dos pés descalços”.

Cize, como era conhecida pelos amigos, começou a cantar, desde muito cedo. Aos 16 anos já cantava em bares e hotéis e, com a ajuda de alguns músicos locais, ganhou maior notoriedade.

Aos vinte anos, trabalhou como cantora para os navios do Congelo, recebendo conforme as actuações que fazia. Em 1975, frustrada por questões pessoais e financeiras, aliado à dificuldade económica e política do jovem país, deixou de cantar. Durante esse período, que se prolongou por dez anos, Cesária teve de lutar contra o alcoolismo.

Passada essa fase difícil e com o propósito de a ajudar monetariamente, o Club Derby, numa iniciativa do treinador Lalela e com o envolvimento do músico e compositor Ti Goi, organizou um Sarau Cultural, onde se deu o reaparecimento da Cize e foi feito o lançamento da jovem e promissora cantora Fantcha. Em 1985, foi escolhida pela Organização das Mulheres de Cabo Verde (OMCV) como uma das quatro artistas a figurar no álbum “Mudjer”, uma compilação especial com intérpretes cabo-verdianas. Na sequência, encorajada por Bana (cantor e empresário cabo-verdiano radicado em Portugal), Cesária Évora voltou a cantar, actuando em Portugal. José da Silva, um cabo-verdiano de São Vicente radicado em França e que viria a tornar-se no seu manager, persuadiu-a a ir para Paris e, lá, acabou por gravar um novo álbum, em 1988, intitulado “La diva aux pied nus”. O álbum foi aclamado pela crítica, levando-a a iniciar a gravação do seu segundo álbum, “Miss Perfumado”, em 1992. Cesária tornou-se, assim, uma estrela internacional aos 47 anos de idade.

Em 2004, Cesária Évora conquistou o prémio Grammy de “melhor álbum de world music contemporânea”. Em 2006, por ocasião do 31.º Aniversário da Independência de Cabo Verde, Cize foi condecorada pelo Presidente da República Pedro Pires com a 1.ª Classe da Medalha do Vulcão. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, distinguiu-a, em 2009, com a medalha da Legião de Honra, entregue pela Ministra da Cultura francesa Christine Albanel. Em Dezembro de 2010, no Rio de Janeiro, o Presidente Lula da Silva condecorou-a com a medalha de Ordem do Mérito Cultural 2010.

Aos 70 anos, na decorrência de uma sucessão de problemas de saúde, Cesária decide, em Setembro de 2011, terminar a sua carreira. Morreu três meses mais tarde, no dia 17 de Dezembro de 2011.

Manuel Brito-Semedo – Expresso das Ilhas, em cultura

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