Uma equipa de investigadores australianos descobriu um novo animal marsupial extinto que parece uma espécie de cruzamento entre um diabo da Tasmânia e uma hiena.
Baptizado como Whollydooleya tomnpatrichorum, este marsupial pré-histórico era cerca de duas vezes maior do que o maior marsupial carnívoro vivo da Austrália, o diabo da Tasmânia, pesando entre 20 a 25 quilos – o diabo da Tasmânia pesa cerca de 10.
Estamos a falar de um “hiper-carnívoro”, ou seja, “um predador maior do que um gato cuja dieta é de, pelo menos, 75% carne”, explica o líder da investigação, Mike Archer, paleontólogo na Universidade de Nova Gales do Sul, em Sidney, em declarações ao Live Science.
Os hiper-carnívoros são “animais que se especializam em matar e em comer outros animais, embora muito provavelmente não passem uma peça de fruta suculenta de tempos a tempos”, acrescenta o investigador.
A equipa de investigadores da UNGS desenterrou apenas um dente molar deste novo animal, conforme se salienta no artigo publicado no jornal Memoirs of Museum Victoria.
Mas foi o suficiente para concluir que “quase de certeza era um predador muito activo com umamordedura extremamente poderosa“, destaca Archer.
O investigador acrescenta que o Whollydooleya era um parente distante de marsupiais como os diabos, os tilacinos (marsupiais carnívoros parecidos com os cães que se encontravam unicamente na Tasmânia e que estarão extintos) e os quolls, outros marsupiais que comem carne semelhantes aos gatos e nativos da Austrália e da Papua Nova Guiné.
Mas trata-se de “um sub-grupo distinto de hiper-carnívoros que não sobreviveram até ao mundo moderno”, realça Archer, constatando que “as alterações climáticas podem ser um eliminador sem misericórdia dos mamíferos mais poderosos”.
Estes marsupiais habitaram as florestas australianas quando estas começaram a secar, no período do miocénico, há 12 milhões a 5 milhões de anos.
Apenas o primeiro de “um bando de criaturas estranhas”
A descoberta foi feita numa área rica em fósseis por baixo da famosa zona de Riversleigh World Heritage, no noroeste de Queensland, na Austrália, graças a sensores remotos e utilizando dados de satélite.
E os investigadores acreditam que o Whollydooleya é apenas o primeiro de “um bando de criaturas estranhas, novas, pequenas e de tamanho médio” que vão encontrar neste local, afirma Archer.
A expectativa é de que estas potenciais novas descobertas venham dar “mais pistas sobre a natureza dos ambientes e climas pré-históricos”, destaca a professora da Escola de Ciências Ambientais, Biológicas e da Terra da UNGS, Suzanne Hand, que também participou no estudo.
Os cientistas esperam poder vir a recolher dados relevantes sobre “a forma como os animais e o ambiente do interior da Austrália mudaram há 12 a 5 milhões de anos, um período crítico quando a crescente seca levou, em última instância, às idades do gelo do Pleistoceno“, sublinha outra co-autora do estudo, Karen Black, paleontóloga da UNGS.
Finalmente, esta área rica em fósseis pode dar um contributo determinante para o entendimento de como é que pequenos animais das florestas australianas evoluíram para se tornarem espécies de grande porte, num continente que se tornou árido, devido à seca.
SV, ZAP
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