Um projecto de Regionalização deve pensar em primeiro lugar nas populações, depois nos equipamentos a pôr ao seu serviço - porque toda a medida de progresso deve ser o Homem e a sua relação com a Terra. Esta, enquanto território, deve ser a segunda grande realidade a ter em conta.
Há portanto factores culturais e físicos determinantes num projecto de regionalização e não só económicos, porque é sempre muito forte e afectiva a ligação dos homens ao passado e ao meio. O futuro depende da conjugada acção desses três elementos. As civilizações têm sido feitas com eles e, se olhamos para a história, vemos que os homens, desde os primórdios, têm procurado a sua proximidade da água como elemento à sua fixação, o princípio mais elementar de regionalizar.
Ao levar em conta este conjunto de factores - bacia hidrográfica e demográfica - na sua proposta de regionalização, o cidadão Gilberto Madaíl, que ocupou o cargo e desempenhou funções de governador Civil de Aveiro nos anos 90, não se limitou à pedrada do charco. A nosso ver, jogou com os factores certos para um processo cheio de interesse. Por isso, porventura polémico, até porque propositadamente se parece alhear da carga política que não pode deixar de envolver a sua iniciativa.
É uma proposta a merecer estudo ponderado e análise serena, sem dúvida, e naturalmente sujeita a correcções que o seu autor não enjeitará. Suponho que esteja mesmo interessado em participar no aprofundamento do estudo que apresentou à Comunicação Social e que agora vai seguir o seu caminho. Não haverá também dúvidas, até pelo efeito surpresa e sentido inovador, que a proposta irá sempre ser contestada por certos sectores ou interesses.
O certo é que a Regionalização ou se faz ou não se faz. Ou a Constituição se cumpre ou é revista. Se for cumprida, a proposta de Gilberto Madaíl não pode deixar de ser levada em consideração por que ela é um subsidio valioso e lúcido - além de actual - sobre a Regionalização.Além do mais, a proposta do processo, ou o processo proposto deixará quase intocáveis os actuais distritos e o campo livre à voz das populações. O que não é de pouca relevância.
NB: Sobre este assunto, convém consultar o Jornal de Aveiro, edição nº. 642 de 20.12.90.
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