domingo, 4 de junho de 2017

Artur Fresco: o cidadão e o autarca…

Resultado de imagem para ENTREVISTA COM MICROFONE NA MÃOJá não falta muito para terminar o atual mandato autárquico. Por este motivo o Jornal Mira Online procurou sentir o pulso do Presidente da Junta de Freguesia de Mira, Artur Fresco, sobre o que considera ter sido esta primeira experiência em um cargo de tão grande exigência a nível pessoal e profissional.
Sempre com a sua forma serena e pensada de falar sobre os mais diversos assuntos, Artur Fresco foi dando sinais futuros e falou do passado recente e do momento presente. Ficam aqui as linhas mestras de uma conversa/entrevista que foi longa, mas jamais cansativa. Sendo de todo impossível transcrever todas as palavras, o jornalista optou por usar tópicos e as linhas de pensamento do autarca, sem nunca fugir ao que este quis transmitir, como é óbvio.
No final, todos os leitores poderão ter a sua opinião sobre as palavras e as ideias de Artur Fresco. Poderão concordar ou discordar (a isso chamamos “Democracia”), mas, provavelmente, todos terão a certeza de que o cidadão e o autarca se fundem numa mesma personagem, pois é assim que ele é: direto, sem fugir nem rodear as questões e sempre pronto a dar o corpo às balas naquilo que faz. Eis, Artur Fresco… o homem e o autarca:
Primeiros Tempos
M.O. – Quando chegou à Junta, o que encontrou?
A.F. – Posso dividir esta questão em 3 partes: se falar da Sede da Junta de Freguesia, encontramos organizada e em bom estado. Muito disso se deve ao facto de termos duas excelentes funcionárias a tempo inteiro… mas, tivemos – ao longo do tempo – de realizar obras de manutenção, o que é perfeitamente natural. Já os armazéns, encontramos bem apetrechados no que se refere a maquinaria, porém em muito mau estado de conservação. Das primeiras acções que tivemos, a limpeza a fundo e a reparação do telhado eram, na altura primordiais. Quanto à Freguesia, em si, são 18 povoações com um enorme espaço para poucas pessoas a trabalhar pela Junta. Como é de todo impensável, a nível de Orçamento, contratarmos mais pessoal, recorremos às candidaturas do IEFP, onde vamos conseguindo, consoante as necessidades, de 8 a 10 funcionários, para podermos fazer face às necessidades de conservação, por exemplo. Por fim, gostava de deixar uma palavra sobre as necessidades prementes da Freguesia: as povoações mais a sul são as que continuam, ainda, a necessitar de melhoramentos, manutenção e limpeza de uma forma mais atenta. Todos necessitam, mas esta zona da Freguesia é ainda mais primordial.
Cheias
M.O. – As cheias ocorridas logo no início do seu mandato, naquele fim-de-semana que muitos ainda não esqueceram… foram uma espécie de teste inicial?
A.F. – Absolutamente! Foi no exato momento em que iniciamos o nosso mandato e serviu-nos como uma enorme lição. Quero ressaltar aqui a excelente coordenação existente naquele momento entre todas as partes envolvidas na procura das melhores soluções para aquele momento crítico. Câmara, Proteção Civil e outras entidades foram incansáveis na procura conjunta das resoluções mais prementes. O que interessa, sempre, são as pessoas e tudo foi sendo resolvido dentro daquilo que se pode considerar adequado. Sim… posso dizer que foi um teste, já que ninguém nasceu ensinado e todos nós acabamos por encontrar naqueles dias, um enorme aprendizado para o futuro!
Relacionamento com a Câmara Municipal
M.O. – Por serem da mesma cor política, pode-se dizer que o relacionamento JF / CM é satisfatório?
A.F. – Posso dividir isto em duas partes: sim, é bastante satisfatório, mas não por causa da cor política e sim, pelo facto de que procuramos articular antecipadamente as atividades para que tanto as nossas necessidades, bem como as da Câmara, sejam atendidas. Por vezes somos nós a emprestarmos alguma máquina e funcionário para que a CM possa executar alguma tarefa. Volto a repetir: o que interessa são as pessoas e resolvermos os problemas!
Favorecimento
M.O. – Já foi acusado de favorecer uma determinada localidade em detrimento de outras?
A.F. – (Risos) Sim, claro! Já fui abordado sobre este tipo de situações. Mas, deixa-me esclarecer aos leitores do Mira Online: garanto-vos que aqui não fazemos programações de serviços em função de favorecer “a”, “b” ou “c”. Trabalhamos sob critérios que entendemos ser os mais adequados a cada momento… é isso! Até porque, como todos podem entender, é impossível agradar a toda a gente. Quem dera fosse possível… por vezes, pode acreditar, até aqueles que são da Lagoa, de onde sou ou de Portomar, onde resido, me acusam de favorecer os outros! (Risos)
Turismo em Mira
M.O. – Os comerciantes de Mira sentem algum reflexo daquilo que é agendado e acontece na Praia de Mira?
A.F. – Deixa-me, antes de mais, dizer que não me choca o facto do Executivo deslocar para a Praia muito dos eventos anuais. Ela é, afinal, o ex-libris do nosso Concelho! Respondendo a sua pergunta, considero que os comerciantes desta Freguesia acabam por sentir algum reflexo desses eventos. Sabe, o que realmente não entendo é como alguns comerciantes da Praia de Mira possam estar com as portas fechadas em datas como, por exemplo, o Fim de Ano, que atrai tanta gente para a localidade!
O que lhe vai na alma…
M.O. – Como cidadão mirense, o que mais lhe incomoda por estes lados?
A.F. – Estou a pensar, por exemplo, no comércio tradicional que deve ser mais valorizado. Nada me move contra as grandes superfícies, mas o comércio tradicional pode morrer aos poucos se não for mais acarinhado e valorizado por todos nós. Também gostava que o Concelho tivesse uma maior cobertura de saneamento básico. Penso que, se cada executivo tivesse atuado um pouquinho que fosse, hoje teríamos uma cobertura bastante mais abrangente que a atual!
Política “nua e crua”
M.O. – Chega o momento de se falar em candidaturas e recandidaturas. Como está o seu posicionamento atual?
A.F. – Tenho sido abordado sobre este assunto. É natural que seja assim, quando as coisas correm bem e sinto que têm corrido. A experiência inicial foi chocante, mas a experiência acumulada ao longo destes anos fazem com que as coisas andem melhor. Nada ainda está definido sobre uma eventual recandidatura, entretanto!
M.O. – Considera que cumpriu a maior parte das suas propostas?
A.F. – Daquilo que foi proposto durante a campanha eleitoral, algumas já estão satisfeitas. Já a limpeza é um caso diferente, pois normalmente tem de ser feita hoje e refeita amanhã, não é? No plano social estamos a atuar no apoio e criação de eventos. Contamos ter, nos próximos tempos, mais duas ou três ações cumpridas… mas, no entanto, também acontecem coisas que não estavam planeadas e que vão aparecendo normalmente: tenho muito orgulho em falar sobre a Feira de Antiguidade e Velharias, por exemplo, que criamos e que não estava previsto aquando da nossa candidatura. A Feira do dia 23, é um outro exemplo: ficava meio escondida e tanto os comerciantes como o público em geral, reclamavam do piso. Alteramos a localização e os próprios comerciantes dizem-nos que a Feira rende 2 ou 3 vezes mais, assim. São pequenos pormenores que vão fazendo uma grande diferença na nossa Freguesia.
M.O. – Se não fosse o Presidente da Junta de Mira neste momento, quem seria Artur Fresco?
A.F. – (risos) Estaria ligado à minha área, que é a musical, tanto na vertente artística como na comercial. Por uns tempos tive que interromper esse percurso e cá estou. Antes, porém, fiz parte da Assembleia Municipal por um mandato. Estive afastado por muito tempo da vida política e não era filiado a nenhum partido. Mantive-me assim a receber o convite do Dr. Raul, que muito me honrou. Deixa-me dizer que já era amigo dele e agora ainda mais sou, pois posso comprovar no dia-a-dia a sua capacidade de liderança e a sua energia em prol do Concelho. Tenho, agora, uma outra noção das potencialidades que ele também tem nas funções que desempenha. Mas, para terminar de responder a sua questão, provavelmente faria parte de grupos musicais e daria aulas… está-me no sangue!
M.O. – Artur Fresco é um homem ambicioso?
A.F. – Sou um ambicioso… q.b.! Um político deve ser um pouco ambicioso, um visionário. Deve ver as coisas mais lá para a frente… ver como pretende que elas estejam um dia. Se não for assim, só estará a trabalhar para o dia-a-dia. Definitivamente, posso dizer que não sou um grande aventureiro, mas temos de ter ambição para chegarmos a algum lugar.
M.O. – Deixemos o político de lado, agora. O que é que o cidadão Artur Fresco gostava que a Freguesia onde vive, tivesse?
A.F. – Ligado as artes, como é óbvio gostava que tivesse uma Casa Multi-Cultural, com um anfiteatro e palco para os artistas, projecção de cinema, exposição, etc… Desportivamente falando, é evidente que gostava de ver algo mais, incluindo a nível de instalações! Claro que estas são as preferências do cidadão, mas o autarca entende perfeitamente que não são exequíveis por agora. Numa outra vertente, fico feliz em saber que a Indústria começará a ter algum peso na nossa economia local. Somente as pessoas do Concelho não serão suficientes e virão pessoas de fora que, provavelmente, se instalarão por cá com as famílias. Isso, no fundo, gera uma maior riqueza. Sejamos sinceros: não podemos viver somente do turismo!
M.O. – Como última questão, pode dizer-nos algo sobre intervenções que serão feitas até ao final do seu mandato?
A.F. – A intervenção de fundo na Vala da Corga vai, para além de atuar sobre os problemas naturais, resolver problemas ambientais e até paisagísticos. Posso falar também da requalificação da zona do matadouro (parque de merendas), do centro da vila que sofrerá intervenções para a área inter-geracional, como – por exemplo – a que ocorreu no Seixo de Mira. Estas são áreas que terão intervenção até ao final deste mandato… mas, também há outras que vão para além dele!
Francisco Ferra | Mira Online 


Nenhum comentário:

Postar um comentário