Uma das possíveis respostas para esta pergunta seria exatamente o oposto da mesma, e que não tem medo da morte? A morte e o processo de morrer atualmente se encontram, segundo minha opinião, banalizados e sim, talvez quem tema a morte também teme a vida.
Em um processo biológico pautado no nascimento de qualquer ser vivo, crescimento, desenvolvimento e morte; esta última palavra nos causa espanto, nos causa medo, afinal estudar a morte é estudar a vida, mas não necessariamente quem estuda a vida também estuda a morte, pois esta ainda é considerada tabu em nossa sociedade ocidental.
Ao pensarmos em nossa morte e a morte do outro, há ai uma diferença pré estabelecida que talvez soe repetitiva, mas tentarei dar a devida importância e a disparidade para tal tema.
A minha morte, enquanto ser humano toca em minha consciência, em minha finitude, em meus anos que ainda teria pela frente bem como meus parentes, meus colegas e tudo que me circunda. Jápensar na morte do outro, mesmo que seja alguém, muito próximo ou que realmente você não o conheça ou se lembre é pensar em como o outro enxerga a morte, como o outro se vê, mesmo que sob o seu prisma, a questão da morte e talvez uma questão que venha como um “combo” .
Aqui vamos destrinchar o que é a questão do que é morrer, e como desejo morrer, sendo o desejo muito íntimo e tão logo, a questão do desejo, do imaginário de como será a morte é uma questão que volta ou outra vem a nossa cabeça.
Uma das questões que envolvem o nome morte e que penso eu estar “gritando” em nossa sociedade ocidental atual é justamente a questão do suicídio, pois tal problemática além de tocar na imaginação, também faz jus ao real, pois o indivíduo tem a real chance e probabilidade de cometer tal ato, mas eu coloquei que também toca no imaginário porque efetivamente a morte é nutrida de mistérios.Tocar no assunto da morte é por excelência algo que choca, incomoda admito, mas algo que precisa ser dito, conversado, pensado, falado. Um dado divulgado recentemente sobre a taxa de suicídio mostra que a cada 40 segundos uma pessoa se suicida no mundo e a cada 45 minutos uma pessoa se suicida no Brasil. Realizei este recorte com este dado extremamente alarmante para informar que sim, vamos falar de morte e sim, existem centros que podem auxiliar, o próprio tratamento psicológico e psiquiátrico, telefones 24 horas específicos para o potencial suícida.
Um outro dado alarmante, é sobre a depressão, segundo dados da OMS, em 2017 estima-se que 5,8% da população brasileira sofra deste mal, o que representa 11,5 milhões de brasileiros em estados depressivos, sendo considerado o Brasil como o país com maior número de pessoas em tal estado na América Latina.
A depressão é uma doença e mata como tal sendo ainda considerada por muitos com mentalidade retrógrada como “frescura”, como “falta do que fazer” ora, a depressão a tempos deixou de figurar somente em páginas de livros de história e se tornou uma triste realidade e que, nem todas os indivíduos que a tem buscam auxílio, seja por diversos motivos como vergonha, falta de verbas para investir em um tratamento, a não coragem para sair de casa entre outros. Insisto aqui mais uma vez e alerto que existem telefones específicos para quem se encontra em tal estado, a existência de clínica gratuitas ou com um valor simbólico, entre outros.
Temos então somente duas formas, dois prismas por onde a morte rodeia e perpassa, o suicídio e a depressão, mas existem tantos outros que, de antemão, peço desculpas por não citar, mas acredito que com estas duas situações, ilustre o que estou a dizer dentro de um assunto mais amplo, dentro do assunto da morte.
Para concluir , gostaria de dizer que existe uma cultura de medo da morte, medo do desconhecido e por que não medo do novo pois, onde a morte é a única certeza que temos sobre a nossa vida.
Por isso a importância e a necessidade do falar; para quem sofre, e para o outro que às vezes não sabe como ajudar ou auxiliar. Simplesmente escute pois a palavra transforma, a palavra é renovadora, caso não saiba como auxiliar, simplesmente fique ao lado, pois de solidão o indivíduo já está cheio.
Caio Estan
Psicólogo Clínico
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