O Facebook quer fazer um agrado aos criadores de conteúdo que usam a plataforma para propagar informação. O fundador da rede social, Mark Zuckerberg, anunciou o lançamento de um sistema de assinaturas para Publishers que vai permitir a adição de limites de acesso a artigos e realização de cobranças assim como nos sites originais.
A novidade vai valer para quem usa a funcionalidade Instant Articles, do próprio Facebook. A ferramenta garante o carregamento de artigos em uma versão simplificada, hospedada nos servidores da própria plataforma. Os criadores de conteúdo conseguem, assim, compatibilidade total com todo tipo de dispositivo, além de garantia de abertura rápida de páginas em troca de uma visualização que vai para a rede social e não para o veículo original.
Foi um recurso que, na época, gerou a ira de muitos órgãos de imprensa justamente por não levar os usuários aos sites originais. E como muitos deles possuem sistemas de assinatura para acesso aos textos, isso só piorava as coisas, já que a escolha era entre liberar os artigos de graça, na própria rede social, ou amargar números de engajamento menores, já que quem usa os Instant Articles recebe mais destaque do algoritmo de organização.
Mark Zuckerberg
na passada quarta-feira
I've spent a lot of time over the past year meeting with news organizations to talk about how we can work better together. As more people get more of their news from places like Facebook, we have a responsibility to create an informed community and help build common understanding.
We can't do that without journalists, but we also know that new technologies can make it harder for publishers to fund the journalism we all rely on. To be a better partner to the news industry, we ...
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Com o anúncio, Zuckerberg tenta minimizar um pouco essa negatividade. De acordo com ele, o “paywall” do Facebook será semelhante ao visto em qualquer outro veículo: será possível indicar um limite de artigos a serem acessados de graça, ou, então, realizar a cobrança de todos os usuários. Todos os pagamentos serão processados pelos criadores originais e por meio de suas próprias ferramentas, sem que a rede social fique com nenhuma parcela.
O CEO explica ainda que o recurso faz parte do esforço cada vez maior da plataforma em privilegiar fontes reconhecidas de informação. Nas palavras de Zuckerberg, o Facebook deseja recompensar “aqueles que lutam pela verdade”, permitindo que eles criem mais uma fonte de receita a partir da rede social enquanto fazem seu trabalho de informação e esclarecimento.
Segundo ele, os testes da nova ferramenta começarão com publishers selecionados na Europa e Estados Unidos. A novidade chega ao lado de uma nova forma de identificação de postagens, que vai trazer logos dos veículos de notícia ao lado dos links, como forma de melhorar a identificação com as fontes e também a localização dos artigos que são reconhecidos.
Dá para considerar, ainda, a abertura de paywalls e assinaturas dentro do Facebook como uma forma de conter a fuga de criadores de conteúdo. Após um surto inicial de adoção, muitos nomes renomados começaram a deixar de usar os Instant Articles por não estarem vendo um bom número de conversões, nem mesmo em termos de curtidas ou comentários. Os jornais The New York Times e The Guardian, por exemplo, estão entre os nomes mais renomados a abandonarem o recurso.
Manipulação é “ideia de louco”
Ao explicar o que levou à criação da funcionalidade, entretanto, Zuckerberg cita conversas com publicadores e um atendimento aos anseios dos criadores de conteúdo. Eles sabem, tanto quanto o próprio fundador da rede social, que plataformas conectadas são mais importantes do que nunca para a disseminação da informação.
Por outro lado, apesar de falar em recompensar quem trabalha pela verdade, Zuckerberg refuta a ideia de que o Facebook foi acessório de manipulação durante as eleições presidenciais americanas. Para ele, essa é uma “ideia de louco”, uma vez que a quantidade de fake news propagadas na plataforma é pequena diante do todo de notícias que são compartilhadas todos os dias.
Além disso, ele aponta um caráter essencial para provar sua concepção. Para Zuckerberg, os eleitores fazem suas escolhas com base em suas experiências de vida e não naquilo que viram na internet. Uma concepção que, provavelmente, destoa do mundo real, pelo menos quando falamos sobre o Brasil.
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