Volume de negócios em 2016 tinha chegado aos 2,5 mil milhões. Indústria tem mais de 26 mil trabalhadores
Erika Nunes07.01.2018 / 11:10 |
A indústria do papel cresceu 3% em 2017 e está a exportar cada vez mais: as empresas nacionais que exportam contam com a indústria de transformação do papel para as embalagens e rótulos, mas também o crescimento do turismo impulsiona as indústrias representadas pela Associação Portuguesa das Indústrias Gráficas e Transformadoras do Papel (Apigraf). A grande “surpresa” é a retoma do crescimento do livro, depois de anos de declínio.
“A tecnologia não matou o papel, pelo contrário”, defende Lopes de Castro, presidente da Apigraf. “Temos de ter a tecnologia dentro de portas para acompanhar as exigências do mercado e temo-nos saído bem. Exemplo disso são os livros escolares, que contêm tecnologia de ponta, integrando acesso a ferramentas de realidade aumentada.” Depois de anos em declínio, o setor dos livros retomou o crescimento. A surpresa tem sido o livro: “o e-book está a baixar em todo o mundo e o livro físico sobe 5% na Europa desde 2015”, revela.
Em dezembro, a Apigraf premiou uma dúzia de empresas de sucesso do setor e entregou o Prémio Excelência a Elvira Fortunato, a investigadora da Universidade Nova de Lisboa que liderou o projeto inovador do transístor de papel, uma invenção patenteada há cerca de dez anos e que pode ter soluções para equipamentos tecnológicos, baterias e ecrãs que possam funcionar em suporte de papel. “Os jornais também não vão morrer, embora tenha sido um segmento fortemente atingido na última década. Estamos convencidos de que podem vir a integrar essa tecnologia no papel que lhes dará nova vida”, explica Lopes de Castro.
O crescimento de 3% no volume de negócios do setor em 2017, não surgiu sem a recuperação de outras empresas. “De acordo com um estudo da consultora de Augusto Mateus para a Apigraf, o setor exporta diretamente cerca de 300 milhões de euros, principalmente para Espanha, França, Brasil, Angola ou Moçambique. Indiretamente, exporta outros 300 milhões de euros, na forma de embalagens ou rótulos dos têxteis, sapatos ou vinhos. Até para a Autoeuropa vai papel, porque cada carro vendido leva muito papel”, diz Lopes de Castro, recordando que o volume de negócios global das 2757 empresas do setor, em 2016, foi de 2,5 mil milhões de euros. “Outra forma de exportarmos está no aumento do consumo devido ao aumento do turismo: imprime-se mais material para restaurantes, hotéis ou agências de viagens.”
Apesar do crescimento do mercado, o número de empresas tem vindo a diminuir. A crise chegou “a encerrar 30% das empresas em Espanha”, mas as novas empresas que surgem são mais pequenas e muito mais bem equipadas do ponto de vista tecnológico. Em Portugal, segundo a Apigraf, mais de 90% são microempresas com até sete trabalhadores, empregando um total superior a 26 mil trabalhadores. Com o aumento do consumo, o segmento das embalagens e dos rótulos, integrados no setor da transformação de papel, que inclui ainda caixas para encomendas de e-commerce e papel de uso doméstico (lenços, guardanapos, papel higiénico), “cresce muito e desde há muito tempo”. Segue-se o do livro e, por fim, o da publicidade.
“Floresta da indústria não ardeu”
Depois dos incêndios do ano passado, a Apigraf recorda que “as florestas do país ligadas à indústria do papel não arderam. Estão limpas, cuidadas e vigiadas, que é o que o Estado deveria fazer” em todas. Lopes de Castro, presidente da associação, diz que a indústria “não ganha nada com os fogos, por lei não pode trabalhar com madeiras de incêndios”. Além disso, a “indústria do papel é verde e limpa” e “80% do papel produzido na Europa é reciclado. Só 12% das árvores acabam transformadas em papel. 38% são utilizadas na indústria da madeira e 50% são transformadas em carvão”, diz.
Fonte: Dinheiro Vivo
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