A previsão do INAM que na próxima época chuvosa a precipitação deverá ser normal mas com tendência abaixo do normal nas das províncias da Zambézia, Tete, Manica, Sofala, Inhambane, Gaza e Maputo configura para o MASA uma campanha agrária 2018/2019 “preocupante” nas Regiões Centro e Sul de Moçambique.Com o El Nino ainda em fase neutra o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) prevê que nos primeiros três meses da época chuvosa, que inicia oficialmente em Moçambique no mês de Outubro, a chuva caia normalmente e com tendência acima do normal nas províncias do Niassa, Cabo Delgado, Nampula, e os distritos a norte da província da Zambézia. No entanto a precipitação deverá ser continuar aquém das necessidades hídricas em grande parte da província de Tete, no sul da Zambézia e nas províncias de Manica, Sofala, Inhambane, Gaza e Maputo.
Para os três meses finais da época chuvosa 2018/2019 o INAM projecta chuvas normais com tendência para acima do normal nas províncias de Cabo Delgado, Nampula e norte a centro-leste de Niassa. Na parte oeste e sul da província do Niassa e oeste de Nampula e a totalidade das províncias da Zambézia, Tete, Manica, Sofala, Inhambane, Gaza e Maputo a chuva deverá cair pouco.
Com esta previsão climática sazonal, tornada pública na semana passada durante o 5º Fórum Nacional de Antevisão Climática que decorreu em Maputo, o Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar (MASA) está “a prever que esta campanha seja preocupante”.
“O sector agrário no País, infelizmente, ainda depende da precipitação”
“Para a campanha que vai começar em Outubro todas as províncias da Região Sul tem um índice muito baixo de satisfação hídrica, para o período de Outubro a Dezembro. Na Região Centro temos as províncias de Manica e Sofala com índice de satisfação (hídrica) baixo e temos a província de Tete com um índice muito baixa de satisfação hídrica. Para a Região vamos ter no geral um índice muito baixo, mas muito baixa na província de Nampula. O cenário que prevemos para Outubro a Dezembro é no geral de satisfação hídrica abaixo daquilo que é óptimo”, revelou o engenheiro agrónomo Hiten Janttilal.
De acordo com o representante do MASA, para os meses de Janeiro à Março há melhorias significativas na Região Norte e Centro no entanto “temos preocupação na província de Tete, principalmente na sul da província de Tete onde o índice da satisfação hídrica é baixo a moderado. A preocupação prevalece para a Região Sul, com destaque para as províncias de Maputo e Gaza, com satisfação hídrica que será baixa a muito baixa”.
“O sector agrário no País, infelizmente, ainda depende da precipitação, mais de 90 por cento dos agregados familiares praticam a agricultura de sequeiro e apenas 3 por cento tem infra-estruturas que dão para irrigar algumas áreas” lembrou o engenheiro Hiten Janttilal afirmando que o MASA está “a prever que esta campanha seja preocupante mas temos alguma esperança no segundo período para a Região Norte e também algum potencial que existe na Região Centro que possa equilibrar o défice da Região Sul”.
Importa recordar que nas Regiões onde se espera uma campanha agrária pouco satisfatória existem já mais de meio milhão de moçambicanos em situação de crise alimentar concretamente nos distritos de Chibuto, Chicualacuala, Chigubo, Guija, Mandlakaze e Mapai na província de Gaza, Funhalouro, Mabote e Panda na Província de Inhambane, Cahora Bassa, Changara, Chifunde, Chiuta, Doa, Magoe, Marara, Moatize e Mutarara na Província de Tete e Chemba na Província de Sofala.
Pouca chuva dá esperança de uma boa campanha para o sector do caju
Com esta previsão o Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar recomenda que os agricultores no Sul de Moçambique façam sementeiras tardias e escalonadas, usem de variedades de ciclo curto e aproveitam no máximo as zonas baixas e húmidas.
Para os produtores de comida nas zonas Centro e Norte o MASA também recomenda sementeiras tardias e ainda o aproveitamento integral das zonas baixas e húmidas com variedades de ciclo curto.
Em termos de Sanidade Vegetal as autoridades alertam aos agricultores para precaverem-se contra a lagarta invasora, a lagarta do funil e também o rato do campo. Adicionalmente os produtores na zona Sul devem tomar cuidados contra o pardal do bico vermelho, a virose do tomate, a traça do tomateiro e a BBTV na banana. Na Região Centro cuidados devem ser tomados contra os gafanhotos, a mosca da fruta e a traça do tomateiro. No Norte de Moçambique as pragas que poderão condicionar as colheitas são o mal do panamá e os gafanhotos.
O engenheiro Janttilal deixou a esperança de uma boa campanha para o sector do caju “uma vez que quando existe fraca precipitação algumas pragas e doenças têm menor incidência e pode ser o caso da Região Sul que pode superar os índices da campanha passada”, no entanto recomendou a “apanha da castanha observando-se rigorosamente as técnicas de pós-colheita (secagem, sacos de juta e adequado armazenamento), para minimizar a perda de qualidade da castanha a ser colhida/comercializada”.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
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