Mãe, promete-me que lês

José e Milú: a origem de tudo

Sabemos que Mãe – promete-me que lês é uma carta de Luís Osório à sua mãe. Dez anos após a sua morte, conta a história de uma mulher singular que, ao longo da sua vida, detestou e amou até ao último dia. Mas qual a origem desta história?

Tudo começa com uma relação improvável entre os pais de Luís Osório: José Manuel, homossexual e Milú, uma jovem cantora no princípio da carreira.

Conheceram-se no final da década de 1960. Ele tinha estado em Paris durante o “Maio de 68”, cantava e era compagnon de route do Partido Comunista. Ela estava em ascensão no mundo da música e desejava recuperar o tempo perdido num sanatório onde lutou para não ficar paraplégica. Ele era filho de uma família burguesa. Ela era filha de uma família muito pobre.  Os dois, de alguma maneira personagens em fuga (ele de uma vida burguesa e de um pai que o rejeitava, ela de uma vida de miséria e de uma família que não a reconhecia), irão encontrar-se e de uma noite improvável acabará por nascer o seu único filho.

Se a vida do pai, José Manuel Osório é conhecida – investigador do fado, militante comunista, seropositivo – é na vida da mãe que Luís Osório consegue encontrar o sentido para nos contar, através de uma inesquecível carta, a história de um tempo que a todos pertence. Um tempo feito de convicções, desespero, violência, sexo, solidão, fé ou ausência de Deus, cobardia, poder, ciúme, morte e ainda assim a esperança.

Milú poderia ter sido tudo. Na cama de um sanatório, onde perdeu a infância e parte da juventude, sonhou poder ser tudo. Quando regressou a casa, já adolescente, a família não a conhecia. E ela recomeçou, sozinha. Profetizaram-lhe uma carreira de sucesso na música, mas ela desistiu de tudo quando ficou grávida. E sozinha com o seu pequeno filho voltou a recomeçar.

A carta acompanha todas as suas quedas e recomeços. A sua depressão, a sua tentativa de suicídio, o seu regresso à vida, a relação com um filho que seguiu caminho sem olhar para trás e sem lhe estender a mão.

Os dois morreram. Ela antes dos 60. E ele antes dos 70. Morreram com os corpos dilacerados por implacáveis doenças.

E Luís, o filho improvável, conta-lhes a história que é, num certo sentido, a história de um país possível e de uma literatura que nele se confunde radical e ferozmente com a realidade. 

Um livro Guerra e Paz a não perder!

Mãe, promete-me que lês

Luís Osório

Ficção / Literatura

160 páginas · 15x23 · 14,90 €

Nas livrarias a 18 de Setembro

Guerra e Paz Editores

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