Realiza-se no próximo dia 15 de setembro, no Auditório Municipal da Régua, um debate promovido pela Associação Vale d’Ouro e a Câmara Municipal da Régua, sobre a Linha do Douro. Em declarações à Transportes em Revista, Luís Almeida, presidente da associação revela que o grande objetivo desta conferência passa por colocar a Linha do Douro «na agenda nacional. Queremos que se perceba que o que estamos aqui a defender é mais do que um regionalismo, é algo que pode beneficiar o país e tem um custo mais baixo que outras opções que se teimam em implementar. Queremos que o Plano Nacional de Investimentos 2030 não ignore esta linha e vá muito para além da eletrificação do troço até à Régua».
Segundo Luís Almeida, «o canal ferroviário do Douro tem sido esquecido no momento da definição dos planos de investimento no país. Assistimos a uma degradação das condições de circulação, a uma degradação dos horários e a um desinteresse da administração central que não podemos aceitar. O turismo deu um novo fulgor à região, todos querem apanhar o comboio, mas o comboio teima em não passar. Recordemos que no passado a linha do Douro dinamizou toda esta região e aproximou Trás-os-Montes do resto do país contando também com a vasta rede afluente de vias métricas (Tua, Sabor, Corgo, Tâmega), revolucionou o transporte do vinho do Porto e impulsionou a economia na região. A União Europeia vai promover no próximo dia 8 de outubro uma iniciativa que vai olhar para as ligações transfronteiriças relevantes e a Linha do Douro é uma delas. Hoje não devíamos estar a pedir investimento no Douro, devíamos estar a analisar que investimento seria mais adequado».
A associação revela ainda que «não compreende» como é que uma linha, com o potencial da Linha do Douro, não ser totalmente eletrificada e afirma que está a criar-se um ponto de descontinuidade técnica. «Queremos despertar consciências na região e analisar seriamente a ligação transfronteiriça de Barca d’Alva e o seu impacto no Porto de Leixões, na libertação de slots na Linha do Norte, na importância para a região, para o turismo. Se no final do evento colocarmos a região a falar sobre a Linha do Douro e a questionar-se sobre o motivo pelo qual este investimento não consta do PNI 2030, o objetivo principal fica alcançado», diz Luís Almeida.
Para o responsável, tem existido um «desinteresse tremendo na Linha do Douro» por parte da Tutela, quer ao nível do investimento, quer ao nível da exploração comercial: «A eletrificação tem avançado lentamente e há o receio, na região, que não passe do Marco de Canaveses. A última RIV (renovação integral de via) no troço Marco-Régua data do início dos anos 80, nos anos 2000 no mesmo troço foi introduzida a BLS (barra longa soldada). No troço entre a Régua e o Pocinho a introdução de BLS no inicio dos anos 2000, substituição de carril 40 por carril 54 reaplicado em 2003 e uma renovação parcial de Vargelas ao Pocinho nos anos 90 foram os últimos grandes investimentos. Tem-se feito intervenções nos taludes mas continuamos sem o sistema de deteção de blocos nas encostas do vale do Douro».
Já do ponto de vista da exploração, Luís Almeida acusa que têm havido uma série de opções que podem comprometer o interesse da linha: «a recente alteração de horários impossibilita ligações com a linha do Norte (apenas 5 min para o Alfa Pendular) isto depois de uma polémica em que os autarcas da região, a tempo devido, manifestaram o desagrado por uma redução de horários que a CP remeteu para um erro informático. Por outro lado o serviço MiraDouro, este ano encurtado (o ano passado seguia para o Tua) já circulou sem passageiros o que provavelmente se deve às supressões e ao pouco contacto com o rio. E as tão faladas automotoras espanholas que têm vários problemas, avariam várias vezes e são insuficientes para a procura já que por diversas vezes o ano passado, na Régua e no Pinhão, as autoridades tiveram que intervir perante a ação dos passageiros que compraram bilhete mas não tinham lugar. A exclusão da eletrificação entre Régua e o Pocinho do PNI2030 é mais uma prova do desinteresse e esquecimento a que estamos sujeitos».
Transportes em Revista
Nenhum comentário:
Postar um comentário