quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

“Se quiserem ser candidatos analisem, com cuidado, o vosso percurso passado e assumam o compromisso de não desiludir os vossos eleitores”

O Presidente da República apelou hoje ao exercício do voto nos três atos eleitorais de 2019 e considerou fundamental que haja bom senso nessas campanhas, advertindo que radicalismos, arrogâncias e promessas impossíveis destroem a democracia.

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Marcelo Rebelo de Sousa assumiu estas posições sobre os riscos da demagogia e do populismo na sua tradicional mensagem de Ano Novo, na qual assinalou que o clima pré-eleitoral para as três eleições que se realizam em 2019 (europeias, regionais da Madeira e legislativas) “já começou em 2018”.
“O que vos quero pedir, hoje, é simples, mas exigente. Votem. Não se demitam de um direito que é vosso, dando mais poder a outros do que aquele que devem ter. Pensem em vós, mas também nos vossos filhos e netos, olhem para amanhã e depois de amanhã e não só para hoje”, defendeu o chefe de Estado.
Ainda num apelo contra a abstenção, o Presidente da República incentivou os portugueses a “debater tudo, com liberdade”, mas sem criar “feridas desnecessárias e complicadas de sarar”.
“Chamem a atenção dos que querem ver eleitos para os vossos direitos e as vossas escolhas políticas, pela opinião, pela manifestação, pela greve, mas respeitem sempre os outros, os que de vós discordam e os que podem sofrer as consequências dos vossos meios de luta”, completou, referindo-se à conjuntura de contestação social.
Neste contexto, Marcelo Rebelo de Sousa deixou depois uma série de avisos a todos aqueles que pretendem candidatar-se nas próximas eleições europeias, regionais da Madeira e legislativas: “Se quiserem ser candidatos analisem, com cuidado, o vosso percurso passado e assumam o compromisso de não desiludir os vossos eleitores”.
“Pensem como demorou tempo e foi custoso pôr de pé uma democracia e como é fácil destruí-la, com arrogâncias intoleráveis, promessas impossíveis, apelos sem realismo, radicalismos temerários, riscos indesejáveis. Com o mundo e a Europa como se encontram bom senso é fundamental”, salientou o chefe de Estado.
Na sua mensagem, Marcelo Rebelo de Sousa sustentou também que “bom senso” e “ambição” não são incompatíveis em democracia e, nesse sentido, traçou objetivos para Portugal nos planos político, económico e social.
“Podemos e devemos ter a ambição de assegurar que a nossa economia não só se prepare para enfrentar qualquer crise que nos chegue, como queira aproximar-se das mais dinâmicas da Europa, prosseguindo um caminho de convergência agora retomado. Podemos e devemos ter a ambição de ultrapassar a condenação de um de cada cinco portugueses à pobreza e a fatalidade de termos portugais a ritmos diferentes, com horizontes muito desiguais”, lamentou o Presidente da República.
O chefe de Estado assumiu ainda como ambição do país “dar mais credibilidade, transparência, verdade” às suas instituições políticas, fazendo com que “a confiança tenha razões acrescidas para se afirmar”.
“Ponto de encontro entre povos, economia mais forte, sociedade mais justa, política e políticos mais confiáveis. Será pedir muito a todos nós, neste ano de 2019? Não, não é. Quem venceu crises e delas saiu, com coragem e visão, é, certamente, capaz de converter esse esforço de uma década num caminho mobilizador e consistente de futuro”, concluiu o Presidente da República.
Nesta sua tradicional mensagem de Ano Novo dirigida aos portugueses, o Presidente da República referiu-se com preocupação à atual conjuntura internacional, considerando que “estes tempos continuam difíceis”.
“Num mundo em que falta em direito, paz, diálogo, justiça, certeza o que sobra em razão da força, conflito, desigualdades, incerteza. Numa Europa que fica mais pobre com a partida do Reino Unido, desacelera na economia, vê crescerem promessas sem democracia e sem pleno respeito da dignidade das pessoas. Num Portugal, que saiu da crise, reganhou esperança, mas que precisa de olhar para mais longe e mais fundo”, adverte o chefe de Estado.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, “a resposta a estes tempos só pode ser uma: valores, princípios e saber aprendido em quase novecentos anos de História; dignidade da pessoa, de todas as pessoas, a começar nas mais frágeis, excluídas, ignoradas”.
Ainda em defesa da liberdade, do direito à diferença, do pluralismo e do Estado de Direito, o Presidente da República deixou o aviso de que “não há ditadura, mesmo a mais sedutora, que substitua a democracia, mesmo a mais imperfeita”.
“Justiça social, combate à pobreza, correção das desigualdades. Que não há democracia que dure onde alguns poucos concentrem tanto quanto todos os demais”, acrescentou.
NDC

Mensagem de Ano Novo do Presidente da República
Muito boa noite,
Um ano de 2019, com saúde, partilhado com as vossas famílias e aqueles que vos são queridos, realizando ao menos uma parte dos vossos sonhos e anseios é o meu voto para todos vós.
Vivendo dentro das nossas fronteiras físicas. Construindo Portugal fora delas. Ou, garantindo, ao serviço da Pátria, paz, segurança e direitos humanos pelos cinco continentes.
A todos agradeço mais um ano de trabalho, de dedicação, de orgulho de ser Português.
Nós sabemos que estes tempos continuam muito difíceis.
Num mundo que falta em Direito, em ética, em paz, em diálogo, em justiça, em certeza, o que sobra em razão da força, em conflito, em desigualdades, em incerteza.
Numa Europa que fica mais pobre com a partida do Reino Unido, desacelera na economia, vê crescerem promessas sem democracia e sem pleno respeito da dignidade das pessoas.
Num Portugal, que saiu da crise, reganhou esperança, mas que precisa de olhar para mais longe e mais fundo.
Nós sabemos que a resposta a estes tempos muito difíceis só pode ser uma – valores, princípios e saber aprendido com quase nove séculos de História.
Dignidade da pessoa, de todas as pessoas, a começar nas mais frágeis, excluídas e ignoradas.
Liberdade, diferença, pluralismo, Estado de Direito. Que não há ditadura, mesmo a mais sedutora, que substitua a democracia, mesmo a mais imperfeita.
Justiça social, combate à pobreza, correção das desigualdades. Que não há democracia que dure onde apenas alguns, poucos, concentrem tanto quanto todos os demais.
Valores, princípios, saber de experiência feito. Pois o mesmo vale para o ano eleitoral que nos espera e que em rigor já começou em 2018.
As vossas escolhas irão decidir o nosso destino durante quatro anos, nas eleições para a Assembleia da República e para a Assembleia Legislativa Regional da Madeira e também muito da nossa presença na Europa, durante cinco anos, nas eleições para o Parlamento Europeu.
O que vos quero pedir, hoje, é simples, mas exigente.
Votem. Não se demitam de um direito que é vosso, dando mais poder a outros do que aquele que devem ter.
Pensem em vós, mas também nos vossos filhos e netos, olhem para amanhã e depois de amanhã e não só para hoje.
Debatam tudo, com liberdade, mas não criem feridas desnecessárias e complicadas de sarar.
Chamem a atenção dos que querem ver eleitos para os vossos direitos e para as vossas escolhas políticas, pela opinião, pela manifestação, pela greve, mas respeitem sempre os outros, os que de vós discordam e os que podem sofrer as consequências dos vossos meios de luta.
Se quiserem ser candidatos analisem, com cuidado, o vosso percurso passado e assumam o compromisso de não desiludir os vossos eleitores.
Pensem como demorou tempo e foi custoso pôr de pé uma democracia e como é fácil destruí-la, com arrogâncias intoleráveis, com promessas impossíveis, com apelos sem realismo, com radicalismos temerários, com riscos indesejáveis.
Com o mundo e a Europa como se encontram, bom senso é fundamental. O que não é incompatível com ambição.
Podemos e devemos ter a ambição de continuar e de reforçar a nossa vocação de plataforma entre povos, culturas e civilizações.
Podemos e devemos ter a ambição de assegurar que a nossa economia não só se prepare para enfrentar qualquer crise que nos chegue, como queira aproximar-se das mais avançadas e dinâmicas da Europa, prosseguindo um caminho de convergência agora retomado.
Podemos e devemos ter a ambição de ultrapassar a condenação de um de cada cinco portugueses à pobreza e a fatalidade de termos Portugais a ritmos diferentes, com horizontes muito desiguais.
Podemos e devemos ter a ambição de dar mais credibilidade, mais transparência, mais verdade às nossas instituições políticas. Para que a confiança tenha razões acrescidas para se afirmar.
Ponto de encontro entre povos, economia mais forte, sociedade mais justa, política e políticos mais confiáveis.
Será pedir muito a todos nós, neste ano de 2019?
Não. Não é.
Quem venceu crises e delas saiu, com coragem e visão, é, certamente, capaz de converter esse esforço de uma década num caminho mobilizador e consistente de futuro.
Conto convosco, portugueses, neste ano de tantas decisões, para esse desafio comum.
Podem contar com o vosso Presidente da República para procurar que nenhum dos vossos contributos seja desperdiçado, nenhuma das vossas vozes seja ignorada, nenhum dos vossos gestos seja perdido. Porque Portugal precisa de todos nós.”

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