domingo, 24 de abril de 2016

Guiné-Bissau. ATÉ QUANDO A ARROGÂNCIA DE “POLITIQUEIROS” NESTE PAÍS?

O Democrata, editorial

O povo guineense, em autêntico espetador impávido, tem assistido ao longo de vários anos a uma interminável “telenovela” de ‘desgraça’ colectiva animada por atores sem mérito, intoxicados na arte de mentira e arrogância. Dois conceitos básicos de politiquice enraizada nas subconsciências.
Dia após dia, ano após ano, de governos formalmente constitucionais em executivos de transições, o humilhado povo é  condenado no “tunel de silêncio” a engolir a tamanha falta de respeito por parte de acólitos de falsidade. O impasse político atingiu esta fase por causa da mediocridade e arrogância. Sempre foi assim ao logo da trajetória política guineense.

Este país já sofreu bastante com a cultura de arrogância e há fortes possibilidades que continue a sofrer porque os ditos políticos não sentem pressão alguma.

No início da nona legislatua, o actual Chefe de Estado, obssecado à sua visão do mundo e numa autêntica atitude arrogante, ignorou tudo e todos. Quis implantar, seu ‘modus operandi’, um império de ditadura. No meio do caminho, instalou-se o impasse, incertezas também, claro. Perplexo e hesitado, o Presidente da República olha ao horizonte não vê sinal de claridade nenhuma. A crise acumula-se e gera contornos. A judicialização de assuntos políticos substitui à militarização da vida política guineense. O resultado do unilateralismo presidencial é sem dúvida o colapso e a perda do tempo. Hoje, socialmente a situaçao é explosiva com a proliferação de greves em diferentes setores sociais. Quem ganhou com esta situação? Ninguém! A não ser a famosa arrogância.

A semelhança do Presidente da República, o PAIGC e seu líder está quase a sagrar-se o campeão de arrogância. Contra os elementares princípios da convivência democrática, o PAIGC demonstra claramente que é incapaz de evoluir e dar sinais de um partido adaptado às exigências do presente. O partido libertador, com a mínima vontade política, pode controlar a situação e evitar mais um pesadelo ao povo. O que é que ganha o PAIGC com o impasse sem fim? Quais benefícios para o partido em criar situações de bloqueio inútil tentando desafiar  uma instituição soberana, neste caso o Supremo Tribunal de Justiça?

É chegado a hora de o PAIGC compreender que a sociedade está a mudar-se apesar de constantes atropelos. Um ‘novo cidadão’ está a constituir-se no meio da desordem de Estado. Progressivamente, uma opinião pública se consolidará neste país e não haverá mais ‘templo’ para pregação de ensinamentos da arrogância  nem profecias de falsidade.

Apesar de tudo, acreditamos que é possível relançar este processo com base em diálogo franco. Os guineenses são capazes quando querem. Aprovado em várias situações do pretérito histórico guineense. É possível salvar o resto desta legislatura em prol do bem-estar do povo da Guiné-Bissau. O Presidente da República tem um papel crucial neste exercício através dos seus bons ofícios com vista a um entendimento alargado e inclusivo. O Chefe de Estado deve abandonar o seu capote de clã e vestir definitivamente o “camisote” de pregador e constructor de consensos entre todos os filhos desta terra.

A solução sustentável passará imperativamente por um entendimento entre dois maiores partidos políticos, PAIGC e PRS. O Presidente José Mário não deve cair outra vez na armadilha de interesses de grupinhos. Aqui trata-se do país, da República, do povo, e não de meia dúzia de pessoas. O tempo é de nos libertar da arrogância e abraçarmo-nos uns aos outros. É possível, basta colocarmos os interesses nacionais acima dos interesses pessoais ou partidários.

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