O Estudo de Jovens Matemáticos Precoces (SMPY), que está há 45 anos a acompanhar a vida de cinco mil indivíduos com talento nas áreas de matemática, ciências e habilidades verbais, sugere que a inteligência herdada dos pais e estimulada na infância supera a prática repetitiva.
O projeto, criado por Julian Stanley em 1971 e desenvolvido por investigadores das universidades John Hopkins e Vanderbilt, nos EUA, tem acompanhado vários participantes desde crianças e é considerado a melhor fonte do mundo sobre o desenvolvimento de talentos intelectuais.
Para selecionar os participantes, os investigadores realizaram testes e aceitaram apenas os melhores alunos que passaram na prova de acesso à universidade. Entre os jovens selecionados estão Mark Zuckerberg, Lady Gaga e Sergey Brin, co-fundador da Google.
“Quer gostemos ou não, estas pessoas controlam a nossa sociedade”, afirma o psicólogo Jonathan Wai numa reportagem da revista Nature.
De acordo com os investigadores, muitos dos “génios” das áreas de ciência, tecnologia e cultura são aqueles cujas habilidades cognitivas originais foram identificadas e encorajadas desde os seus primeiros anos de vida, através de programas de enriquecimento.
Os resultados do SMPY sugerem que se a inteligência for identificada na infância e o seu desenvolvimento for devidamente estimulado, isso resultará em melhores resultados profissionais.
A pesquisa enfatiza a importância de incentivar as crianças inteligentes, num momento em que o foco predominante nos Estados Unidos e nos outros países é melhorar o desempenho dos estudantes que apresentam dificuldades de aprendizagem ou, como refere o investigador David Lubinski, os talentos desportivos.
O estudo vem contradizer várias outras teorias que sugerem que um melhor desempenho provém da prática – que qualquer um pode chegar ao topo desde que se esforce – e levantou algumas questões sobre os riscos de rotulagem nas crianças.
Alguns especialistas alegam que este projeto pode fazer com que os jovens com um potencial apenas um pouco mais limitado que os pequenos génios sejam ignorados, e que a pressão de ser classificado como “inteligente” na infância possa ainda prejudicar o progresso dessas pessoas.
O Estudo de Jovens Matemáticos Precoces originou centenas de estudos académicos e permitiu vários desenvolvimentos na identificação da inteligência na infância.
No entanto, o estudo ainda não mostra de forma conclusiva a existência de um fator que garanta que o seu filho seja o próximo Steve Jobs.
Ajudar uma criança talentosa
“Querer criar um génio é a última coisa que aconselharia um encarregado de educação a fazer”, afirma Camilla Benbow, da Universidade Vanderbilt.
Este objetivo “pode levar a vários tipos de problemas sociais e emocionais”, alerta a especialista em educação e desenvolvimento humano.
A investigadora oferece, no entanto, algumas dicas para contribuir não apenas para os bons resultados, mas também a felicidade das crianças inteligentes.
- Expor a criança a experiências variadas;
- Quando uma criança exibe interesses fortes e talentos, dê oportunidades para os desenvolver;
- Apoiar as necessidades tanto intelectuais como emocionais;
- Ajudar a criança a desenvolver uma “mentalidade de crescimento”, ao elogiar o esforço, e não as capacidades;
- Encorajar as crianças a correr riscos intelectuais e estarem abertas a falhanços que as ajudem a aprender;
- Cuidado com os rótulos: ser identificado como excecional pode ser um fardo do ponto de vista emocional;
- Trabalhe com professores que atendem às necessidades dos seus filhos. Os estudantes mais inteligentes precisam de materiais mais desafiadores, apoio extra e liberdade para aprender ao seu próprio ritmo;
- Teste as capacidades das crianças. Isto pode dar-lhe mais argumentos para exigir atenção especial, e pode revelar problemas como dislexia, hiperatividade e outros desafios sociais e emocionais.
E se estas alternativas não lhe agradarem – ou não resultarem – basta, simplesmente, encorajar o seu filho a jogar online.
BZR, ZAP
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