terça-feira, 20 de setembro de 2016

“MINISTRA MARIANA MORTÁGUA” PROVOCA ALTA TENSÃO NO PS


 
Mariana Mortágua na X Convenção do Bloco de Esquerda
O discurso de Mariana Mortágua na rentrée do PS continua a dar que falar e está a desagradar até a alguns socialistas. A direita já diz que é a deputada do Bloco de Esquerda quem manda no governo.
“Nunca um convidado externo a uma iniciativa do PS causou tanta controvérsia”, realça o Expresso, referindo-se ao discurso de Mariana Mortágua no sábado passado na rentrée socialista.
A bloquista disse que “só a esquerda radical pode salvar o capitalismo” e que “é preciso perder a vergonha de ir buscar a quem está a acumular”.
Estas palavras surgem no âmbito do novo imposto sobre imóveis que o governo pretende criar no Orçamento de Estado de 2017 – o “Imposto Mariana Mortágua” (IMM), como já é chamado nas redes sociais, depois de ter sido a deputada do Bloco de Esquerda a revelá-lo, juntamente com o deputado socialista Eurico Brilhante Dias, e a defendê-lo na comunicação social.
O Expresso refere que este protagonismo, associado às suas declarações na rentrée do PS, estão a dividir os socialistas, e o Jornal de Negócios alega que as intervenções da jovem deputada contribuíram para “reacender tensões que estavam já adormecidas“.
O Negócios faz referência ao “protagonismo” assumido por Mortágua no novo imposto sobre o património imobiliário e nota que os “sectores mais críticos de Costa”, que “incluem os mais próximos de António José Seguro”, não gostaram.
O deputado socialista Sérgio Sousa Pinto, crítico assumido da solução governativa de aliança do PS com PCP e Bloco de Esquerda (BE), é uma das vozes críticas da postura de Mortágua.
Em declarações publicadas no Facebook, conforme a transcrição do jornal i, Sousa Pinto fala da “lição ministrada do alto do legado histórico do trotskismo ou de uma qualquer seita comunista heterodoxa” e diz que a deputada bloquista é um exemplar dos “jovens burgueses cripto-comunistas e habilidosos pantomimeiros da velha escola“.
Sousa Pinto ainda se refere a isto tudo como uma “paródia senil”, prevendo que “sairá cara” ao PS.
A opinião do deputado do PS somou likes de socialistas como Jamila Madeira, João Serrano e João Paulo Pedrosa, refere o Expresso.
Mas também há no PS quem defenda Mortágua, como é o caso de João Galamba que, também através do Facebook, tratou de salientar que “por muito que inventem e distorçam, não transformarão um contributo justo numa coisa que ele não é”.

Direita diz que é Mortágua quem manda no governo

A oposição não deixa de aproveitar o caso para pôr em causa o governo de Costa e o vice-presidente do PSD, Jorge Moreira da Silva, já disse que Mortágua é a verdadeira ministra das Finanças do governo socialista.
“Na campanha eleitoral afirmei que não podíamos correr o risco de termos Jerónimo de Sousa e Catarina Martins como vice-primeiros-ministros, nunca me passou pela cabeça que Mariana Mortágua se convertesse verdadeiramente na ministra das Finanças deste Governo“, referiu Moreira da Silva em declarações à Lusa.
O CDS-PP alinha pelo mesmo tom e o líder parlamentar Nuno Magalhães considerou que é altura de o primeiro-ministro “meter um pouco de ordem” no governo, notando que “quem manda é a senhora deputada Mariana Mortágua” e não o ministro das Finanças.
A coordenadora do BE, Catarina Martins, reagiu às críticas salientando que a “direita está desorientada” e que tem tentado fazer “um falso debate”, quando “o que está em cima da mesa é como é que o património imobiliário de luxo poderá ser chamado a contribuir para os impostos do país”.

Mortágua defende-se

Mariana Mortágua já veio explicar-se numa série de publicações no Twitter, onde realça que “taxar riqueza acumulada não é taxar poupança”.
A deputada dá o exemplo do que separa um bancário como Ricardo Salgado que tem “riqueza acumulada” e um trabalhador de banco que tem “poupança” e como “o segundo já paga muitos impostos, e o primeiro não”.
SV, ZAP
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