Pelo menos 30 civis morreram no bombardeamento ocorrido na segunda-feira à noite a um comboio de ajuda humanitária, a oeste da província síria de Alepo, junto à cidade de Orum al-Kubra.
O ataque deu-se quando elementos do Crescente Vermelho sírio estavam a prestar assistência à população. Foram atingidos, pelo menos, 18 dos 31 camiões que se encontravam a distribuir água e comida.
É ainda desconhecida a origem dos bombardeamentos, mas as Nações Unidas já reagiram, mostrando indignação e sublinhando que, a provar-se que foi intencional, representará um crime de guerra.
Staffan de Mistura, o enviado especial das Nações Unidas para a Síria, lembra que o comboio humanitário foi o culminar de um longo processo de autorizações e preparativos para assistir milhares de civis isolados há meses – 78 mil pessoas.
Entre os mortos, cujo número concreto é ainda desconhecido, estão 12 voluntários do Crescente Vermelho.
Na segunda-feira, o Exército sírio declarou o fim do cessar-fogo decretado há uma semana pelos Estados Unidos e a Rússia. Washington e Moscovo acusam-se mutuamente pelo fracasso de mais uma tentativa para pôr termo a cinco anos de guerra na Síria.
Os Estados Unidos já condenaram o ataque, fazendo questão de referir que o destino da coluna humanitária era conhecido do regime sírio e da Rússia. O Governo russo ainda não reagiu.
O ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Marc Ayrault, também já condenou o ataque, que, segundo diz, ilustra a urgência do fim das hostilidades na Síria.
A trégua apoiada pelas duas superpotências, Rússia e Estados Unidos, tinha por objectivo colocar fim a cinco anos de um conflito que já matou mais de 300 mil pessoas e obrigou milhões a abandonar as suas casas.
O cessar-fogo resultante do acordo russo-americano nunca tinha sido formalmente aprovado pelos rebeldes.
Fim-de-semana de acusações
No sábado, um ataque aéreo liderado pelos Estados Unidos matou, pelo menos, 80 militares sírios. Aviões russos estavam, na mesma altura, a bombardear o local. Moscovo convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Durante a reunião, a embaixadora norte-americana na ONU, Samantha Power, pediu desculpa pelo erro, mas não poupou os russos, a quem chamou “cínicos” e “hipócritas”.
“Desde 2011, o regime de Bashar al-Assad tem, intencionalmente, atacado alvos civis com regularidade, tem impedido ajuda humanitária a pessoas que passam fome e têm doenças tratáveis, usou armas químicas contra o seu povo e torturou dezenas de milhares de pessoas nas prisões”, afirmou depois em conferência de imprensa.
Fonte:rr.sapo.pt
Foto:RTP
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