Uma médica afro-americana foi convidada a voltar ao seu lugar quando, durante um voo para o Havai, se ofereceu para prestar apoio a um passageiro que se estava a sentir mal.
Há uns dias, a notícia de Tamika Cross, uma mulher que, por ser negra, foi impedida de socorrer um passageiro durante um voo da Delta Airlines, correu mundo.
Agora, um caso semelhante, ocorrido na mesma semana e na mesma companhia aérea, está a ser divulgado na Internet.
Tudo aconteceu quando Ashley Denmark, uma médica da Carolina do Sul que seguia num avião que fazia a ligação entre Seattle e o Havai, se apercebeu de que precisavam da sua ajuda.
Depois de quase uma hora de voo, uma hospedeira da companhia americana perguntou, através do sistema de comunicação, se havia um médico ou um enfermeiro presente na aeronave.
“Saí do meu lugar e dirigi-me à frente da cabine onde fui recebida por duas mulheres caucasianas e uma comissária de bordo da Delta. Rapidamente perguntei: ‘O que está a acontecer? Sou médica, como posso ajudar?‘”, conta.
O passageiro já estava a ser assistido por duas enfermeiras mas, por ser médica, Ashley ofereceu-se para assumir a tarefa.
“Fui imediatamente recebida por olhares perplexos de todas as mulheres. A hospedeira perguntou: ‘É médica?’, ao que eu respondi ‘Sim’”, continua.
“A minha resposta só confirmou um olhar ainda mais perplexo. Virou-se e começou a falar com outra hospedeira. Eu estava ali porque alguém no avião estava a precisar de assistência médica e ninguém me levava ao passageiro”.
“Finalmente, uma das passageiras caucasianas, que já tinha dito que era enfermeira, voltou a perguntar-me o mesmo. ‘Então tem de mostrar as suas credenciais para prová-lo’”.
Disposta a provar que era médica, Ashley nem teve tempo de o fazer porque foi aconselhada pela comissária de bordo a voltar ao seu lugar.
“Temos duas enfermeiras que chegaram primeiro. Pode voltar para o seu assento. Se precisarmos de mais ajuda vamos procurá-la”, recorda.
“O que aconteceu? Afirmei ser médica licenciada e, em vez de ser levada ao passageiro que precisava de ajuda, pediram-me que voltasse ao meu lugar porque duas enfermeiras já estavam lá para tratar da situação. Aparentemente, as enfermeiras e as assistentes de voo não acreditaram que eu era médica“.
“Se não porque outro motivo seriam enfermeiras autorizadas a tomar conta da situação quando havia um médico a bordo? Não era pela cor da minha pele certo?”.
Além deste episódio, Ashley relata que este tipo de preconceito é uma coisa bem mais habitual do que gostaria.
“Como médica afro-americana estou muito familiarizada com este tipo de cenário. Apesar da superação, bons resultados académicos e obtenção do título ainda recebo olhares esquisitos quando me apresento como Dra. Denmark”, lamenta.
“Geralmente, sou confundida com uma assistente, uma empregada de limpeza, uma secretária, uma enfermeira ou uma estudante, mesmo quando estou com a bata branca. Sou mais vezes chamada por estes nomes do que por ‘doutora’”.
A médica decidiu partilhar esta história depois de ler as notícias sobre Tamika Cross, na esperança de que este tipo de mentalidade possa mudar de vez.
Tal como Ashley, a obstetra e ginecologista ofereceu-se para ajudar um passageiro num voo da companhia aérea mas não conseguiu porque foi sujeita a um interrogatório por uma das hospedeiras.
Outro médico acabou por oferecer assistência, que foi imediatamente aceite, sob a justificação de que “tinha as credenciais”.
Aparentemente, o homem simplesmente “parecia” um médico – mais do que Tamika.
ZAP / Hypeness
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