Bom dia!
"Vou manter-vos em suspense", disse Trump. No último dos três debates com Hillary Clinton, Trump admitiu não reconhecer os resultados eleitorais. O tom, como sempre, foi marcado por ele, mas Hillary Clinton subiu o volume. A Isabel Lucas viu o debate num bar bem perto da fronteira com o México. E a descrição que ela nos faz, do debate e do local, é uma delícia.
Suspense a sério é o que vem de Marte. A Agência Espacial Europeia está ainda sem sinais do seu módulo Schiaparelli, que já terá aterrado em Marte, mas nunca mais deu sinais de vida. O cenário não parece favorável, mas como assinala o nosso Editorial, não será um falhanço no último minuto que fará da missão uma derrota. Daqui a nada haverá uma conferência de imprensa, já saberemos as novidades.
Em Kiev, o Benfica quebrou o gelo. Não só pela vitória à moda argentina, mas pelo que aconteceu também em Itália. Feitas as contas, o Benfica já é terceiro no seu grupo da Liga dos Campeões, mas já tem a qualificação à mão.
Quem voltou a brilhar, e a grande altura, foi Messi. Leonel Messi.
O tema do dia
Num só dia, somaram-se os problemas na maioria de esquerda.
Desde logo na polémica dos salários da CGD, onde Catarina Martins avisou Costa que o tema não acabou. A verdade é que o PCP alinhou no tom eaté Marcelo veio a público dizer que "não é desejável" que os gestores da Caixa recebam o mesmo que os do privado. A verdade é que as críticas foram inconsequentes: na AR, a oposição não se entendeu sobre um modelo alternativo ao proposto pelo Governo e, pelo menos para já, António Domingues tem luz verde para continuar. Esta noite, António Costa foi questionado directamente por uma militante do PS sobre o "escândalo" e respondeu assim:"Infelizmente o ordenado do primeiro-ministro é mais baixo do que os da banca. Mas não me queixo". Eis porquê.
Problemas, também, nas novas regras de recibos verdes. O Bloco tinha anunciado um acordo com o Governo, o PCP não se ficou e reclamou a autoria da ideia. Quanto ao Governo, disse que o anúncio do acordo "é prematuro" e que há várias soluções "em estudo". Ficamos em quê, então? Numa competição, como explica a Maria Lopes.
Mais um: no debate sobre o Conselho Europeu que começa hoje, Bloco e PCP deixaram claro a Costa que não compram o acordo de comércio livre que a Europa está a discutir com o Canadá - e que não compram também o outro, que está a ser negociado com os EUA. O primeiro-ministro prometeu manter o Parlamento informado, mas não pareceu preocupado com esta 'oposição'.
Noite fora, mais um sinal numa notícia do Jornal de Negócios: uma demissão na 'geringonça'. Glória Teixeira, convidada pelo BE para integrar o grupo de trabalho sobre política fiscal, acusa a falta de transparência do processo e critica o Governo por ignorar a luta contra a fraude no IRC, enquanto mantém a sobretaxa de IRS.
Quase entre parênteses, registe ainda esta dúvida mais terrena sobre as novas restrições ao tabaco, aprovadas pelo Governo, que mereceram ontem reservas de vários deputados, incluindo do PS.
Mas se quiser um sinal de alerta, o importante é registar estes dois focos de tensão entre BE e PS, de que vamos ouvir falar muito nos próximos tempos. Os temas passam pelas pensões e novo complemento salarial, onde o Bloco já vai deixando avisos. Hoje, numa entrevista ao Negócios, Catarina Martins deixa isso bem claro: não haverá apoio para cortar nas pensões mínimas, tão pouco veremos o Bloco no Governo enquanto existir uma coisa chamada Tratado Orçamental.
Dito tudo isto, fica a pergunta: tanta divisão quer dizer o quê? Para já, nada.
E o que é que há mais?
Muitas notícias. Desde logo a manchete do seu PÚBLICO de hoje: o Governo discute hoje a reabertura de todos os serviços que fecharam no interior. Explico melhor: o Conselho de Ministros analisa hoje a proposta do grupo de trabalho para a coesão territorial, que propôs a António Costa reabrir os serviços que encerraram nos últimos anos. No total, são mais de 1000 escolas e 50 unidades de saúde. Veremos o que decide o Executivo (incluindo sobre estas outras propostas para mudar o Interior).
O que o Governo já decidiu é que vai renegociar os fundos europeus em 2017. Numa entrevista ao PÚBLICO, o ministro Pedro Marques explica porquê, diz que quer reabrir as negociações com a Brisa ("um elefante na sala") e garante que as resistências ao novo aeroporto civil no Montijo serão "ultrapassadas com bom senso". Para ler aqui.
Mas há mais uma entrevista: o PÚBLICO e a Rádio Renascença juntaram-se numa parceria e falaram, esta semana, com Pedro Ferraz da Costa. O presidente do Fórum para a Competitividade diz que "estamos pendurados em coisas muito ténues". E acrescenta que este Governo não dá qualquer confiança aos investidores. Pode ver, ouvir ou ler (conforme preferir) aqui.
Mais uma notícia: o IEFP vai ter que definir um plano trimestral para cada desempregado. A Raquel Martins conta-lhe o que sabe das novas regras, mas também o que a portaria do Governo não diz.
Nos outros jornais, anote a preocupação do Governo com a aparente descoordenação das polícias na caça ao homem mais procurado do país, que faz manchete no DN.
Também o interesse chinês em investir na costa Alentejana (notícia viaNegócios).
E dois problemas que parecem não ter fim na banca: mais uma factura do BPN (DN); e mais saídas prováveis do Novo Banco (JdN).
Hoje é importante
Passam 100 dias desde que Theresa May chegou ao poder, que são 100 dias de um Reino Unido mais nacionalista. O PÚBLICO deixa-lhe um trabalho assinalando, ponto a ponto, o que está a mudar em terras de Sua Majestade. E a nossa Teresa de Sousa acrescenta a isso este "May Way", que vale muito a pena ler.
Theresa May junta-se hoje, ainda, ao Conselho Europeu, que se reúne ao fim do dia com uma agenda carregada, mas menos pesada do que tem sido habitual. Quanto ao BCE, todos esperam sinais de Draghi no final do encontro de hoje, mas não decisões.
Por cá, abre o Doclisboa, com paragem obrigatória por alguns portuguesesque estão em competição. E estreia o novo Woody Allen: Café Society não basta para anunciar um regresso aos seus melhores dias, mas é suficiente para nos avisar que seria descuidado pô-lo já de lado, avisa o Luís Miguel Oliveira. Para mim, é mesmo paragem obrigatória.
Só mais um minuto...
Para lhe chamar a atenção para este Portugal raro, num tempo de sombras. No final da década de 1960, o fotógrafo Neal Slavin conseguiu umretrato precioso de um Portugal em decadência de regime. Quase 50 anos depois, ele regressou para fechar aquele que foi o trabalho mais importante da sua vida, como nos conta (e mostra) o Sérgio B. Gomes.
Queria também mostrar-lhe uma exposição que vai abrir contra o (anunciado) regresso da guerra fria, um tema por onde já passei esta semana. Ah! Importante dizer-lhe que é em Paris.
Acha longe e caro? Bom, não será exatamente igual, mas talvez não seja mau passar os olhos por este texto: é que em Novembro não vai ser preciso dinheiro para ir a Itália. Basta estar disposto a trocar umas noites num hotel pela disponibilidade para fazer uns serviços.
É com esta ideia que termino. Com aquele desejo habitual, mas sincero, de que tenha um dia feliz. Já sabe: quando tiver um minuto passe por aqui. E, se tiver oportunidade, por aqui também. Nós agradecemos.
Até já!
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