Lisboa torna-se por estes dias na “Davos para geeks“, acolhendo mais de 50 mil participantes, oriundos de 165 países, para a Web Summit. O evento veio para Portugal após uma “missão secreta” de Paulo Portas e é uma grande aposta do governo para captar investimento.
A conferência global, considerada por muitos a maior cimeira tecnológica e de empreendedorismo do mundo, reúne em Lisboa, entre 7 e 10 de Novembro, mais de 50 mil participantes, incluindo sete mil presidentes executivos, 700 investidores e algumas das maiores empresas mundiais de tecnologia como a Google, o Facebook e a IBM.
Na Web Summit também se falará de desporto, de música e de cinema, contando com a participação do actor Joseph Gordon-Levitt, do músico Ne-Yo, de Seth Farbman, do Spotify, e de Marian Goodell, do festival Burning Man, dos ex-futebolistas Luís Figo e Ronaldinho Gaúcho, do surfista Garret McNamara e da atleta Patrícia Mamona.
Haverá ainda representantes de vários governos e Durão Barroso, cuja polémica contratação pelo banco de investimento Goldman Sachs ainda não assentou, vai também intervir no evento.
Governo vai “andar atrás” do dinheiro
O governo de António Costa tem-se empenhado particularmente na cimeira e o secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, destaca que a Web Summit é uma óptima oportunidade para “mostrar ao mundo um Portugal sofisticado, moderno, tecnológico” e para “mostrar as nossas empresas e atrair investimento”.
Em entrevista à Rádio Renascença, o governante assume que vai andar “andar atrás deles”, dos empreendedores com dinheiro para investir, considerando que a missão do governo é a “atracção de investimento que crie riqueza e postos de trabalho”.
Também a maioria das 67 startups portuguesas seleccionadas para representarem Portugal na Web Summit vai participar na cimeira com a esperança de encontrar investidores e de se dar a conhecer, segundo os resultados de um questionário elaborado pela agência Lusa.
A “missão secreta” lançada por Paulo Portas
Esta primeira edição da Web Summit em Lisboa, onde o evento deve permanecer até 2020, surge depois de uma “missão secreta” lançada por Paulo Portas, ex-vice-primeiro-ministro.
O ex-governante conta à Rádio Renascença que percebeu que a Web Summit “era um evento com uma capacidade de atracção de startups e de motivação da económica digital e de levantamento de fundos muito importante para boas ideias e bons negócios“.
“Lembro-me de ter enviado uma missão sigilosa, através da AICEP, contactar com a organização do Web Summit e a partir daí tratou-se de preparar com tempo uma proposta portuguesa que fosse muito competitiva e que convencesse a Web Summit a transferir-se de armas e bagagens para Portugal“, refere ainda Paulo Portas.
O ministro da Economia, Caldeira Cabral, admite, também na Renascença, que os “louros” do evento em Lisboa são fruto do trabalho de “continuidade” dos dois governos, relevando o “esforço do anterior Governo” e notando que o actual Executivo quer manter esse mesmo empenho para que a Web Summit fique por cá “cinco, seis, sete” anos.
Costa anuncia apoio de 200 milhões para a inovação
O primeiro-ministro aproveitou o fulgor em torno da Web Summit para anunciar um investimento de 200 milhões de euros do Estado, no âmbito de um programa de co-investimento, para empresas inovadoras que precisam de capital de risco.
“O Estado põe 200 milhões de euros, mas quem decide a sua aplicação são os investidores internacionais ou nacionais que escolhem as melhores empresas, os melhores projectos, a quem é necessário assegurar venture capital [capital de risco] para poderem arrancar e desenvolver a sua actividade“, anunciou António Costa, na sessão de abertura da Venture Summit, no âmbito da Web Summit.
O governante nota que os alvos deste investimento são os “sectores mais inovadores e mais disruptivos, da robótica à biotecnologia“, que “têm encontrado dificuldades em encontrar financiadores que estejam capacitados e aptos a perceber os novos desafios e as novas oportunidades dos novos negócios”.
Com o nome “Programa 200 M, coinvest with the best” (“co-investir com os melhores”), esta iniciativa visa colocar “o dinheiro acessível às pessoas certas para realizar os projectos certos”, destaca António Costa.
ZAP / Lusa
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