Apesar de serem “Soldados da Paz”, os bombeiros portugueses estão dispostos “a desenterrar o machado da paz para fazer a guerra”.
O alerta foi deixado este domingo, por ocasião do Dia do Bombeiro Português, comemorado em Cascais, pelo presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses Jaime Marta Soares que, segundo avança o jornal online Cascais24, também está a ser alvo de criticas por parte da Federação Distrital de Lisboa por alegada “incapacidade e incompetência nas negociações” com a tutela.
Intervindo na presença do Presidente da República e da ministra da Administração Interna, Jaime Marta Soares questionou: “Porque é que os poderes públicos não respondem favoravelmente às propostas que lhe são apresentadas pela Liga?”.
A ministra Constança Urbano de Sousa, que tutela a Autoridade Nacional de Proteção Civil, da qual, por sua vez, dependem os corpos de Bombeiros, elogiou o papel dos “Soldados da Paz” e destacou a sua importância, mas não respondeu a qualquer crítica ou exigência da Liga.
Já o Presidente da República falou breves minutos, afirmando apenas que o fazia com “emoção e orgulho”, orgulho de ser Presidente “de uma pátria que tem os melhores bombeiros do mundo”.
A revolta e o descontentamento dos bombeiros portugueses prende-se, por um lado pela falta de investimento e, por outro nas recentes declarações do secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, o qual, na apresentação do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais no Parlamento, afirmou que a “comparticipação aos bombeiros que integram o dispositivo vai manter-se nos 45 euros por dia, sublinhando que um bombeiro recebe, ao final do mês, 1.350 euros, montante que totaliza uma despesa para o Estado de 22 milhões de euros por ano”.
Estas afirmações do governante “incendiaram” os corpos de Bombeiros, que exigem um pedido de desculpas, uma vez que o secretário de Estado “omitiu que os bombeiros não podem ser escalados 24 horas consecutivas durante 30 dias seguidos”, assegurou, a Cascais24, um responsável pela Federação dos Bombeiros do Distrito de Lisboa, que esteve ausente das comemorações em sinal de protesto. A Federação congrega 56 associações humanitárias e corpos de Bombeiros, que mobilizam mais de 8 mil voluntários.
A lei de financiamento às associações humanitárias de bombeiros, aprovada em 2015 pelo anterior Governo PSD/CDS-PP, constitui outro sinal de descontentamento. É que, apesar do financiamento manter-se nos 25,7 milhões de euros de 2016, este ano há 210 corporações de bombeiros que vão receber menos dinheiro, enquanto outras 203 viram o seu orçamento aumentado. “O problema é que, com esta lei, o financiamento às corporações de bombeiros passou a ser feito de acordo com critérios assentes no risco e na atividade dos corpos de bombeiros, como índice do risco de incêndio, número de ocorrência, população, área geográfica e número total de operacionais”, avança o Cascais24, que cita a mesma fonte da Federação dos Bombeiros do Distrito de Lisboa, segundo a qual “a própria Liga dos Bombeiros Portugueses tem “demonstrado incapacidade e incompetência em negociar e defender os reais interesses do setor”.
Momentos altos da comemoração do Dia do Bombeiro Português, este domingo, em Cascais, foram o acendimento da pira com o facho trazido pela corporação de Faro e a entrega da Bandeira Nacional ao estandarte da Liga dos Bombeiros Portugueses.
Fonte: JN
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