segunda-feira, 29 de maio de 2017

Empreender como Zuckerberg. Sem risco

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4.0 Tecnologia, inovação e empreendedorismo
 
 
  João Pedro Pereira  
Fazer a mesma coisa não implica os mesmos riscos para todos os que a fazem – este é um facto que às vezes parece escapar àqueles que, no mundo do empreendedorismo, veneram a capacidade de arriscar e, de forma mais ou menos velada, olham sobranceiramente para quem não arrisca.

REUTERS/Brian Snyde
Mark Zuckerberg lembrou, na semana passada, que ser empreendedor (tal como acontece com tudo o resto) é mais fácil quando há uma rede familiar que permita boas condições de partida e que ampare a queda caso as coisas corram mal. As declarações fazem parte de um discurso feito para os recém-licenciados de Harvard, a muito prestigiada (e cara) universidade de que Zuckerberg desistiu para se concentrar no Facebook. O discurso pode ser lido e ouvido na íntegra aqui. Eis uma passagem:
“Os maiores sucessos vêm de ter a liberdade de falhar. (...)
Há algo de errado com o nosso sistema quando eu posso sair daqui e fazer milhares de milhões de dólares em dez anos, enquanto milhões de estudantes não conseguem pagar os seus empréstimos, quanto mais começar um negócio.
Olhem, eu conheço muitos empreendedores, e não conheço uma única pessoa que tenha desistido de começar um negócio porque poderia não ser capaz de fazer dinheiro suficiente. Mas conheço muitas pessoas que não foram atrás dos seus sonhos porque não tinham um colchão onde cair se falhassem.
Todos sabemos que não somos bem-sucedidos apenas por termos uma boa ideia e trabalharmos muito. Somos bem-sucedidos também porque temos sorte. Se eu tivesse de sustentar a minha família enquanto cresci, em vez de ter tempo para programar, se eu não soubesse que ficaria bem se o Facebook não funcionasse, não estaria aqui hoje. Se formos honestos, todos sabemos quanta sorte tivemos.”
De seguida, Zuckerberg apelou a que seja estudada a hipótese de um rendimento básico universal, que dê a toda a gente “um colchão para experimentar coisas novas”.
A mensagem ecoou por entre os leitores do PÚBLICO: o artigo sobre o discurso foi o mais lido da semana na nossa secção de Tecnologia e foi amplamente partilhado no Facebook.  
O que Zuckerberg disse não tem nada de novo e é até óbvio. Mas tem um enorme peso por ser ele a dizê-lo e deve ser ouvido por quem olha de lado para os jovens que “preferem” arranjar um emprego numa empresa estabelecida.  
Zuckerberg – cuja inteligência, visão e trabalho contribuíram para fazer dele um empresário de enorme sucesso que transformou a forma como nos relacionamos e comunicamos – fez bem em lembrar o mundo que muitos empreendedores, como ele próprio, não arriscaram assim tanto.

Digno de nota

- O programa de computador AlphaGo, desenvolvido pela empresa DepMind (da Alphabet, que também é dona do Google) derrotou sem margem para dúvidas o melhor jogador do mundo do milenar, e muito complexo, jogo Go. A máquina ganhou os três jogos contra Ke Jie, numa partida realizada na China. O triunfo (semelhante ao que a IBM conseguiu há 20 anos, quando o computador Deep Blue derrotou Garry Kasparov) ilustra os avanços da inteligência artificial, uma tecnologia (ou conjunto de tecnologias) que está progressivamente a inundar o quotidiano.
Entretanto, nos EUA, um grupo de investigadores pôs software inteligente a jogar videojogos, para demonstrar que há uma característica humana que pode ser incorporada nos algoritmos e ajudar as máquinas a aprender: a curiosidade.
 - A bitcoin, a mais conhecida das divisas digitais, alcançou novos máximos, numa subida a que não é alheia a especulação. Outras divisas que assentam na tecnologia de blockhain (uma base de dados descentralizada) também estiveram em alta.
 - A Web Summit, a grande feira de startups que desde o ano passado se realiza em Lisboa, começou a divulgar os oradores. Por ora, a percentagem de mulheres (que tradicionalmente são uma minoria nos círculos da tecnologia) ainda é reduzida
4.0 é uma newsletter semanal dedicada a tecnologia, inovação e empreendedorismo. O conteúdo patrocinado nesta newsletter não é responsabilidade do jornalista. Críticas e sugestões podem ser enviadas para jppereira@publico.pt. Espero que continue a acompanhar.

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