Bradley, de seis anos, morreu esta tarde. Pouco antes, a TSF escreveu esta história sobre a amizade com Defoe, que culminou nas lágrimas do avançado na apresentação pelo Bournemouth.
-- Uma vez fui vê-lo ao hospital. Ele pediu à mãe para apagar a luz e disse-me para me deitar com ele. Ele tapou-me. Queria apenas ficar assim, abraçado...
Esta é a história da amizade mais bonita do futebol atual. Bradley Lowery, um rapaz de seis anos com um cancro terminal, tem em Jermaine Defoe um herói. Em troca, ganhou um melhor amigo.
A dupla conheceu-se quando Bradley era a mascote do Sunderland, clube onde o avançado jogou entre 2014 e 2017. Numa tarde qualquer, em dia de jogo, o pequenote visitou o balneário dos craques do clube do coração. Havia uma selva de pernas, um amontoado de arranha-céus feitos de gente. Como se houvesse um túnel entre ambos, eliminando o ruído à volta, Bradley foi ter com Defoe, o goleador que dera nas vistas a vida toda, principalmente no Tottenham e na seleção inglesa. O miúdo sentou-se no colo de Defoe, mostrou-lhe as botas e conversaram. Eram amigos desde o primeiro segundo.
"Desde aquele momento exato a ligação começou e ele é uma criança incrível. As pessoas falam obviamente do que eu levo para a sua vida, mas posso honestamente dizer o quanto ele me mudou como pessoa", desabafou o jogador.
Desde então, Bradley tem acompanhado Defoe em vários jogos, sempre de mão dada ou agrafado ao pescoço do atleta. Até na final da Taça de Inglaterra, em Wembley, ou num jogo da seleção nacional (Joe Hart, o capitão, até deixou a dupla ir à frente). Foi curiosa a reação do garoto durante o hino inglês. Bradley virou-se para trás e abraçou as pernas do avançado inglês.
Bradley sofre de neuroblastoma. A família comunicou há sensivelmente 24 horas que, embora oiça o que lhe dizem, o filho deixou de reagir. O fim aproxima-se. Aquando da apresentação no novo clube, o Bournemouth, na quinta-feira, Defoe não conteve as lágrimas e pediu um minuto para respirar fundo antes de falar.
"Tem sido difícil", desabafou, para depois passar a bola ao silêncio, enquanto limpava as lágrimas que lhe afogavam a vista. "Tem sido duro, isto mantém-se há tanto tempo. Tentei ser forte pela minha família e pela dele, mas não sei como meter em palavras o que sinto. É especial ter aquele tempo com o Brads."
E continuou: "Eu falo com a sua família todos os dias e, há uns dias, estive com ele e foi duro ver o quanto ele sofria. Eu pensava que estava preparado para isto depois do que passei com o meu pai. Foi tão difícil ver um miúdo daquela idade a passar aquilo por tanto tempo. Ele está a lutar pela vida, obviamente. Será uma questão de dias..."
Defoe admitira há pouco tempo que sempre quis jogar bem pela sua família, mas que agora não esquece Bradley quando entra em campo. "Não há um dia em que acorde e não olhe para o telefone ou pense no pequeno Bradley, porque o amor dele é genuíno e consigo vê-lo nos olhos dele. É especial."
Basta navegar um pouco pelas redes sociais para se perceber que muita gente está emocionada com esta amizade. Defoe marcou muitos golos na sua carreira, mas este é o mais incrível, que entrou ao ângulo depois de fintar e voltar a fintar dez adversários.
"Ele estará sempre no meu coração para o resto da minha vida. O que posso dizer? Estamos lá para a família dele, até para seguir em frente. É difícil. Coloca as coisas em perspetiva..."
Fonte: TSF
Foto: Twitter de Jermain Defoe
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