quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Desafio a Centeno# Endogamia académica# Dias perigosos na Catalunha



P
 
 
Enquanto Dormia
 
David Dinis, Director
 

Viva, 
aqui estão as notícias das últimas horas:

A noite foi de de tensão em Barcelona, com a polícia catalã a ter que intervir para que a Guarda Civil espanhola conseguisse sair dos edifícios do governo da região. Segundo o El Pais, quase 40 mil pessoas cercavam o edifício madrugada fora, protestando contra a detenção de responsáveis pela organização do referendo da independência. O tema é o nosso destaque de hoje, pelo que já voltarei a ele. 
Trump tem mesmo o procurador especial à perna. Robert Mueller, que lidera a investigação ao suposto conluio entre a Administração norte-americana e Moscovo, pediu todos os documentos sobre, entre outras coisas, a demissão do director do FBI e reuniões entre o Presidente e responsáveis russos - uma das quais na Sala Oval. O The New York Times, que contou a história, explica como isso mostra que a investigação já é sobre o próprio Presidente.
Na América, entretanto, a Reserva Federal anunciou o fim da medidas excepcionais da crise de 2008. A carteira de dívida gigantesca que está nas mãos do banco central vai começar a ser vendida em Outubro. Mas a taxa de juro fica como está.
Da ONU, sobra um silêncio e um escândalo. O silêncio é de Donald Trump, que não diz se o Irão está, ou não, a cumprir o acordo nuclear (apesar de todos os restantes signatários, reunidos esta noite, dizerem que sim). O escândalo é dos abusos sexuais praticados pelas suas forças de manutenção da paz: no Congo há 700 denúncias feitas, diz a Associated Press
E falta falar-lhe do Benficaque mudou tudo menos o resultado (e vão três jogos sem ganhar). E também do Real Madrid, que parece ter combinado uma crise com os da Luz.

No Público hoje

Uma manchete que põe a nu uma realidade: no ensino superior não é o mérito que comanda as contratações, mostra um estudo da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação. O facto: cerca de 70% dos docentes doutoraram-se na instituição onde leccionam. A conclusão: endogamia académica (ou um mundo em circuito fechado).
Contamos-lhe também sobre o último desafio a Mário Centeno: a três semanas da entrega do OE 2018, um deputado do PS juntou um grupo de economistas e fezum estudo para convencer o Governo a gastar mais para ajudar a economia (explicando no link pelo Sérgio Aníbal). Na entrevista ao PÚBLICO e Renascença, Paulo Trigo Pereira mostra que o desafio é também para Bloco e PCP: “Não é possível fazer tudo ao mesmo tempo, isso é alquimia”. Dou-lhe ainda mais uma leitura sobre o assunto - é que um dos autores da proposta é o Ricardo Cabral, cronista do PÚBLICO, que aqui defende que "é possível ambicionar mais".
O Governo tem outros desafios à espera. Por exemplo este: já com a greve cancelada, juízes apelam a Marcelo. Ou um outro, com o ministro da Saúde a falar de um quase acordo com os médicos, que os sindicatos rejeitam. Ou ainda este, vindo da sua esquerda: o PCP a pedir mais salário mínimo, férias e subsídio de desemprego.
O PS vai contentando uns pedidos, como o da tarifa social na botija de gás e talvez até os preços máximosE contrariando outros, como os relativos à zona franca da Madeira.
Com António Costa em Nova Iorque, puxando pelo Brasil e Índia no Conselho de Segurança da ONU, as autárquicas animam-se com dois temas nacionais: os fundos comunitários (com Montenegro e Cristas a puxar pelos atrasos na execução) e a imigração, onde a líder do CDS diz ao PÚBLICO alinhar com a posição de Passos contra a nova lei da imigração. Curiosidade: nestas eleições há estrangeiros que são candidatos.
Quando a expectativas, elas estão altas para o PS: diz uma sondagem doNegócios que 59% dos eleitores acredita que os socialistas vão ganhar mais câmaras do que há 4 anos. Sobretudo os mais à esquerda. Daqui a 10 dias veremos. 

Paragem obrigatória

Nas leituras mais desenvolvidas da nossa edição de hoje:
1. Os dias de todos os perigos na Catalunha. Em nome da lei, Madrid abriuuma guerra sem recuo ao governo catalão, fazendo de tudo para travar o referendo independentista marcado para dia 1 de Outubro. Enquanto a Sofia Lorena nos enquadra, com o detalhe necessário para sentirmos a tensão, o Jorge Almeida Fernandes deixou-nos a análise que nos enquadra: "O referendo não se realizará. Mas o processo não acaba aqui. E as derrotas não são necessariamente negativas para os independentistas", diz-nos ele. A par do Jorge, deixo-lhe o José Pedro Teixeira Fernandes, com uma pergunta desafiadora: "A dívida soberana: o que aconteceria à Catalunha independente?". E o Editorial do dia, escrito pelo Nuno Pacheco. Chama-se "O insustentável desafio da Catalunha".
2. Nos comícios do AfD, Merkel é uma "traidora do povo alemão". No meio da campanha alemã está a Maria João Guimarães. Mais precisamente, no meio de uma acção de campanha do Pegida e do partido Alternativa para a Alemanha, os rostos da extrema-direita renascida naquele país. A história não sabemos como acaba, mas a reportagem começa assim: "As duas coisas acontecem mais ou menos ao mesmo tempo. Numa praça há medo e bandeiras, num teatro há abertura e música. De um lado, o movimento que diz que a Alemanha está a ser islamizada e quer lutar contra isso; do outro, uma iniciativa de encontro entre refugiados e habitantes de Dresden.Para ler, aqui
3. A primeira vez dentro do laboratório de Nanotecnologia. O pó é o inimigo número um (e dois, e três). Papel não entra — a menos que seja feito a partir de celulose especial —, o telemóvel tem de ser desinfectado com álcool, vários objectos do dia-a-dia estão interditos, sobretudo se tiverem velcro. Quem entra tem de vestir um fato completo, daqueles que lembram filmes de ficção científica, e permanecer numa câmara, onde jactos de ar são libertados, durante 15 segundos. Após perto de 15 minutos de preparação, estamos, por fim, na sala limpa do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), em Braga. É a primeira vez em anos que um jornalista lá entra, no laboratório onde se inventa uma sociedade mais segura. A Ana Maria Henriques conta-nos o que viu.

O dia à nossa frente

Com a campanha das autárquicas a correr, o Governo volta a receber os sindicatos para discutir o descongelamento de carreiras no Estado. E Marcelo junta o Conselho Superior de Defesa, dois meses depois de Tancos (mas com o tema fora da agenda oficial). Lá fora, à margem da Assembleia-Geral da ONU, há reunião marcada entre Trump, Moon Jae-in, and Shinzo Abe, para falar do "rocket man" (na linguagem trumpiana).
Espero que o dia lhe corra bem. E se não tiver começado bem, fica um último link, para um texto da Isabel Salema: a culpa de todo este cocó só pode ser de Freud. Calma, é de arte que ela fala ;) 
Dia bom! Até já!

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