Passado o período de férias, volto com o espírito renovado a este nosso espaço semanal de reflexão dos acontecimentos que marcam a actualidade nacional. E imbuído com o mesmo espírito de ver e viver Moçambique a partir da diáspora, proponho-me, nestas linhas desprovidas de ciência, a reflectir Moçambique com o maior grau possível de racionalidade e sensatez de modo a contribuir para a diversidade de opinião na nossa sociedade.
Embora estivesse de férias, estive atento a todos os acontecimentos que marcaram a actualidade nacional durante o período sabático, desde a "auto-atribuição" de competências feita pela polícia no que tange a fiscalização rodoviária até as últimas exigências de Dhlakama, que envolvem uma revisão constitucional feita, para bem dizer, às calhas e às correrias, realidade que, a meu ver, trará muitos problemas se não for tido em conta o devido esmero que exige este processo tão complexo e importante para a segurança e certeza jurídica de qualquer Estado.
Sendo tudo isso, até o próximo senão, águas passadas, e não sendo permitido jogar a um jogador que andou na galhofa e passado período de jogo apareça equipado e exija jogar, acho mais sensato abordar a recusa por Daviz Simango do "presente envenenado" ora oferecido pelo governo central.
Como se diz na gíria "na política vale tudo", e é neste valer tudo que encontraremos fundamento para os acontecimentos que caracterizarão em grande parte a política nacional. Os mais dorminhocos serão tirados pontos e os mais espertos usarão a tentativa de lhes ser tirado pontos para mostrar o quão malévolo são os seus adversários.
É nesta lógica de ideias que analiso a recente contenda entre o edil da Beira, Daviz Simango, e o governo central. Ao recusar a gestão da extinta Empresa de Transportes da Beira (TPB), que a edilidade da Beira herdou do governo central, Daviz Simango demonstra uma atitude de alguém atento e acautela-se desta forma a não perder pontos num futuro próximo, uma vez estando a empresa em causa prenhe de problemas mal resolvidos pelo antigo gestor dentre os quais se destaca os contenciosos com os trabalhadores que são um barril de pólvora pronto para explodir a qualquer hora.
O Governo do partido no poder ao aproveitar o processo de descentralização e agir desta forma e não apresentar resposta para os condicionalismos apresentados por Daviz Simango dá-nos motivos mais que claros para não vermos mais do que uma tentativa de passar problemas por ele criado para o outro na esperança de tirá-lo pontos num futuro próximo.
Por Miguel Luís
Fonte: Jornal A Verdade
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