“(...) Me dirijo a todo o povo moçambicano e à comunicada internacional para informar que os consensos alcançados no dia 11 de Julho de 2018, na cidade da Beira, com o Sr. Ossufo Momade, coordenador da Comissão Política da Renamo, culminaram hoje com a assinatura de um Memorando entre o Governo e a Renamo sobre os assuntos militares” comunicou à Nação o Presidente Filipe Nyusi nesta segunda-feira (06). A liderança do maior partido da oposição não esteve presente no evento nem reagiu à comunicação do Chefe de Estado até ao fecho desta edição. A fazer fé nas últimas palavras de Momade este documento é o primeiro passo de um processo que ainda será longo que deverá culminar com a entrega das armas a uma instituição da qual a Renamo também faça parte em termos de chefia.
O documento, que não foi assinado na presença de jornalistas nem foi tornado público, indica, de acordo com o Chefe de Estado, “de forma clara o roteiro sobre os assuntos militares e os passos subsequentes e determinantes de uma paz efectiva e duradoura no que tange ao desarmamento, desmobilização e reintegração”.
O Presidente Nyusi disse ainda na sua comunicação à Nação que: “Anunciaremos os passos subsequentes que dependiam do Memorando hoje concluído” e pediu à Comunidade Internacional que “acompanhe e apoie o processo de descentralização, desarmamento, desmobilização e sobretudo a reintegração dos homens armados da Renamo, nosso irmãos”.
O líder interino do maior partido da oposição não esteve presente no evento e o @Verdade não conseguiu obter uma reacção oficial do partido Renamo até ao fecho desta edição.
É que entre os consensos alcançados no passado dia 11 de Julho, segundo o Presidente de Moçambique, ficou acordado que num prazo de 10 dias a liderança da Renamo iria apresentar a lista dos seus oficiais para ocuparem os cargos nos postos previamente acordados nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e na Polícia da República de Moçambique (PRM).
“A entrega das armas é a última de todas as etapas”
Ultrapassado o prazo Ossufo Momade revelou ao semanário Canal de Moçambique a apresentação da lista das suas “forças residuais” na verdade ficou condicionada ao documento assinado nesta segunda-feira (06). “(...) Quando conversamos no dia 11, havíamos combinado para que pudéssemos elaborar um Memorando de entendimento, e é esse memorando de entendimento que deve ser assinado. Acontece que a elaboração desse memorando de entendimento ainda não terminou”.
De acordo com o líder interino do partido Renamo rubricado este Memorado, segue-se o reenquadramento dos seus membros que já estão “marginalizados” nas FADM e só “depois de esse processo terminar é que vamos integrar as forças residuais da Renamo na Policia da República de Moçambique e nas várias unidades”.
Questionado pelo semanário Canal de Moçambique sobre a entrega das armas que o partido tem na sua posse em quantidade desconhecida Momade deixou claro que: “A entrega das armas é a última de todas as etapas. Para nós, o mais importante não é a entrega das armas, é aonde e a quem vamos entregar as armas. Nós não vamos entregar as armas a uma instituição ou grupo de pessoas que depois vai usá-las contra nós. Nós também pensamos. Queremos entregar as armas a uma instituição credível, e não ao partido Frelimo. E uma instituição de que nós também façamos parte”.
Importa recordar que faz parte das exigências do maior partido da oposição integrar os seus homens nos Serviços de Informação e Segurança do Estado (SISE).
“Qual é o receio que a Frelimo tem de ter membros da Renamo no SISE. Se estamos a tratar da reconciliação nacional, é certo que os membros da Renamo são cidadãos nacionais. Não há nenhuma confiança com este SISE. Se a Renamo não estiver lá, nada terá sido feito”, declarou Momade Ossufo ao semanário Canal de Moçambique.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
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