Pequim, 13 mai (Lusa) - O
Governo chinês desejou hoje que o Brasil garanta a "estabilidade
política", depois do Senado ter aprovado na quinta-feira o afastamento da
Presidente brasileira Dilma Rousseff, com 55 votos a favor e 22 contra.
"Esperamos que todas as
partes consigam gerir a atual situação e mantenham a estabilidade política e o
desenvolvimento económico e social", afirmou, em conferência de imprensa,
Lu Kang, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
A China tornou-se, em 2009,
o principal parceiro económico do Brasil, ultrapassando os Estados Unidos da
América, e o seu maior investidor externo.
No ano passado, o volume das
trocas comerciais bilaterais cifrou-se em 71,80 mil milhões de dólares (66,07
mil milhões de euros), menos 17,37% face a 2014.
Lu Kang garantiu que Pequim
"está a seguir os desenvolvimentos da crise política no Brasil", mas
evitou mostrar o seu apoio a Rousseff.
"China e Brasil são
parceiros estratégicos complementares. Concedemos grande importância ao
desenvolvimento das relações bilaterais e acreditamos que as relações amistosas
e de cooperação mutuamente benéfica prosseguirão", declarou, recorrendo às
palavras habitualmente usadas pela diplomacia chinesa.
Já a imprensa chinesa dá
hoje destaque de primeira página à notícia que marca a atualidade no Brasil,
com alguns jornais de referência a dedicar toda a capa ao acontecimento, numa
atitude invulgar para com países estrangeiros.
O principal jornal oficial
de língua inglesa, o China Daily, publica uma foto-legenda que exibe em
primeiro plano o tumulto entre a polícia militar e manifestantes contrários ao
'impeachment', concentrados em frente ao Senado.
O julgamento representa
"o fim de 13 anos de um Governo de esquerda no maior país da América
Latina", descreve o diário.
Também a versão em chinês do
Global Times, jornal do Partido Comunista Chinês, dá eco à notícia com um
extenso artigo que preenche toda a primeira página, e quase metade da última.
O diário cita as palavras de
Dilma Rousseff à saída do Planalto, em que garante não ter cometido qualquer
crime e compara a sua destituição a um golpe de Estado.
Brasil e China são ambos
membros fundadores do grupo BRICS, que é também composto por Rússia, Índia e
África do Sul, enquanto o Brasil é o nono maior acionista do Banco Asiático de
Investimento em Infraestruturas, a primeira instituição financeira
internacional proposta por Pequim.
JOYP // VM
Publicada por TIMOR AGORA
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