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A maioria dos
coordenadores das Unidades de Saúde Familiar (USF) identifica a falta de
material para tratar utentes como o principal problema para o seu bom
funcionamento, conclui um estudo sobre cuidados de saúde primários em Portugal.
O estudo 'O
Momento Atual da Reforma dos Cuidados de Saúde Primários em Portugal
2015/2016', a que a Lusa teve acesso, revela que "91% das USF referem ter
tido falta, no último ano, de material considerado básico" para a sua
atividade normal.
Segundo os
resultados divulgados, dessas unidades, 32% referem ter "faltado material
entre três e dez vezes" e 36,3% "mais de dez vezes".
Os dados para o
estudo, desenvolvido pelos médicos André Rosa Biscaia e António Pereira e pela
psicóloga Ana Rita Antunes, foram obtidos através de um questionário realizado
aos coordenadores das USF em funções.
A finalidade
foi "tomar o pulso à reforma e estabelecer um guião de forma a saber o que
é necessário para que as condições das USF continuem a melhorar", indicou
André Rosa Pereira.
Cerca de 62,9%
dos 450 coordenadores participaram no inquérito, efetuado em abril de 2016, o
que, segundo o médico, demonstra o "empenho das USF na monitorização,
avaliação e melhoria da reforma".
A falta de
equipamento informático, a falha nos sistemas de informação e a falta de
recursos humanos para o atendimento telefónico foram outros dos problemas mais
referidos pelos coordenadores.
De acordo com
André Rosa Biscaia, a maior parte dos utentes recorre ao atendimento telefónico
para contactar as unidades de saúde, mas este método "é uma fonte de
problemas e de conflito diário nas USF", situação que "piorou com as
alterações nos contratos".
"Passados
dez anos da reforma, só metade da população é que está coberta" por uma
destas unidades, referiu o médico, para quem este é o principal fator negativo,
podendo, no entanto, ser colmatado com a abertura das 44 unidades que efetuaram
a candidatura para tal.
Apesar da
insatisfação quanto a estes fatores, verifica-se "uma melhoria no acesso
da população aos cuidados, uma maior satisfação dos profissionais e dos utentes
quanto aos serviços, bem como uma maior eficiência", acrescentou.
Naquela que é
a sétima edição deste estudo, 92% dos coordenadores indicaram que uma maior
autonomia dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) podia trazer melhorias e
resolver os problemas com maior celeridade e eficiência.
O estudo 'O
Momento Atual da Reforma dos Cuidados de Saúde Primários em Portugal 2015/2016'
vai ser apresentado hoje, na Universidade de Aveiro, durante o 8.º Encontro
Nacional das USF - Unidades de Saúde Familiar, subordinado ao tema 'Cuidados de
Saúde Primários: a aposta do novo ciclo político?'.
Fonte: Lusa
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