O secretário-geral do PS, António Costa, encerrou hoje com uma nota de otimismo o 21.º Congresso do partido, uma reunião que decorreu sem sobressaltos e quase sem críticos.
"Sim, o país é capaz", disse o líder socialista, no final da sua última intervenção no Congresso, na qual pediu aos socialistas e aos portugueses que "sejam otimistas".
Ao terceiro dia, o slogan "Prometemos, cumprimos" deu lugar ao "Cumprir a esperança" e António Costa dedicou uma parte do seu discurso a falar de União Europeia: considerou imoral e injusto que possam ser aplicadas sanções a Portugal pelo incumprimento do défice mas fez questão de salientar que, se por vezes é difícil ser socialista no quadro da atual União Europeia, "fora da União Europeia não é possível ser socialista".
Sobre as sanções, o líder socialista agradeceu as intervenções dentro e fora do país do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, no Congresso socialista, apelando a um consenso partidário nesta matéria -- desafio que ficou sem resposta clara por parte de PSD e CDS-PP, que assistiram à sessão de encerramento dos trabalhos.
O secretário-geral do PS e primeiro-ministro fez questão de elogiar vários ministros do seu Governo mas foi a defesa ao titular da pasta da Educação -- comparando a coragem de Tiago Brandão Rodrigues contra os 'lobbies' à de António Arnaut na saúde - que fez levantar o Congresso.
Dezenas de manifestantes protestaram hoje de manhã à porta da FIL (Feira Internacional de Lisboa, onde decorreu o Congresso) contra os cortes dos contratos de associação entre Estado e colégios privados, um protesto ruidoso com buzinas, bombos e cartazes.
No discurso de Costa, de cerca de uma hora, ficaram ainda alguns anúncios, como a criação de uma nova prestação para cidadãos com deficiência, um programa nacional destinado à requalificação de adultos, além do reiterar da promessa de manuais escolares gratuitos para quem iniciar primeiro ciclo no próximo ano letivo.
Um plano para aumentar a área do regadio em cerca de 90 mil hectares e nova legislação autárquica a aprovar até ao final do ano foram outros dos compromissos deixados no discurso de Costa.
Sobre os próximos desafios eleitorais, ficou a palavra de Costa a Vasco Cordeiro, que no outono tentará reconquistar a presidência do Governo Regional dos Açores, e o reiterar de que o PS concorrerá sozinho na maioria das autarquias.
No entanto, o secretário-geral socialista admitiu que o PS possa apoiar presidentes de Câmara independentes que estejam a fazer um bom trabalho -- numa referência indireta a Rui Moreira, no Porto.
Na votação para a Comissão Nacional, a lista da direção, encabeçada pela secretária-geral adjunta Ana Catarina Mendes, conseguiu perto de 93% dos lugares (233 em 251), e a lista alternativa de Daniel Adrião apenas 18.
Muitos dos principais dirigentes do PS não integram a Comissão Nacional, porque vão fazer parte da Comissão Política ou do Secretariado Nacional, que serão eleitos numa futura reunião do novo órgão, que deverá realizar-se no próximo dia 15.
Para a história do 21.º Congresso do PS, que decorreu quase sempre num tom morno, ficará uma única intervenção crítica de um militante destacado, Francisco Assis, que subiu ao palco para defender que o Governo está suportado numa aliança contranatura e vive numa liberdade muito condicionada.
Com alguns apupos durante a intervenção -- mas no final aplaudido pelo secretário-geral e hoje mencionado no seu discurso de encerramento -, o eurodeputado socialista fez questão de reiterar a sua posição contra a atual solução governativa, sublinhando que o PS diverge do Bloco e do PCP em todas as questões essenciais.
Sérgio Sousa Pinto, outro dos críticos da chamada 'geringonça', optou por não discursar ao Congresso por considerar que tal não seria útil para o partido e aceitou integrar a Comissão Nacional do PS.
Manuel Alegre foi, como habitualmente, uma das intervenções que mais entusiasmou o Congresso e deixou o principal alerta sobre autárquicas: "É objetivo essencial ganhar as autárquicas para garantir e reforçar a sustentabilidade do Governo e para evitar certas tentações".
Alegre e outros destacados socialistas, como Carlos César, Ana Catarina Mendes, Pedro Nuno Santos ou João Galamba, foram repetindo a defesa da chamada 'geringonça' e negaram qualquer mudança ideológica ou radicalismo no PS.
O momento mais unificador do Congresso registou-se com a subida ao palco do ex-primeiro-ministro socialista António Guterres, que não marcava presença numa reunião magna dos socialistas há 16 anos.
Fonte: jn
Foto: Lusa
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