Hong Kong, China, 04 jun (Lusa) -- Jovem
ativistas em Hong Kong distanciam-se da tradicional vígilia de homenagem às
vítimas do massacre de Tiananmen que tem hoje lugar no Parque Vitória, entre
crescentes pedidos na cidade para uma maior autonomia em relação à China.
A vigília que todos os anos atrai
milhares de pessoas ao Parque Vitória, em Hong Kong, divide os pró-democratas
que acreditam que as vítimas da Praça de Tiananmen devem ser lembradas e os que
consideram que a mensagem do evento é cada vez mais irrelevante.
Hong Kong e Macau são os dois únicos
territórios na China onde é permitido assinalar, com iniciativas públicas, a repressão
de 04 de junho de 1989.
Mas os jovem ativistas ligados ao novo
movimento "localist" dizem que Hong Kong deve lutar pela sua própria
autonomia, ou mesmo independência, em vez de se centrar na democratização do
interior da China -- a principal mensagem da vigília.
O movimento 'localism' ganhou força na
antiga colónia britânica após o fim dos protestos pró-democracia em 2014, que
falharam na conquista de maiores concessões da China na reforma política de
Hong Kong.
Um crescente número de associações de
estudantes recusaram participar na vígilia, afirmando que os organizadores
estão alheados das aspirações de Hong Kong.
"Queremos colocar a ênfase na luta
pela democracia em Hong Kong", disse Althea Suen, presidente da Associação
de Estudantes da Universidade de Hong Kong (HKUSU), ao falar dos objetivos da
sua geração.
A construção de uma China democrática
não é "nossa responsabilidade", disse Suen.
A Federação de Estudantes de Hong Kong
(HKFS, na sigla em inglês), um dos membros fundadores da Aliança de Apoio aos
Movimentos Democráticos Patrióticos na China, que organiza anualmente a
vigília, não vai participar este ano no evento.
"A Aliança perdeu o contacto com a
população de Hong Kong", disse Jocelyn Wong, da HKFS.
"A vígilia de velas não fez nenhum
progresso nos últimos 27 anos", acrescentou.
A Universidade de Hong Kong e a
Universidade Chinesa de Hong Kong organizam hoje fóruns alternativos nos
respetivos campus, ao mesmo tempo em que vai decorrer a vigília no Parque
Vitória.
Já a organização da vígilia disse que
apesar de não ter conseguido atingir o objetivo final de fazer com que as
autoridades chinesas admitam a repressão, a iniciativa ajudou a manter a
memória viva.
Richard Tsoi, da Aliança de Apoio aos Movimentos
Democráticos Patrióticos na China, disse que se a vigilia acabar, Tiananmen vai
ser considerado um "não-assunto", devido à repressão de Pequim.
Centenas de pessoas - ou mesmo mais de
um milhar segundo algumas estimativas -- morreram depois que o regime chinês
enviou tanques para a Praça de Tiananmen, esmagando as manifestações no coração
de Pequim, onde manifestantes estavam concentrados há sete semanas para pedir
reformas democráticas.
Considerado pelo governo como "uma
rebelião contrarrevolucionaria", o movimento iniciado por estudantes das
universidades de Pequim continua a ser um tema tabu no interior da China.
Richard Tsoi estima uma participação de
pelo menos 100.000 pessoas na vigília em Hong Kong. Em 2015 participaram
135.000 pessoas, segundo números da organização.
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Publicada por TIMOR AGORA
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J. Carlos
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