Foto:RTP |
O coordenador da Rede Nacional de
Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) revelou hoje que, a partir de 01 de
Julho, vão começar a abrir unidades de saúde mental em todas as regiões do
país, que irão apoiar cerca de 300 pessoas.
Em entrevista à agência Lusa, a
propósito dos 10 anos da criação da Rede, Manuel Lopes explicou que as unidades
de cuidados continuados de saúde mental irão ter "diferentes
tipologias" para "responder a necessidades de aproximadamente 300
pessoas em todo o país".
"As unidades piloto que queremos
para a área da saúde mental não são unidades que promovam a
reinstitucionalização, mas que promovam a proximidade e levem os cuidados o
mais possível a casa das pessoas", adiantou o coordenador nacional para a
reforma do Serviço Nacional de Saúde na área dos cuidados continuados
integrados.
O objetivo é que as pessoas com
dependência psicossocial possam permanecer nas suas casas, junto das suas
famílias e das equipas de saúde que lhes dão apoio.
Manuel Lopes explicou que "são
tipologias que estão na comunidade" e "simulam muito a casa das
pessoas, sempre com um número reduzido de doentes".
A referenciação das pessoas para estas
unidades será feita pelos profissionais de saúde que as acompanham nos
hospitais ou nos cuidados de saúde primários.
No decorrer deste este ano serão também
ser abertas unidades de cuidados continuados pediátricos.
"Nos dois casos arrancamos com um
ano de experiência-piloto, um aspeto "particularmente importante",
porque não há experiências anteriores nesta área, disse o responsável.
"Precisamos de reunir um conjunto
de condições que nos permitam durante um ano acompanhar essas unidades de muito
perto e irmos aprendendo, em conjunto, que tipo de alterações precisamos de
introduzir (...) para que correspondam às necessidades das pessoas que
pretendem cuidar", acrescentou.
Fazendo um balanço dos 10 anos da rede,
assinalados a 06 de junho, Manuel Lopes afirmou que foi a "primeira grande
alteração do Serviço Nacional de Saúde", com a criação de um novo nível de
cuidados, e correspondeu a uma necessidade que decorre da "incidência e
prevalência de situações de dependência".
"A rede não é um conjunto de
instituições que funcionam como lares de terceira idade mais
diferenciados", disse, observando que a "maioria esmagadora das
pessoas" sai da rede "com muito menos dependência e nalguns casos com
independência".
Isto quer dizer que "a rede está a
cumprir os seus objetivos", embora seja preciso "aprofundar na sua
dimensão e nalguma especialização da resposta".
"Olhando para as aprendizagens do
passado, aquilo que constatámos foi que ao longo destes 10 anos se privilegiou
essencialmente a resposta" institucional, mas neste momento é "claro
para nós que o âmago de uma rede desta natureza deve ser a casa das
pessoas", disse Manuel Lopes.
Nesse sentido, o "grande
investimento" terá de ser feito na criação de equipas que levem os
cuidados a casa das pessoas, "um esforço que depende essencialmente do
Estado porque são equipas que dependem dos agrupamentos de centros de saúde".
Para obter uma melhor prestação de
cuidados em casa, Manuel Lopes defendeu a aposta na colaboração com entidades
até agora afastadas deste desafio, como as autarquias.
"Queremos a participação de setores
(...) como as autarquias e outro tipo organizações da sociedade civil que sejam
capazes de criar movimentos" para que possam ser feitas pequenas
alterações na casa das pessoas para estas viverem "com mais segurança e
com mais dependência".
Fonte: Lusa
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J. Carlos
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