Macau, China, 04 jun (Lusa) - O Governo
de Macau desistiu de entregar por ajuste direto o projeto de reconstrução do
antigo Hotel Estoril da cidade ao arquiteto português Álvaro Siza Vieira, por
ter decidido abrir um concurso público.
Segundo afirmou o secretário que tutela
a Cultura no Governo de Macau, Alexis Tam, o arquiteto português já foi
informado da decisão e será convidado a participar no concurso público.
"Vai ser convidado, em vez de ser
adjudicação direta. [O ajuste directo está] de acordo com a legislação. Só que
isso foi a ideia do ano passado. Hoje em dia, a situação é diferente porque
muitos arquitetos querem concorrer. No fim, é uma questão política",
afirmou Alexis Tam, citado hoje pela Rádio Macau.
Segundo o secretário, "em Macau
também há bons arquitetos", um concurso público é "mais
transparente".
O Governo de Macau convidou Siza Vieira
em abril do ano passado para reconverter o edifício do antigo Hotel Estoril num
centro de artes e escolas artísticas direcionado para os jovens.
O arquiteto português defendeu
publicamente a demolição e a não manutenção da fachada do edifício, associado
ao início da exploração de casinos pelo magnata Stanley Ho e, portanto, à
história da maior indústria do território.
Surgiu então um debate sobre a
requalificação do edifício, que está abandonado desde os anos de 1990, e o seu
eventual valor patrimonial e histórico, tendo o Governo de Macau lançado uma
consulta pública e encomendado um inquérito.
Em setembro, a associação de urbanistas
de Macau Root Planning lançou uma petição para pedir a avaliação do valor
patrimonial do antigo hotel Estoril e piscina adjacente.
A 15 de março deste ano, o Conselho do
Património Cultural de Macau decidiu que o edifício não será classificado.
Um dos conselheiros, o arquiteto Carlos
Marreiros, disse nesse dia aos jornalistas que foi recolhida "muita
informação e documentação" pelas autoridades e pelo Conselho e que a
estrutura que existe atualmente, na praça do Tap Seac, no centro de Macau, é o
resultado de acrescentos a uma construção modernista original dos anos de 1950
que "tinha grande qualidade".
No entanto, "tudo isso se
desfez" a partir do início dos anos de 1960, quando Stanley Ho ganhou a
concessão do jogo em Macau e iniciou essa atividade no Hotel Estoril, com o
edifício original a ser acrescentado e a ter "várias versões" desde
então.
"O que resta hoje é um somatório de
um edifício com vários postiços sobre uma pré-existência que era bonita",
afirmou Carlos Marreiros, explicando que foi sofrendo adaptações até aos anos
de 1990, "não tem qualquer qualidade" e está também
"descaracterizado por dentro".
"A equipa projetista" e o
Governo têm agora liberdade para decidir o que fazer com a estrutura, incluindo
com o mural que está na fachada, explicou.
Ao longo dos anos, foram vários os
projetos pensados para aquele espaço, incluindo o acolhimento da Escola
Portuguesa de Macau, mas todos foram abandonados.
MP//GC
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J. Carlos
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