O Presidente da República afirmou hoje que os responsáveis políticos estão "a fazer o que podem" para combater os problemas evidenciados pelos fogos, mas sublinha que é preciso mais, para garantir há um empenho duradouro, prolongado e persistente.
"Ou isto serve para mudarmos mesmo de vida ou o que é que andamos a fazer aqui? Andamos os mais responsáveis dos responsáveis para quem os outros olham e dizem: "Os senhores estão aí e estão a fazer o que podem?" Acho que os responsáveis estão a fazer - todos. Mas provavelmente ainda não chega. É preciso mais", defendeu Marcelo Rebelo de Sousa, que falava durante o Congresso Nacional dos Queimados, que decorre em Pedrógão Pequeno, concelho da Sertã, perto de Pedrógão Grande.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, "há empenho a todos os níveis" e o país já mudou depois dos grandes incêndios de 2017, mas essa mudança, vincou, tem de ser suficiente, duradoura, prolongada, persistente e constante.
Num discurso centrado na necessidade de mudança do país em relação ao interior, tal como frisou, por diversas vezes, no sábado, em Castanheira de Pêra, o chefe de Estado explicou que as intervenções que fez no passado "um pouco drásticas" relativamente à responsabilidade em relação aos incêndios não tinham "nada de tático, estratégico ou pessoal".
Antes, a necessidade que sentia e sente de haver uma real coesão do país.
O movimento para uma mudança no interior, notou, já arrancou e "sensibilizou todos os responsáveis políticos", mas "é preciso levar mais longe aquilo que já foi feito", por forma a corresponder "às expectativas suscitadas".
"O renascer começou quando toda a sociedade portuguesa percebeu que havia uma responsabilidade sua - nossa - naquilo que se tinha passado. Uma responsabilidade colectiva, com décadas, porventura, com séculos de inação ou de omissão", que criou "portugais" a diferentes velocidades, sublinhou.
No entanto, a questão, aclarou, não é saber se Portugal mudou, porque "mudou irreversivelmente" depois dos incêndios.
"Resta saber se mudou o suficiente" e se mudará de forma duradoura, disse.
"O grande desafio que se coloca agora a nós, como país, é sabermos se além de termos mudado, mudámos o suficiente. Isto é, hoje estamos aqui, um ano volvido. E daqui a um ano? Quando estivermos a poucos meses das eleições estaremos cá os mesmos? Estarão os mesmos com a mesma preocupação, com a mesma mobilização?E no ano seguinte em que não há eleições? Estaremos os mesmos a retirar as lições do passado e a construir o futuro? E os passos que vai sendo preciso dar, para além dos já dados, do que já começou, esses passos continuarão a ser dados? E compreender-se-á que o essencial só muda se deixar de haver o desconhecimento, o afastamento, a ignorância?", perguntou Marcelo Rebelo de Sousa.
O incêndio que deflagrou há um ano em Pedrógão Grande (distrito de Leiria), em 17 de junho, e alastrou a concelhos vizinhos provocou 66 mortos e cerca de 250 feridos.
As chamas, extintas uma semana depois, destruíram meio milhar de casas, 261 das quais habitações permanentes, e 50 empresas.
Em outubro, os incêndios rurais que atingiram a região Centro fizeram 50 mortes, a que se somam outras cinco registadas noutros fogos, elevando para 121 o número total de mortos em 2017.
Lusa
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