quinta-feira, 5 de março de 2020

Só 33 por cento das poucas unidades sanitárias em Moçambique prestam serviços básicos de cirurgia

Foto do HCM
Somente 33 por cento das 1.651 unidades sanitárias públicas prestam serviços básicos de cirurgia em Moçambique, revela um inventário do Ministério da Saúde, que constata: “avaliando as três dimensões (normas, equipamento e medicamentos e insumos), verifica-se fraca disponibilidade de normas de cuidados cirúrgicos básicos”.

Para além das unidades sanitárias públicas serem poucas no nosso país, uma está para 10 mil habitantes, apenas “33 por cento prestam serviços básicos de cirurgia, sendo a sutura o procedimento mais disponível. Os procedimentos cirúrgicos básicos menos disponíveis são a biópsia de linfonodos ou de tumoração e a traqueostomia, pois apenas 2 por cento das unidades sanitárias dispunham destes serviços”, revela o Inventário Nacional sobre a Disponibilidade e Prontidão de Infra-estruturas, Recursos e Serviços de Saúde.

O documento, analisado pelo @Verdade, considera como serviços de cirurgia básicos a drenagem de abcessos, limpeza e desbridamento de feridas, suturas, gestão inicial de queimaduras (inclusive as de terceiro e quarto grau), tratamento de fracturas fechadas, traqueostomia, circuncisão masculina, drenagem toráxica e avaliou, durante o ano de 2018, a prontidão para a sua provisão mediante a disponibilidade de: afastador cirúrgico, tesouras cirúrgicas, aspirador, bisturi, desinfectante para pele, fios para sutura, garrote, ketamina, oxigénio, porta agulhas, ambu para adultos e pediátrico e sondas nasogastricas.


“A disponibilidade média dos elementos indicativos é de 41 por cento (em média as unidades sanitárias tinham 6 a 7 dos 16 elementos indicativos). Apenas 1 por cento de unidades sanitárias dispunha de todos elementos indicativos de prontidão de serviços de cirurgia básica. Dos elementos indicativos, a Lidocaína injectável na concentração de 1 ou 2 por cento estava disponível em 99 por cento das unidades sanitárias, e o afastador-cirúrgico estava disponível em 6 por cento”, constatou o estudo.

O Inventário, tornado público semana passada, indica ainda que “as unidades sanitárias da província de Sofala apresentam o índice de prontidão mais elevado (78 por cento) e as de Nampula e Manica apresentam os índices mais baixos (35 por cento para cada província). Avaliando as 3 dimensões (normas, equipamento e medicamentos e insumos), verifica-se fraca disponibilidade de normas de cuidados cirúrgicos básicos. Por outro lado, a disponibilidade de medicamentos e insumos é alta. A província de Sofala apresenta um padrão diferente comparado com outras províncias, com um índice de disponibilidade de equipamento elevado em relação aos medicamentos e insumos”.


Realizado pelo Instituto Nacional de Saúde o documento recomenda: “É uma prioridade melhorar a eficácia, segurança e equidade na provisão de serviços cirúrgicos. Procedimentos cirúrgicos básicos podem ser oferecidos em unidades sanitárias de nível primário, enquanto que cirurgia mais complexa requer recursos humanos mais especializados e salas bem equipadas, e são geralmente oferecidos em hospitais distritais ou de nível de referência acima destes”.

Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique

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