quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Angola. APENAS 35% DAS ESCOLAS PRIMÁRIAS TÊM ÁGUA PARA BEBER

Estudo sobre as condições foi realizado em 600 escolas primárias de seis províncias. Em 45% delas, os alunos defecam ao ar livre.

A UNICEF Angola realizou um estudo sobre as condições de água e saneamento em 600 escolas primárias de seis províncias, tendo chegado à conclusão que cada uma das escolas visitadas “carece de um ambiente higiénico sanitário favorável”.

O estudo “Água e saneamento nas escolas de Angola” destaca que “em média cerca de 310 alunos partilham um cubículo, o que se transforma num factor inibidor para o acesso aos quartos de banho ou latrinas”.

Outro factor especificado “é o acesso a água para beber, pois somente 35 por cento das escolas tem água para beber disponível e 62 por cento não possuem qualquer fonte adstrita”, diz o comunicado enviado ao Rede Angola.

“Comparativamente ao tratamento, 24 por cento das escolas inquiridas responderam que davam algum tratamento a água para consumo, 76 por cento não tratavam a água mas tinham imensos problemas de saúde com os alunos segundo os directores”, ressalta.

De acordo com o estudo, feito no âmbito do projecto Escolas Amigas da Criança nas províncias de Luanda, Cunene, Bié, Huíla, Namibe e Huambo, pela UNICEF (agência das Nações Unidas para a infância) e pela Direcção Nacional do Ensino Geral, “a média de acesso pelos alunos a casas de banho é de 58 por cento, sendo o uso de latrinas de 29 por cento, e a prática de defecação ao ar livre de cerca de 45 por cento. Nestas situações 44 por cento defecam ao lado da escola e 45 por cento no mato”, diz a nota.

“O diagnóstico teve como objectivo analisar os possíveis obstáculos ou áreas de estrangulamento ao programa de água, saneamento e higiene nas escolas em Angola. Esta avaliação serve para abrir caminho a um debate sobre o acesso à água, saneamento e higiene, bem como no planeamento e orçamento adequada para escolas primárias”, refere.

O relatório, a ser apresentado amanhã, no Hotel Trópico, em Luanda, ressalta também que “uma das razões apontadas para o agravamento situação é a falta de investimentos públicos quer a nível das escolas como das administrações municipais para que se possa manter as operações e a manutenção diariamente. Algumas escolas do ensino primário carecem de adjudicação directa de fundos e estão impossibilitadas de fazer gastos constantes”, avalia o documento.

“Estes números demonstram que as escolas podem ser um espaço pouco favorável para a promoção da saúde das crianças visto que as doenças diarreicas, causadas na maior parte das vezes pela falta de saneamento e fraco acesso a água potável, são responsáveis por 18 por cento das mortes de menores de cinco anos, sendo muito comuns em crianças em idade escolar”, reforça a nota.

Rede Angola

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