quinta-feira, 18 de agosto de 2016

MAIS DE 3 MILHÕES DE PORTUGUESES FORAM AO HOSPITAL COM FALSAS URGÊNCIAS


 
COD Newsroom / Flickr
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O número já ultrapassa em 134 mil pessoas o período homologo do ano passado. Lisboa e Vale do Tejo é a região do país com mais falsas urgências.
No primeiro semestre de 2016, perto de 3,2 milhões de portugueses dirigiram-se até a um hospital com falsas urgências, mais 134 mil pessoas do que no mesmo período do ano passado.
É esta a conclusão do Diário de Notícias que, esta quinta-feira, divulga os dados da Administração Central do Sistema de Saúde. A região de Lisboa e Vale do Tejo é o caso mais grave.
Segundo o jornal, as pulseiras verdes, azuis e brancas – consideradas pouco ou não urgentes – foram 46,6%, o valor mais alto das cinco regiões do país.
Dos 13 hospitais da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, cinco subiram o número de não urgentes.
Entre eles estão o Centro Hospitalar de Lisboa Norte (50%), de Loures (54%), o Garcia de Orta (48%) e o hospital Amadora-Sintra (54%).
Apesar desta região ser o caso mais flagrante, os dados da ACSS mostram que este problema aumentou em 22 hospitais do país, havendo 12 unidades acima dos 40% e 8 que ultrapassam os 50%.
No Norte, a situação é menos significativa mas fazem parte deste top oito das pulseiras pouco urgentes o Centro hospitalar Póvoa do Varzim, Santa Maria Maior e hospital Senhora da Oliveira.

Os utentes não têm culpa

Em declarações ao jornal, Rui Nogueira, presidente da associação dos médicos de família, recorda que esta situação, sobretudo em Lisboa, é provocada pelo “aumento da população inscrita nos centros de saúde” e “uma ligeira descida de médicos de família”.
“Faltam cerca de 400 clínicos e 20% da população não tem médico de família. À partida esta é uma justificação para estes doentes que deveriam ir aos centros de saúde e vão à urgência. Se não temos capacidade para os atender, continuam a ir aos hospitais”, explica.
“É preciso olhar com cuidado para os dados. É preciso mudar a cultura de que nos hospitais são melhor atendidos e aumentar a capacidade de resposta dos centos de saúde”, afirma.
Na opinião do bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, “classificar estas como falsas urgências é abusivo” assim como “culpar os doentes”.
“As pessoas não têm capacidade para avaliar a sua situação e a triagem de Manchester define prioridades e não urgências”, declara.
“Os doentes vão à urgência porque precisam de uma resposta e ali sabem que têm“, acrescenta o bastonário, que vê “falta de capacidade dos centros de saúde e das consultas externas dos hospitais”.
De acordo com a ACSS, Portugal é um dos países da OCDE que historicamente regista um maior volume de idas às urgências.
ZAP

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