Vasco Câmara
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Prazeres deste Agosto
Cantar com Jacques Demy, cineasta comovente, enorme, muitas vezes citado (até como caução para toda a obra que se quer colocar em bicos de pés – veja-se o que se disse sobre La La Land e o que La La Land quis que se dissesse dele...), mas na mesma medida um cineasta esquecido. Dia 17, chegam dois clássicos, em novas versões digitais restauradas: Les Parapluies de Cherbourg (1964) e Les Demoiselles de Rochefort (1967).
Receber a música inesperada de Quazarz: Born on a Gangster Star e Quazarz Vs. The Jealous Machines, dois álbuns dos Shabazz Palaces, música que respira ainda nas margens do hip-hop, mas é massa sonora instável. ("É fácil dizer que eles representam o futuro, quando à sua volta existe tanta gente no passado, mas na verdade limitam-se a representar ou a reflectir um presente cada vez mais alienígena", escreve Vítor Belanciano). É futuro ou é presente? E Boo Boo, em que Toro y Moi carrega nos sintetizadores, é regresso ao passado? Francisco Noronha responde.
Ir à procura da luz vibrante das piscinas da Califórnia e dos campos do Yorkshire: Centro Pompidou de Paris, exposição de David Hockney, banho lascivo, carnal e, simultaneamente, delicado e imaterial.
Galgar mundos, a pé, sem postos de controlo ou linhas divisórias. A fotografia rebenta fronteiras. Fomos aos Encontros de Fotografia de Arles. Vamos a Arles:
Sérgio Gomes escreve: "Se se quiser testar a fotografia como a arte da evasão e do teletransporte, os Encontros de Arles deste ano são um bom ponto de partida. Isto, claro, com todas as vantagens de não termos de obrigar o corpo a percorrer enormes distâncias". Numa superfície de um quilómetro quadrado, há exposições com origens tão imensamente dispersas, que até podemos sonhar com a inexistência de uma disciplina como a geografia política, no seu esforço por nos lembrar que as fronteiras existem. Esta ´viagem leva-nos ao Irão e à América Latina. Conhecemos um país que está a fazer imagens novas para se libertar das imagens feitas - por isso é difícil sair da Igreja de Santa Ana, no coração de Arles, onde se mostra Iran, Année 38, sem a sensação de enorme surpresa. E entramos num continente, o latino-americano, com imagens feitas que parecem imagens novas.
Em Arles há Annie Leibovitz. E há Audrey Tautou. A primeira não abdica do estatuto de fotógrafa-estrela. Isso (já) não surpreende. A segunda, a actriz de O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, é uma surpresa: em Superfacial, tenta compreender, através da autorepresentação, o sucesso e a notoriedade. "Aquilo que podia facilmente transformar-se numa obsessão com a sua figura e consigo própria, transparece antes como um mundo secreto de reflexão sobre a sua condição de celebridade, um mundo em que a actriz famosa deixa de o ser para ser uma mulher que se observa e que finge ser outras personagens, como, aliás, qualquer ser humano."
Vamos viajar por este Ípsilon.
Mário Lúcio voltou aos discos, terminados os seus anos de ministro da Cultura de Cabo Verde: Funanight.
Eduardo Galeano, autor urugaio, jornalista, poeta, cronista, autor de ficção, e em tudo isso político, vai ser publicado pela Antígona, seis livros até ao final de 2018.
Serralves confronta-nos com uma novíssima geração nascida nos anos 1980 e que começou a trabalhar no auge da crise. Pedro Baía, nas nossas páginas, diz-nos quem são e o que fazem estes novos protagonistas da arquitectura do Porto.
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