Político conservador, católico praticante, casado no rito tridentino e pai de seis filhos
No corrupto mundo da política de nossos dias ainda existe isso? Onde se encontra essa avis rara (algo muito raro, excepcional), que transita na contramão do que ocorre hoje em quase todo o mundo?
Sim, essa avis rara existe e pode ser encontrada nada menos que na Câmara dos Comuns da Inglaterra. Chama-se Jacob Rees-Mogg [foto], tem 48 anos e pertence a uma das famílias católicas mais importantes da Inglaterra e da aristocracia do Reino Unido. Seu pai foi editor do “Times” de Londres[i].
“Este deputado é todo um personagem, tanto fora como dentro do Parlamento, destacando-se por sua fina ironia, seu peculiar sentido de humor, e por ser o máximo e um dos últimos representantes do conservadorismo britânico mais puro. Mas, antes de tudo, é um firme e fiel católico, defensor acérrimo da Igreja e da figura do papado”, em um país majoritariamente protestante. “Criado em um ambiente anticatólico, Jacob não se incomoda com o termo ‘papista’, antes o reivindica”.
Alegria pela paternidade
Quando já era pai de cinco filhos, ao chegar o sexto assim anunciou Jacob Rees-Mogg no Instagram o seu nascimento: “Helena e eu anunciamos com alegria que já temos nosso bebê, Sixto Domingos Bonifácio Cristóvão, irmão de Pedro, Maria, Tomás, Anselmo e Alfredo”.
“Nunca o nascimento do filho de um simples deputado da Câmara dos Comuns havia alcançado tanto eco na imprensa britânica. Os principais meios [de comunicação] publicam, nestes dias, que o membro do Partido Conservador, Jacob Rees-Mogg foi, aos 48 anos, pai pela sexta vez. E ser uma família tão numerosa não é o mais chamativo que aparece nesses artigos, mas sim o nome de seu filho”.
Esse católico de truz quer honrar os Santos pondo seus nomes nos filhos. Todos eles têm por isso mais de um nome, seja de santo ou de figuras ilustrativas de seu país. Sixto, o primeiro nome de seu sexto filho, que causou tanto alvoroço, foi para honrar os três Papas santos com esse nome. Com o segundo nome, Domingos, o deputado quis honrar o fundador da Ordem dos Pregadores ou Dominicanos. Já o terceiro nome foi dado em honra de São Bonifácio, santo inglês e padroeiro dos alemães. Finalmente, Cristóvão foi acrescentado para honrar o mártir São Cristóvão.
Jacob dera ao seu primogênito o nome de Pedro Teodoro Alfege em honra do primeiro Papa, de São Teodoro de Tiro e de Santo Alfege. Este último foi o primeiro bispo de Cantuária e nasceu em Somerset, região onde Jacob cresceu e da qual é representante político.
A segunda e única filha do deputado é Maria Ana Carlota Ema, em honra à Virgem e à sua mãe, Santana, e a Santa Ema da Saxônia.
O terceiro filho se chama Tomás Wenthworth Somerset Duston em honra de São Tomás Becket, mártir inglês. Anselmo Carlos Fitzwilliam é o quarto filho, para honrar Santo Anselmo de Cantuária, Doutor da Igreja e bispo dessa diocese.
O quinto filho é Alfredo Wulfric Leyson Pius, em honra do rei inglês Santo Alfredo, o Grande, e de São Wulfric de Haselbury, também britânico; e Pio para honrar o Beato Papa Pio IX, considerado “seu grande herói”, pois tem “qualidades admiráveis”, destacando sua “visão tradicional do Estado e da Igreja”. Apesar dessa preferência, o ínclito deputado diz que é “fã de todos os Papas”.
A fé em primeiro lugar
O curioso é que este político usa métodos muito simples em suas campanhas eleitorais. Acompanhado do filho mais velho, ele vai de casa em casa em seu distrito eleitoral, distribuindo folhetos com sua plataforma política. Com isso ele mantém um trato muito pessoal com a população, da qual se tornou muito conhecido, tanto pelo método de abordagem, quanto pela defesa dos valores morais e tradicionais, que lhe valeu ser reeleito três vezes pela circunscrição de North East Somerset, no sul do país, com um apoio cada vez maior dos eleitores.
Em suas campanhas ele não esconde que votaria inclusive contra seu Partido e seu Governo em questões nas quais sua fé e seus princípios são questionados. E não sofre com isso nenhuma pressão. Em 2014, por exemplo, quando estava em pauta o casamento homossexual, ele votou contra seu Partido, que apoiava essa infame paródia do verdadeiro casamento. “Sou católico romano”,afirmou, acrescentando que neste tipo de assunto de ordem moral os ensinamentos da Igreja prevalecem sobre a orientação de seu Partido. Na ocasião, Jacob havia dito que se opunha a determinada medida porque ela entrava em choque com o ensino católico, já que o matrimônio é um Sacramento.
Coerente com seu perfil conservador, ele costuma dizer que “não sou um ‘modernizador’”, destacando que “a estratégia de modernização deixou em segundo plano os problemas que realmente preocupam as pessoas”.
Nem aborto, nem eutanásia, nem suicídio assistido
A posição assumida por Jacob foi também muito firme nas tentativas de legalização do suicídio assistido no Reino Unido, finalmente reprovado pela Câmara. Em sua opinião, no fundo do debate há muitas semelhanças entre o que se passou com o aborto e o que poderá ocorrer com a eutanásia. Diz ele: “É muito fácil usar casos muito preocupantes para permitir circunstâncias excepcionais que se convertem com bastante rapidez em norma. E então se pressionam as pessoas para porem fim à sua vida, porque elas são uma carga para seus familiares. E assim sucessivamente”. Denunciou que o mesmo poderia ocorrer como com o aborto, “que passou de algo relacionado com a saúde da mãe para uma variedade a mais de anticoncepção”.
Jacob não se ilude quanto à dificuldade que há em defender sua fé como político: “Creio que vivemos em um mundo cada vez mais secular, apesar de um grande número de deputados ter crença religiosa. Mas a percepção é de que, como disse Alastair Campbell, ‘nós não nos ocupamos de Deus’, e isso tornou mais difícil que alguns políticos se sentissem cômodos em admitir sua fé”. Entretanto, ele assegura que Deus está acima de tudo, e que O defenderá sem medo: “Eu sou um filho fiel da Igreja”.
Coerente com isso, esse destemido deputado participa habitualmente de retiros, e em suas leituras espirituais destacam-se a vida de santos e a Bíblia. Sempre que suas obrigações parlamentares lhe permitem, ele assiste à Missa tradicional, segundo o rito extraordinário, no qual também se casou.
[i] Tomamos como base para este artigo o site http://www.religionenlibertad.com/diputado-honra-santos-papas-dando-varios-nombres–57903.htm
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