O jornalismo regional no Mato Grosso do Sul sempre desempenhou um papel muito importante no desenvolvimento das sociedades. O primeiro jornal da região sul, do então estado de Mato Grosso, nasceu em Corumbá, em 1877, foi “O Iniciador”. Naquela época a cidade de Corumbá era o principal centro urbano da região e pela hidrovia sustentava seu crescimento e sua comunicação com a metrópole, com a capital do país. A chegada da ferrovia no início do século mudou o centro de desenvolvimento urbano. De Corumbá o pólo urbano se transfere para Campo Grande. A consolidação desse local acontece com a criação do Estado de Mato Grosso do Sul no final da década de 1970, do século XX. Entretanto o jornalismo não fenece e Corumbá experimenta, até nossos dias, a persistência do jornalismo diário. Com a transferência da metrópole regional para Campo Grande o estilo de jornalismo praticado altera. Há um implemento das publicações ligadas aos partidos políticos.
Em Corumbá a existência do primeiro jornal da região sul de Mato Grosso. Em Dourados o mais antigo jornal diário em circulação. Esses fatos comprovam a importância do jornalismo regional em nosso estado. Num levantamento realizado entre 1996 e 1998, se detectou a publicação de jornais (diários, semanários, bissemanais, mensais, bimensais) em praticamente todos os municípios. São periódicos políticos, sindicais, associativos e empreendimentos de cunho jornalístico que caracterizam essas iniciativas. Entretanto os trabalhos que têm sustentabilidade acontecem nas cidades de médio porte. Três Lagoas, Corumbá, Coxim, Ponta Porã e Dourados detêm as maiores e melhores iniciativas. Devido às grandes dimensões do estado, esses empreendimentos ganham força regional e se identificam com a cidade e com os municípios a que servem. Apesar da presença, nessas localidades, dos jornais que possuem sede na Capital do estado, os jornais locais mantêm uma boa aceitação do leitor, ávido por informações locais e regionais.
O professor Dirceu Fernandes Lopes num trabalho sobre o perfil do jornal do interior de São Paulo, no texto A evolução do jornalismo em São Paulo, publicado pela Escola de Comunicações e Artes da USP em 1996, afirma que “ao contrário do leitor da Capital, que tem outros meios de informação sobre sua comunidade, o habitante do interior escolhe o próprio jornal de sua cidade para saber o que ocorre ao seu redor, no seu mundo. É no jornal local que o morador busca e encontra, numa linguagem acessível e própria, aquilo que interessa para o seu dia-a-dia”. Mais adiante Lopes ainda destaca que esse fato “leva o jornal do interior a ser a principal fonte de informação, transformando-o no melhor ponto de encontro de quem quer vender ideias com quem quer comprar ideias. Nada substitui a visão local. Há um processo natural de identificação do leitor com o jornal de sua cidade, independente de sua linha editorial, já que é esse veículo que informa o que interessa mais de perto a seus leitores”. Destaca Lopes que “os grandes meios impressos não eliminam os pequenos jornais porque não têm condições de atender algumas de suas funções, principalmente a divulgação de reivindicações da comunidade, além de expressar seus valores numa autêntica demonstração de veículos comunitários. Ao contrário do jornal da Capital, o jornal local faz parte da vida comunitária da cidade”.
Essa situação remete a necessidade de profissionais com formação superior em Jornalismo. Em Campo Grande há quatro instituições que formam jornalistas profissionais e esses devem buscar novas oportunidades nesse rico mercado regional. A demanda por jornalistas com formação superior está presente em todas as regiões. A necessidade de aprimoramento dos produtos jornalísticos regionais é fator preponderante no desenvolvimento desses veículos. As oportunidades para desenvolver os bons empreendimentos jornalísticos do interior do estado, estão continuamente presentes e terão respaldo do público, do leitor que se traduz por meio de assinaturas, de aquisição em banca, no aumento dos anúncios publicitários e de outras formas que constituem a receita dos empreendimentos.
O fortalecimento da imprensa regional se traduz também nas centenas de sítios web de notícias que existem no Estado. Pesquisadora do Programa de Mestrado em Comunicação da UFMS, Fernanda França, trabalha num levantamento exaustivo do universo de sítios web de notícias, seus formatos e procedimentos de produção jornalística; trabalho fundamental para conhecermos o “estado da arte” do ciberjornalismo regional.
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