Os media oficiais norte-coreanos indicaram esta terça-feira que o líder Kim Jong-un decidiu "observar um pouco mais" a conduta dos Estados Unidos antes de iniciar a ofensiva contra Guam.
A agência estatal norte-coreana informou esta manhã que Kim Jong-un pediu ao Exército para estar "pronto", caso decida atacar as ilhas Guam, no Oceano Pacífico. No entanto, o líder supremo da Coreia do Norte quis adiar o ataque e esperar pelas próximas movimentações dos Estados Unidos.
Na semana passada a Coreia do Norte garantia estar a finalizar o plano para o lançamento de quatro mísseis para a zona circundante de Guam, um enclave norte-americano no Pacífico e onde Washington tem importantes bases militares.
De acordo com os meios de comunicação oficiais norte-coreanos, Kim examinou os planos para bombardear os arredores de Guam e elogiou as tropas norte-coreanas, que afirmou estarem prontas para atuar a qualquer momento.
"Se os Yankees [expressão para designar norte-americanos] persistirem nas suas ações extremamente imprudentes e perigosas na Península Coreana ou na nossa vizinhança, testando o autocontrole da Coreia do Norte, tomaremos uma decisão importante, como já prometemos", disse o líder norte-coreano, citado pela agência estatal KCNA.
Guam mantém alerta
Apesar das palavras do líder norte-coreano, o Governo de Guam afirmou esta terça-feira que se mantém em alerta, manifestando confiança na proteção conferida pelos meios militares norte-americanos destacados na região, bem como pelo sistema antibalístico. No entanto, reiterou que "ninguém quer um confronto".
"Não há nenhuma indicação, com base nas nossas informações, que aponte para qualquer ataque com mísseis num futuro próximo ou distante", assegurou Ray Tenorio, assistente do Governador de Guam, em conferência de imprensa sobre a situação atual.
O jornal britânico The Guardian conta esta terça-feira que duas estações de rádio de Guam emitiram acidentalmente uma mensagem de alerta usada em situações de emergência civil. O alerta surgiu pouco depois da meia-noite (hora local) e fazia referência a um perigo iminente não especificado.
Segundo os esclarecimentos dos serviços de Segurança Interna, a emissão do alerta de 15 minutos - usado em situações muito específicas, como em ataques militares ou ataques terroristas - ficou a dever-se a "erro humano" nas duas estações.
Japão e Estados Unidos em cooperação
Na sequência das novas informações, Shinzo Abe e Donald Trump mantiveram uma conversa telefónica já depois do adiamento de Kim Jong-un.
Os líderes do Japão e Estados Unidos concordaram que "o mais importante é evitar que a Coreia do Norte avance com o lançamento", segundo declarações de Abe aos meios de comunicação japoneses.
Abe afirmou que, na conversa, Trump concordou que uma coordenação entre Washington, Tóquio e Seul é essencial, e que Pequim e Moscovo, bem como a restante comunidade internacional, também devem ser envolvidos.
A ameaça sobre Guam "elevou as tensões regionais como nunca antes", disse Abe, em declarações à agência noticiosa japonesa Kyodo.
A rota de voo até à ilha do Pacífico indicava que os projéteis norte-coreanos, usados no plano de ataque a Guam, teriam de sobrevoar várias prefeituras japonesas, o que fez Tóquio elevar o alerta e destacar dispositivos antimísseis nessas zonas.
De recordar que a escalada nas ameaças e nas palavras aconteceu depois de Donald Trump ter prometido atingir a Coreia do Norte com "fogo e fúria", caso o país não reduzisse o tom das ameaças. Antes, no mesmo dia, o Washington Post revelava um documento confidencial dos serviços de informações norte-americanos, onde se admitia a hipótese de Pyongyang estar a postos para integrar bombas nucleares em ogivas de mísseis balísiticos.
Precisamente, os contínuos testes de mísseis do regime de Kim Jong-un este ano - incluindo o lançamento de dois mísseis intercontinentais em julho - aumentaram a tensão e endureceram a retórica de Washington, com a administração Trump a insinuar a possibilidade de realizar ataques preventivos contra Pyongyang.
c/ Lusa
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