A polícia angolana admite o rapto de cidadãos, para obtenção de resgates, como nova prática criminal que está a afetar a capital, Luanda, fenómeno relacionado com a profunda crise que o país atravessa.
De acordo com informação transmitida hoje pelo diretor provincial de Luanda da Polícia de Ordem Pública, superintendente-chefe Mateus André, trata-se de "um novo fenómeno", em que só "nos últimos dias" foram conhecidas "três situações".
"Começou com cidadãos de nacionalidade chinesa que procediam ao rapto de cidadãos da mesma nacionalidade, com algum poder económico e financeiro, e que depois negociavam um resgate", explicou o oficial da Polícia Nacional, durante um debate emitido hoje pela rádio pública angolana.
No mês de abril foram conhecidos raptos por homens armados, em Luanda, de um cidadão de dupla nacionalidade, belga e libanês, que foi libertado em troca de dinheiro, e também de dois chineses e um francês.
Ainda assim, Mateus André refutou que os estrangeiros sejam um alvo da criminalidade violenta em Luanda, sendo este novo fenómeno de raptos um resultado da crise.
"Conseguimos desarticular totalmente esta organização [envolvendo criminosos de nacionalidade chinesa]. Entretanto, o processo permitiu que recrutassem determinados nacionais, que foram dando continuidade a este fenómeno", apontou.
O diretor provincial da Polícia de Ordem Pública recordou ainda que em 2014 e 2015 a maior preocupação das autoridades prendia-se com os roubos "à saída e entrada" dos bancos, que rendiam "valores avultadíssimos", em dólares ou kwanzas.
No entanto, devido à crise e à falta de divisas no país, na última semana este tipo de roubo terá rendido "menos de 1.000 dólares", pouco para "quem já roubava cento e tal mil dólares", sublinhou o superintendente-chefe Mateus André.
No último mês há ainda registo do homicídio violento de três portugueses em Luanda, entre os quais um casal morto a tiro à frente do filho, casos que segundo a polícia estão em investigação.
PVJ // VM - Lusa
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