A capital chinesa, Pequim, é mais conhecida pelo seu absurdo nível de poluição atmosférica e por ocasionais tempestades de areia. Mas a sua maior ameaça ambiental encontra-se na realidade no subsolo: a cidade está a afundar-se.
A excessiva extracção de água dos lençóis subterrâneos de Pequim está a provocar um colapso geológico do subsolo da cidade, cuja secagem está a provocar a compactação e abatimento do terreno urbano.
A situação é agravada pela excessiva construção de arranha-céus, cuja magnitude e número começam a fazer sentir o seu peso no solo da cidade, que assiste a um boom imobiliário desde a década de 90.
Segundo o jornal britânico The Guardian, toda a cidade está a afundar-se, mas o efeito é mais significativo em Chaoyang, o bairro financeiro da capital chinesa, que está a afundar 11 cm por ano.
O fenómeno, que coloca em risco os mais de 20 milhões de habitantes da cidade, foi descrito num estudo publicado este mês na revista científica Remote Sensing,
A equipa de investigadores usou dados do InSAR, um sistema especial de radar que usa imagens de satélite para avaliar os níveis de deformação da superfície terrestre e monitorizar possíveis desastres naturais como terramotos e deslizamentos de terras.
O engenheiro espanhol Roberto Tomas e os cientistas chineses Li Xiaojuan e Chen Mi, três dos autores do estudo, explicaram ao The Guardian que Pequim está localizada sobre uma planície seca, cujo lençol freático se acumulou ao longo de milénios.
“À medida que a água é bombeada, o lençol freático diminui e o solo comprime-se, diminuindo de volume, como se fosse uma esponja seca“, explicam os cientistas.
“Estamos agora a fazer uma análise detalhada do impacto do afundamento do solo na planície de Pequim — por exemplo, na infra-estrutura ferroviária crítica da cidade”, adiantam os investigadores.
Segundo o jornal espanhol El Mundo, o afundamento de Pequim foi documentado pela primeira vez em 1935, e desde então diversos estudos relacionaram o colapso das terras com a bombagem de água do subsolo.
Um desses estudos, em 2015, recomendava mesmo que mesmo que, para evitar possíveis impactos dramáticos – como descarrilamentos de comboios – fosse proibida a construção de poços de água nas proximidades das linhas de caminho de ferro.
Mas essa é uma recomendação muito difícil de implementar numa região que atravessa uma grave crise hídrica e cuja população sofre com a escassez do precioso líquido que corre sob os seus pés.
AJB, ZAP
Nenhum comentário:
Postar um comentário