O
papa Francisco rezou hoje, em silêncio, e depositou flores junto ao memorial
que recorda as vítimas do genocídio arménio de 1915-17, no início do segundo
dia da sua visita à Arménia.
Francisco
chegou ao local com o patriarca da Igreja arménia, Karekin II, e os dois foram
recebidos pelo Presidente da República, Serge Sargsián.
Inaugurado
em 1967, o memorial fica numa colina da capital da Arménia (Erevan) e conta
ainda com um museu sobre o genocídio.
O
espaço recorda o milhão e meios de arménios que, segundo estimativas, morreram
entre 1915 e 1917 vítimas do Império Otomano.
Os
arménios tentam há décadas que os massacres de 1915-17 sejam reconhecidos
internacionalmente como genocídio, termo que a Turquia rejeita, garantindo que
se tratou de uma tragédia coletiva durante a qual morreu um igual número de
turcos e arménios.
Apenas
cerca de 30 países reconheceram até hoje que os arménios foram vítimas de
genocídio.
Na
sexta-feira, na capital da Arménia, Francisco condenou "o genocídio"
dos arménios há um século pelas forças do Império Otomano, pronunciando pela
segunda vez a palavra considerada inaceitável pela Turquia.
"Esta
tragédia, este genocídio marcou infelizmente o início da triste série das
grandes catástrofes do último século", disse o papa no palácio
presidencial, dirigindo-se ao chefe de Estado, Serge Sarkissian, à classe
política e ao corpo diplomático.
A
palavra genocídio, que não aparecia no texto distribuído previamente, foi
pronunciada pela primeira vez no Vaticano por Francisco em abril de 2015,
desencadeando a fúria de Ancara.
"Estes
terríveis desastres do último século foram possíveis devido a aberrantes
motivações raciais, ideológicas ou religiosas, que toldaram o espírito dos
carrascos a ponto de eles terem fixado o objetivo de aniquilar um povo
inteiro", criticou Francisco.
"Tendo
diante dos nossos olhos os nefastos resultados a que conduziram, no século
passado, o ódio, o preconceito e o desejo desenfreado de dominação, espero
sinceramente que a humanidade a partir destas trágicas experiências tenha
aprendido a agir com responsabilidade e sabedoria para evitar os perigos de se
voltar a cair em tais horrores", sublinhou.
A
23 de abril, a Igreja arménia canonizou 1,5 milhões de arménios massacrados
pelos turcos otomanos durante a Primeira Guerra Mundial. A cerimónia foi
considerada a maior canonização da história.
O
papa Francisco iniciou na sexta-feira ma visita à Arménia, considerada como o
primeiro Estado a ter adotado o cristianismo, no início do século IV.
Fonte:
Lusa
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