Bom dia. Em 20, amanhã, as Falintil, em Timor-Leste, comemoram 41 anos da sua fundação. Resistência patriótica que queremos homenagear. Viva as Falintil e vivam os bravos heróis timorenses! Viva Timor-Leste!
Hoje é sexta-feira e não é dia 13. Que sorte. Para os crentes no diabo e associados, nas bruxas e nos azares, hoje não precisam de bater na madeira. Deixem a madeira em paz. Mas lembrem-se da Madeira. Um milhar de deslocados, imensos que ficaram sem casas. O governo regional está a tratar do assunto rapidamente. Parece que no continente há quem deva aprender com Miguel Albuquerque, presidente daquele governo. É PSD, e depois. Aqui não se deixa de elogiar quem sabe da poda e serve como deve a coisa pública, tendo por prioridade as pessoas. Boa Miguel. Já agora vê se atiras com o desnaturado e suposto social-democrata Passos para um qualquer partido neoliberal-fascista da Europa. Cá ele está a mais. O PSD está com a imagem toda faralhada à conta desses traidores, vendidos e imbecis que se apoderaram do PSD. E de Portugal, por quatro anos.
A cafeína do Curto de hoje é do jornalista Valdemar Cruz, do Expresso. Vamos ver se o Expresso arrepia caminho e não entrega o Curto só aos diretores disto, daquilo e de nada. Nós gostamos dos jornalistas, só jornalistas, caramba! É que esses, mais que os diretores e preferidos do tio Balsemão – figurativamente, porque há lá mais quem puxe os cordéis nas sombras da manipulação e do fazer-cabeças, da propaganda - podem conhecer melhor as realidades e não estarem tão de colarinhos brancos e engravatados... O Valdemar refere “arrastões noticiosos”. Pois são. Parece que na comunicação social acamparam os tipos com muito jeito e canudos universitários para a publicidade que convence esquimós a comprarem frigoríficos, os carecas a comprarem pentes e escovas para o cabelo que não têm. Assim como os habitantes de países tropicais em que a temperatura ambiente nunca desce mais que dos 18º, a comprarem caloríferos. E fogões a gás ou a eletricidade, dos sofisticados, aos nómadas no deserto do Sahara. Pois. São esses que fazem as cabeças às pessoas, que não sendo estúpidas acabam por ficar mais que estúpidas. Vai daí lêem só o Correio da Manha e outros tablóides, sem visitarem a informação alternativa. Pois é Valdemar, o jornalismo é o que é e atualmente o que era já não é. Até parece que leram todos pela mesma cartilha.
Basta. Um adeus e bom fim-de-semana para todos. Não esqueçam que em 20, amanhã, é o Dia das Falintil, em Timor-Leste. Fundada há 41 anos. A resistência ao gigante criminoso da região, a Indonésia. Pode saber mais sobre Timor-Leste no Timor Agora, nosso parceiro. Vá até lá. Não se assuste com textos em tétum se não sabe a língua nacional timorense. Repare no topo direito do Timor Agora e tem lá dispositivo que uma vez clicado o passa para os textos em português. Convidamos a que o faça porque não podemos trazer tudo para o Página Global, por falta de tempo e devido às limitações da equipa. E as férias.
O dia de praia hoje é diferente, mas ameno. Chovem borrifos. Está fresco mas bom e a água está um mimo. O Oceano Atlântico está fixe. Já experimentei e adorei. Vá lá. Pois.
Não deixe de ler o Curto de hoje. Sempre há o que interessa saber ou esclarecer melhor por via de links que contem.
Propaganda, é sobre isso que o jornalista Valdemar abre o Curto. Não tem açúcar mas tem realismo e afeto.
Bye, bye.
Mário Motta / PG
Bom dia, este é o seu Expresso Curto
Valdemar Cruz – Expresso
A última imagem e o próximo combate
Rapaz numa ambulância. O estupor provocado por uma imagem, um só retrato, uma só punhalada nas certezas acomodadas, pode ter um efeito demolidor. A repetição até a náusea dessa imagem arrasadora, nas televisões, nos jornais, nas redes sociais, mesmo se aparentemente inevitável numa sociedade cada vez mais dependente da mediatização dos acontecimentos, tem um reverso perigoso e para o qual cada vez será mais difícil encontrar antídotos. Assistimos à banalização de uma dor incomensurável e impossível de reduzir a uma imagem cujo significado corre o risco de se esgotar na emoção do momento, até a próxima criança, até a próxima imagem, até o próximo combate do qual resulte mais um olhar desesperado, mais um rosto a rasgar a sensibilidade das consciências. E essa é, também,uma das gritantes e deploráveis hipocrisias associadas a estes arrastões noticiosos, sobretudo quando abafam a complexidade dos conflitos onde são gerados. A Síria é hoje palco de uma guerra onde se confrontam demasiados poderes e interesses para que seja possível assumir, sem a questionar, a sempre eficaz, mas simplista, divisão entre os inquestionavelmente bons e os definitivamente maus. Como se vê, de resto, pelas hesitações dos EUA, que ora diabolizam o papel da Rússia no apoio (constante, antigo) a Assad, ora colaboram com as forças armadas russas na tentativa de desalojar o chamado Estado Islâmico. O que se passa na Síria é uma batalha longa e cruel, na qual estão envolvidas o exército sírio e milícias do Hezbollah, uma amálgama de grupos terroristas colocados na órbita do Daesh, brigadas com ligações à al-Qaeda, outros grupos islamistas, milícias curdas que controlam algumas áreas no Norte do país e ainda outros grupos apoiados pelos EUA e vários países europeus. No meio disto tudo é preciso contar ainda com os interesses da Turquia, que combate os curdos, que por sua vez combatem o Daesh, do Irão, da Arábia Saudita, do Qatar ou da Jordânia. O olhar perdido no infinito de um rapaz sentado numa ambulância é um olhar acusador. Verbaliza, mesmo se em silêncio, o horror da guerra. O olhar perdido no infinito de um rapaz sentado numa ambulância é o olhar onde se escondem os olhares perdidos no infinito de milhares e milhares de crianças cujo rosto não vemos, às quais as ambulâncias não chegam, nem o olho das objetivas captam. Estão longe, estão perdidas, estão a morrer em silêncio. Mas existem. Em todos os lados de todos os conflitos
OUTRAS NOTÍCIAS
Através do JN ficamos a saber que dezenas de paróquias foram instadas pela Autoridade Tributária e Aduaneira a pagar o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI). A ação do Fisco incide sobreresidências paroquiais, salas de catequeses, conventos e largos existentes frente às igrejas. Cá está uma questão com todo o potencial para se tornar polémica, desde logo devido às determinações da Concordata com a Santa Sé celebrada pelo estado Português, segundo a qual estão isentos de qualquer imposto ou contribuição geral, regional ou local os lugares de culto ou as instalações de apoio direto e exclusivo às atividades com fins religiosos. Está uma residência paroquial nessas condições? E o adro de uma igreja? E um convento?
O congresso do MPLA continua a dar muito que falar… em Portugal. O que alguns articulistas pensam sobre o tema pode ser medido pelas opiniões de Ricardo Costa, Nicolau Santos ou Henrique Monteiro. Com exceção do Bloco de Esquerda, todos os grandes partidos portugueses estão representados no conclave, mas foi a partir do CDS que se libertaram maiores ondas de choque, com Assunção Cistas a manter as distâncias em relação à aproximação angolana de Paulo Portas e a demarcar-se das declarações do deputado Hélder Amaral, segundo o qual o CDS e o MPLA “têm hoje muitos pontos em comum”.
A nomeação de novos administradores para a Caixa geral de Depósitos continua um grande imbróglio. A pergunta, pertinente, deixada no Expresso Diário é: Quem vai ser afinal a administração da CGD?. O Público de hoje garante que o BE e o PCP estão contra as mudanças na lei que permitiriam ao Governo desbloquear a situação. O Negócios assegura que o Governo abdica de 19 administradores, além de que a decisão do Banco Central Europeu sobre a acumulação de cargos e sobre a separação de funções de presidente executivo e não executivo poderá fazer escola na restante banca.
Afinal era tudo mentira. A polícia brasileira confirma que o alegado assalto de que teriam sido vítimas quatro nadadores norte-americanos no Rio de Janeiro, durante a madrugada de domingo, nunca existiu. O que aconteceu é bem diferente e, segundo a versão mais credível agora divulgada, os atletas Ryan Lochte, Gunnar Bentze, Jack Conger e James Feign saíram de uma festa já ia alta a madrugada, entraram num táxi e quiseram parar numa bomba de gasolina para usar os lavabos. Lá dentro tudo terá dado para o torto. Os jovens nadadores provocaram vários estragos na gasolineira, envolveram-se com os empregados, foram obrigados a pagar os prejuízos e regressaram sãos e salvos à Aldeia Olímpica com todos os seus pertences, como de resto o comprovam as câmaras vídeo. A polícia ainda conseguiu impedir que Bentze e Conger seguissem para os EUA, ao contrário do que aconteceu com Lochte. As investigações posseguem. O Comité Olímpico norte-americano já pediu desculpa às autoridades brasileiras.
Quem matou Federico Garcia Lorca? Passaram ontem 80 anos sobre o fuzilamento do poeta nos arredores de Granada. Quatro décadas depois, a identidade dos assassinos, membros das forças leais ao sublevado Francisco Franco, continua um mistério. Têm sido muitas as investigações, mas sem resultados objetivos. Uma juíza argentina, Maria Servini, decidiu agora relançar um inquérito às circunstâncias em que ocorreu a morte do autor de “Bodas de Sangre” na madrugada de 18 de agosto de 1936. Um antigo militar, Antonio Benavides, chegou a reivindicar ter sido ele próprio a cravar duas balas na cabeça de Federico Garcia Lorca.
Quem sabe do negócio é JK Rowling. Depois dos milhões, muitos, ganhos com a saga Harry Potter, a autora britânica volta a atacar e de uma forma muito inteligente, diga-se. Como decidira colocar um ponto final na série de aventuras HP, decidiu agora criar um conjunto de histórias curtas, destinadas a ebooks, baseadas nas personagens da Hogwarts Scholl of Witchcraft and Wizadry.Os ebooks irão estar disponíveis no sítio web da Pottermore. Trata-se da última extensão do inesgotável mundo Harry Potter, com sete livros, oito filmes, três parques de atrações e a sempre esgotada peça em cena em Londres, "Harry Potter and the Cursed Child".
No futebol luso terminou a novela Rafa. O até agora jogador do Braga afinal não vai para o Zenith, nem para o FC Porto, que alguns jornais desportivos asseguravam ser o clube do seu coração. Ruma ao Benfica. Ou mudou de coração, ou as inclinações do seu coração eram exageradas.
Teria preferido dar um destaque de abertura a esta notícia. Como assim não aconteceu, vai a fechar. O homem voa. Se não voa, dá-nos a sensação de poder voar, e nós com ele. Basta fechar os olhos e libertar a imaginação, acompanhar aquele sorriso permanente e olhar para a meta. Já está. Já lá estamos. Na madrugada de hoje em Portugal, Usain Bolt voltou a ser feliz. Venceu a final dos 200 metros nos Jogos Olímpicos. Queria bater o seu próprio recorde do mundo, mas o corpo não lhe fez a vontade. Pela primeira vez na sua carreira, na final não melhorou a marca obtida no dia anterior. No próximo domingo, Bolt cumprirá 30 anos
FRASES
“Na reta, o corpo não me respondeu. Estou a ficar velho”. Usain Bolt, atleta jamaicano, após a conquista do ouro na final dos 200 m no Rio de Janeiro no El País
"Devia haver uma verdadeira auditoria à capacidade de resposta da linha Saúde 24. (...).Se houver mais médicos de família, com menos utentes por lista e horários desfasados nos Centros de Saúde, o problema (das falsas urgências) resolve-se. Mas temos médicos de família a emigrar". José Manuel Silva, bastonário da Ordem dos Médicos na SIC Notícias
“O politicamente correto lixou-nos a todos”. Valter Hugo Mãe,escritor, no DN
“Como todos sabemos, quem leva a vida mais privilegiada em Portugal são os ciganos. Tanto nas tascas como na televisão, importantes cientistas sociais informam-nos que a generalidade dos ciganos vive à conta de benesses do estado. Deve ser um modelo delicioso de viver e, o entanto, é inacessível a Ricardo Salgado”.Ricardo Araújo Pereira na Visão.
“O fenómeno do terrorismo islamita, ou do Estado Islâmico, não é um fenómeno que nos tenha chegado com os refugiados”. Ângela Merkel, chanceler da Alemanha, num ação de campanha da Democracia Cristã no Guardian
“Eu era muito bom assassino. Sou bom para o crime”. John Jairo Velasques-Popeye, ex-sicário de Pablo Escobar, assassino a sangue frio de perto de 300 pessoas no Público (Espanha)
O QUE ANDO A LER, A VER E A OUVIR
Não há como os Jogos Olímpicos para recuperarmos a imagem dagloriosa diversidade do mundo. Conseguiremos imaginar, por exemplo, quantas línguas se falam na Aldeia Olímpica? Teremos a noção de que em todo o mundo são faladas 7 097 línguas? A Ásia é o continente com mais línguas recenseadas: 2 296. A Europa é o continente com menor diversidade linguística. Ainda assim regista 287 línguas diferentes, das quais 52 estão a desaparecer. Surpreendente, não?
Pensei nisso durante a leitura de “Through the language glass – Why the world looks different in other languages”, do linguísta Guy Deutscher. Tentemos ser breves, apesar de a questão ser vasta e fascinante. Provocatório, mas muito inteligente, o livro parte de uma questão central: a língua que falamos afeta o modo como pensamos? Conseguirá um falante de qualquer uma das 832 línguas faladas no reduzido território da Papua Nova Guiné, por exemplo, desenvolver raciocínios tão elaborados como, digamos, um berlinense? Ou sabia que em muitas línguas não existem palavras para nomear o que consideramos cores básicas? Ou ainda que, noutras, não há distinção entre masculino e feminino? As respostas são surpreendentes, às vezes polémicas, em particular quando tendemos a considerar umas línguas mais primitivas que outras. E se, como diz Deutscher, por primitivo pensamos em algo tão rudimentar como “eu dormir aqui” – ou seja, uma língua com apenas algumas centenas de palavras e sem os meios gramaticais capazes de expressar as nuances mais subtis – então é um simples facto empírico que nenhuma língua natural é primitiva. Já foram estudadas em profundidade centenas de línguas das tribos mais simples e nenhuma delas está no nível de “eu dormir aqui”, mais próprio dos filmes de Hollywood, ao estilo “me Tarzan, you Jane”. Isso não existe. O que não significa que todas as línguas sejam igualmente complexas, e muito menos que a complexidade gramatical seja um exclusivo das sociedades mais avançadas.
Carregado de humor, o livro abre com uma deliciosa anedota sobre o Imperador Carlos V, rei de Espanha, arquiduque da Áustria e fluente em várias línguas europeias. Segundo proclamava, falava espanhol com Deus, italiano com as mulheres, francês com os homens, e alemão com o seu cavalo.
Mudemos de pista. Tem como assente que não gosta de ópera? Pior, está convencido que não percebe nada de ópera? Pior ainda, crê que a ópera é um monumental aborrecimento?Então não pode perder a série de documentários “Isto é Ópera”, aos sábados à noite na RTP 2. Comece por procurar o do passado sábado, dedicado a “Pagliacci”, de Rugero Leoncavallo, ainda disponível no cabo, e verá como vai viver uma experiência única e entrar num mundo novo, de tão surpreendente e cativante. Tudo graças à inteligência, à sensibilidade, ao humor, ao bom gosto de Ramon Gener, o ex-barítono e pianista espanhol responsável pela série. Construída a partir de abordagens inesperadas, com conexões improváveis, mas geniais, leva-nos às cidades, aos mistérios, aos bastidores, às idiossincrasias dos compositores, aos matizes das personagens, aos segredos das grandes óperas. No Youtube estão disponíveis muitos episódios em castelhano. Experimente ver, por exemplo, o dedicado a Turandot, de Puccini, e perceba como a partir de uma noite de janeiro de 1980 a célebre ária “Nessun Dorma” ficou para sempre associada a um nome: Luciano Pavorotti.
Termino ainda na música, embora com outro registo. É uma descoberta recente e tem sido a minha banda sonora dos últimos dias.Ouça em recato, porque há algo de sublime na emocionante voz da também flautista belga Melanie de Biasio, como se percebe neste concerto de rara sensibilidade, ou aqui, numa apresentação ao vivo de um dos seus grandes temas: I’m gonna leave you.
Também eu estou de partida. Tenha um bom dia, se possível na companhia do Expresso on line, e, mais logo, do Expresso Diário.
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